3. Dia de praia

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John levou Rae e Eleanor até a praia, e elas amaram, o sol estava muito quente como qualquer época em Miami e não seria fácil andar quase um quilômetro.
Quando chegaram, Jane estava deitada sobre uma toalha debaixo de um guarda-sol tomando água de coco, ela era uma garota alta e magra, sua pele era bronzeada e seus cabelos eram castanhos e cacheados.

─ Vocês estavam fazendo o quê? Demoraram tanto que achei que não viriam mais.

─ Não estávamos fazendo nada, você que está muito apressada. ─ Rae respondeu deixando suas coisas na areia.

─ Sentem aí. Já mandei trazer mais duas água de coco para vocês.

As águas de coco chegaram em instantes, e quando Eleanor e Rae foram pegar, acabaram pegando a mesma e isso fez com que suas mãos se tocassem. Elas se encaram e soltaram as mãos rapidamente.

─ Pode pegar primeiro. ─ Rae disse sorrindo sem graça.

─ Tudo bem. ─ Eleanor pegou.

─ Vou tomar a minha daqui a pouco, eu preciso ir mergulhar.

─ Não demora muito, se não eu vou tomar ela. ─ Jane disse.

─ Dentro de dez minutos estou de volta. ─ Rae disse, tirou o vestido e depois correu para o mar, Eleanor não a olhou, estava concentrada no canudinho da água de coco.

─ Eu vi aquilo, ok.

─ O quê?

─ Vocês duas.

─ Eu e Rae?

─ Não, você e a Beyoncé. ─ Jane disse sarcástica. ─ Não se faça de boba. Por que vocês duas ficaram desconcertadas só de se encostarem?

─ Eu não sei.

─ Foi a primeira vez?

─ Não, tem acontecido há umas semanas.

─ O que você sente quando isso acontece?

─ Eu não sei explicar.

─ Você gosta dela. ─ Jane afirmou.

─ O quê? Não, não.

─ Você não assumiu isso ainda, mas você gosta, eu percebi isso. Você não a olha mais como antes. Como há um ano e meio, quando ela se mudou para cá.

─ Se eu estiver gostando, não conte a ela por favor.

─ Não vou contar, mas então você está gostando?

─ Não sei. Mas e se eu estiver? O que eu faço? Ela é minha amiga e o pior, ela é uma menina. ─ Eleanor olhou para o mar, ele estava calmo, mas não via sinal de Rae.

─ Isso não é um problema, nenhuma dessas duas coisas são. Sua mãe vai compreender.

─ A terceira é a pior, ela se tornou minha meio-irmã. Sabe o cara que minha mãe saía e não me falava quem era? Bem, era o John, pai da Rae.

─ Não acredito! ─ Jane estava sem palavras. ─ Isso explica muita coisa, a mudança de casa da Rae e o porquê do pai dela não deixar você ir lá. Seria a sua casa do futuro, e uma surpresa. Mas e aí? Como tem reagido a tudo isso?

─ Em relação ao ambiente, já estou me adaptando, e amando, porque a casa é enorme e moderna. Mas sobre Rae ser minha meio─irmã eu não gostei.

─ Por quê? É bom que você pode ficar perto dela.

─ Mas eu fico nervosa quando estamos perto e isso dificulta tudo, isso não devia estar acontecendo. Na verdade, nada era para estar acontecendo. Minha cabeça está uma bagunça.

─ Eu te entendo, mas não fique mal. É normal acontecer isso, pessoas se apaixonam e está tudo bem.
E eu acho que ela também gosta de você, se não gostasse, não estaria acontecendo tudo isso.

─ Eu não sei. Às vezes parece que sim, ou não. E se que ela estiver me testando? Testando minha orientação?

─ O quê? Ah, Eleanor. ─ Jane suspirou. ─ Isso é muito sério, ela nunca faria isso. É coisa da sua cabeça.

─ Eu gostaria que fosse.

─ É claro que é. Ela nunca faria isso.

Eleanor e Jane mudaram de assunto, quando viram que Rae se aproximava acompanhada por um garoto de cabelos loiros e olhos verdes.

─ Olá meninas. Esse é o Mike, estamos jogando vôlei. Querem vir também?

─ Não. Esporte não é para mim. ─ Jane respondeu.

─ E você, Elea?

─ Não estou afim. ─ Eleanor tentou não deixar visível seu ciúmes que começava a surgir.

─ Então vamos lá Rae. ─ Mike disse sorrindo e Eleanor teve a vontade repentina de batê-lo.

─ Você não vai com ele. ─ Eleanor levantou, e segurou fortemente o braço de Rae.

─ Está me machucando, Eleanor. Me solta. ─ Rae disse nervosa.

Eleanor soltou Rae e pegou sua bolsa.

─ Até mais, Jane. ─ Olhou uma última vez para Rae e saiu da praia chorando. Chorando por ter agido daquela forma e por estar sentindo coisas que não queria. Ela estava apaixonada, tinha certeza e se odiava por isso. Odiava ter que lidar com vários sentimentos se uma vez só, tudo a atingia como uma flecha no peito.

Chamou um táxi e em cinco minutos já estava em casa, que por sorte não havia ninguém.
Subiu as escadas para o seu quarto e quando chegou se jogou na cama a chorar. Chorou por muito tempo em posição fetal, até sua cabeça doer e depois se levantou para ir tomar banho.

Assim que ligou o chuveiro escutou batidas na porta, seguida pela voz de Rae.

─ Eleanor. Posso entrar?

─ Sim.

Eleanor estava com o boxe fechado, mas ainda viu a silhueta de Rae se sentar no chão.

─ Você está bem?

─ Estou.

─ Por que agiu daquela forma? Eu te fiz algo?

─ Não fez, Rae. Só não fui com a cara daquele garoto.

─ Eu percebi. Me desculpa.

─ Não precisa se desculpar, você não teve culpa. Eu sim, eu te machuquei.

─ Não, não machucou.

─ Mas eu ia se não tivesse falado. ─ Eleanor desligou o chuveiro, se enrolou na toalha e ficou escorada na parede, ainda com o boxe fechado. Algumas lágrimas começaram a surgir involuntariamente.

─ Eleanor, não chore. ─ Rae entrou no boxe e puxou Eleanor para um abraço. ─ Está tudo bem.

─ Não queria que isso estivesse acontecendo comigo. ─ Eleanor disse depois de se separarem.

─ Isso o quê?

─ Essa confusão em minha mente.

─ Eleanor, eu estou falando sério. Você deveria fazer uma terapia, e um acompanhamento psicológico. De um tempo para cá você não tem estado bem e isso me preocupa.

─ Me desculpa.

─ Não, não me peça desculpas por isso. Eu quero que você se cuide Eleanor, não gosto de te ver assim.

─ Eu vou me cuidar, não se preocupe.

─ É sério. Por favor, se cuide. ─ Rae abraçou Eleanor novamente.

─ Está bem.

─ Agora vai lá se vestir, vou fazer algo para a gente comer ok? ─ Rae pegou a mão de Eleanor e a puxou para fora do box.

─ Rae. ─ Eleanor a chamou e Rae a encarou. ─ Seus olhos são lindos.

─ Os seus também, Elea. ─ Rae disse sorrindo e Eleanor sorriu também.


A Filha do meu Padrasto Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora