Capítulo 3

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Athena entra na mansão de seus pais como um foguete, batendo portas e subindo ruidosamente para o quarto que ocupou nos primeiros dias na cidade. Sua cara de poucos amigos assusta a todos os empregados, que nem se preocupam em perguntar o que havia ocorrido, pois sabem muito bem do temperamento da caçula dos Machado, então melhor não se meterem.

Ela entra chutando a porta com força e arrancando a blusa manchada com aquela tinta grudenta.

- Eu vou matar esses babacas! - Grunhe ao se olhar no espelho e ver a mancha de tinta roxa em seus cabelos e rosto.

Vamos recapitular o que ocorreu mais cedo na universidade. Como sabemos, Athena chegou até animada e acabou conhecendo Bernardo, um rapaz alto, bonitão, mas com toda a pinta de gay do mundo. Ok, ela pode até está se precipitando, porém seu gaydar funciona muito bem para errar esse tipo de "diagnóstico", então pode dar 99,99% de certeza que ele é, no mínimo, bissexual.

Ambos se encaminharam para a faculdade de arquitetura e urbanismo e no caminho ela avistou uma morena que mexeu com ela, de uma forma que ela não entendeu bem, mas mexeu.

Athena ficou com a imagem da jovem mulher correndo pelo campus em sua cabeça, imagem essa que lhe acompanhou até mesmo durante a aula inaugural, ministrada pelo coordenador da faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, que foi hiper simpático e solícito ao responder as perguntas de alguns alunos.

Ao terminar o tal aulão, logo ela se dirigia com Bernardo para o mais desprezível momento de início de faculdade, o trote universitário. Apesar de detestar a ideia, ela já estava se convencendo que poderia ser divertido e que poderia passar por aquilo sem grandes problemas.

Grande engano de nossa querida Athena, pois, assim que se aproximou do local onde o "evento" de humilhação pública ocorria, viu seu amigo ser pego e arrastado para ter seus cabelos raspados sem pena e, quando observava tudo, recebeu um balde cheio de tinta em sua cara.

Athena ficou aturdida em um primeiro instante, logo em seguida assustada olhando em volta enquanto um bando de rapazes e moças riam e no fim foi bombardeada pela raiva devido a situação.

Sem pensar duas vezes, Athena focou sua visão no cara que lhe jogou a tinta em cima e ainda segurava o balde, delator de sua falta, e, sem pestanejar, lhe deu um belo murro na cara, o fazendo cambalear e cair sentado no chão, diante dos olhos de todos.

Ela não sabe mais o que ocorreu. Só se lembra de algumas pessoas gritando e alguém lhe agarrando por trás e arrastando para longe da multidão de veteranos e calouros e depois ela entrando em seu carro e disparando para casa de seus pais, onde tinha um compromisso com sua mãe.

Sua mãe sempre lhe disse que ela deveria agir como uma dama nas mais diversas situações, porém ela tem sangue em suas veias, sangue esse que foi temperado durante muitos anos pelos temperos espanhóis e ferve com pouco.

Não é a primeira vez que ela se mete em uma confusão como essa e, pelo visto não será a última, afinal, agora ela era mal vista pelos alunos do curso, mas "que se dane" ela pensou, afinal, agora vão pensar duas vezes antes de se meterem com ela.

Athena vai para o banho e se esmera em retirar todo o resquício de tinta em seu cabelo e corpo. Depois de mais de quarenta minutos debaixo de água, muito sabonete e shampoo, ela finalmente sai, indo até o closet e pegando uma roupa qualquer para vestir.

Ela desce as escadas, agora mais tranquila e vai em direção a sala de jantar, encontrando sua mãe, não muito contente, lhe esperando para almoçarem juntas. Athena olha rapidamente para a fisionomia da sua progenitora e se senta.

I Look To You... (Romance Lésbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora