Perda

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Teddy sentia uma dor de cabeça muito forte, ele não conseguia enxergar. Por quê eu não estou vendo nada? Ah, estou de olhos fechados. Teddy tentou abrir os olhos, mas era como se tivessem um chumbo em cada pálpebra. Com muito esforço ele conseguiu abrí-los. Sua visão estava embaçada e uma luz forte fez ele ter vontade de voltar a dormir. Algumas vozes abafadas foram ouvidas e sua mente começou a trabalhar mais rápido. Cléo! O garoto tentou se levantar, porém diversas mãos o seguraram junto a cama, ele se debateu e as vozes falavam palavras incompreensíveis para ele, Teddy sentiu uma pontada no braço e tornou a adormecer.

Alguns segundos depois, ou assim pareceu para Teddy, ele tornou a abrir os olhos, com menos dificuldade. Eles se acostumaram com a claridade e o garoto teve a possibilidade de identificar aonde estava. Com certeza o St. Mungus, era um quarto branco com tons de azul bem claro, a única coisa que quebrava os tons claros era uma poltrona vermelha e nela um homem exatamente igual a Harry estava sentado o observando.

-Que bom que acordou mais calmo. - disse ele em um tom baixo - Como se sente?

-T-Tio Thiago, onde está a Appo? - perguntou Teddy com a voz grogue. O mais velho se aproximou dele e sua mão foi ao encontro de seus cabelos.

-Está na sala de traumas, o feitiço daqueles comensais parecia ser simples mas causou diversos problemas em vocês dois.

-Mas ela se levantou depois de ser atingida.

-O feitiço age de formas diferentes em cada pessoa. - explicou ele, ao mesmo tempo que três mulheres e um homem entravam no quarto.

-Oh, querido, que bom que acordou. - disse Lílian se aproximando dele e acariciando seu rosto.

-Estávamos com Appoline, ela está melhorando, um pouco abalada, porém melhorando. - o tranquilizou Gina se sentando na cama.

Teddy assentiu e levantou os olhos para os padrinhos, Alexa se aproximando, os olhos azuis brilhando, ela beijou sua face. Mas Teddy não se sentia bem com nada, queria ficar sozinho, ali deitado no escuro, sem ter que se lembrar de nada, sem ter que se lembrar de Victorie, sem ter que se lembra de Cléo. O peito dele se apertava em resposta à menção ou pensamento daquele nome, o eterno sorriso moldado nos lábios da amiga, ela havia morrido e Teddy não havia conseguido impedir.

-Eu quero ficar sozinho, se não se importarem. - pediu ele se virando para o lado oposto que seus visitantes se encontravam.

Eles trocaram um olhar preocupado e aos poucos foram se retirando do quarto, quando a porta se fechou, ele finalmente pensou estar sozinho e suspirou pesarosamente. Ele deixara Cléo morrer, ele se focou mais em acabar com Greyback ao invés de proteger suas amigas, Appoline estava em uma sala de trauma por causa dele, disseram a ele que ela estava bem, porém Teddy sabia que ela estava longe daquilo, Appoline havia perdido a irmã e a culpa era somente dele.

-Não adianta ficar pensando nisso, Teddy, não vai te ajudar em nada.

Ele se virou e viu Harry sentado em uma cama vazia que ele não tinha notado. O padrinho o olhava com uma expressão paterna, que apenas ele, Thiago e Sirius conseguiam o proporcionar. Teddy não disse nada, apenas voltou a se virar para o outro lado.

-Teddy, você não pode simplesmente...

-O QUÊ? EU NÃO POSSO SIMPLESMENTE O QUÊ? - descontrolou-se o metamorfomago, Harry o encarou criticamente e lançou um feitiço na porta.

-Você não pode simplesmente ignorar o mundo, Teddy. Tem que encarar os seus problemas. Eu sei como você se sente.

-NÃO, O SENHOR NÃO SABE COMO EU ME SINTO. EU ACABEI DE PERDER A MELHOR AMIGA QUE EU PUDE TER E A CULPA É MINHA. - gritou ele, com lágrimas escapando-lhe pelos olhos.

-Eu sei como se sente, perdi amigos durante toda minha vida, vivi a infância sem meus pais...

-MAS ELES VOLTARAM, NÃO FOI? A CLÉO NÃO VAI VOLTAR! - berrou ele, depois caiu na cama novamente - Não vai voltar...

-Teddy, você tem que se acalmar. - disse Harry se aproximando do afilhado.

O garoto sentiu como se uma tempestade de neve tivesse atingido o quarto, ele começou a tremer e o queixo dele batia freneticamente. O homem mais velho se aproximou do afilhado o cobrindo até o pescoço.

-A curandeira disse que isso podia acontecer. - ele pegou uma poção azul na mesa de cabeceira - Abra a boca, Teddy. Você precisa beber isso, vai melhorar.

Ainda com o queixo batendo ele abriu a boca e Harry despejou a poção lentamente nela. Teddy engasgou.

-Ei vai com calma. - pediu Harry batendo nas costas dele, este não conseguindo dizer nada adormece nos lençóis brancos e macios do hospital

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-EU QUERO VER A MINHA IRMÃ! - gritou Appo quando finalmente acordou, as curandeiras tiveram que lançar um feitiço nela para que ficasse parada na cama, porém ela se descabelava de desespero. A porta da enfermaria se abriu e Sirius entrou junto com um curandeiro moreno.

-Querida, se acalme. - ele se aproximou da filha e a abraçou, as Curandeiras removeram o feitiço e a garota passou os braços pelo pescoço do pai em prantos.

-Pai... Eu... Não...Consegui.

-Ei, ei, ei, não precisa dizer nada. - ele a tranquilizou, passando as mãos pelos cabelos dela. - Você fez o que podia.

-Eu quero a minha irmã de volta. - chorou Appoline escondendo o rosto no ombro de Sirius.

-Eu sei que quer, meu amor. - lamentou o animago, uma lágrima solitária rolou pelo rosto dele - Eu também queria.

O silêncio foi quebrado pelo barulho da porta abrindo, com uma expressão desolada, um cabelo bagunçado, em uma mão um buquê de agapatos e na outra um copo de Milk-Shake, estava Saman. O olhar dele variou entre Sirius e Appo, Almofadinhas se afastou da menina e o garoto correu até ela deixando a bebida na mesinha ao lado e a tomou nos braços. Sussurrando coisas inaudíveis para Sirius no ouvido dela.

-Eu trouxe Milk-Shake de frutas vermelhas, seu pai disse que isso te animava quando era criança. - ele sorriu para o sogro, que surpreendentemente retribuiu. - E você sempre dizia que gostava muito de agapatos, são incomuns e resistem à maioria dos tipos climáticos isso me lembra você.

Ela não segurou as lágrimas e o puxou para um beijo rápido.

**********

Teddy sentiu um peso leve em suas pernas, o efeito da poção havia passado pois ele não se sentia mais com frio ou sonolento. Ele abriu os olhos e o ar lhe faltou quando viu Victorie Weasley com a cabeça deitada em suas coxas. Ela piscou repetidamente e levantou o olhar para o garoto. As duas safiras se estreitaram e brilharam, lágrimas prateadas escorreram pelo rosto bonito de Victorie.

-Teddy! - ela subiu na cama para dar-lhe um abraço quente e aconchegante.

-Victorie... - a raiva que ele sentia dela sumiu no momento em a cabeça do metamorfomago descansou em seus ombros.

E se eles voltassem 2-  A decisão final Where stories live. Discover now