Jantar

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A mulher ficou pálida quando eu mostrei as fotos. Eu tinha dito a ela que não precisava ver, que ela podia confiar em mim, que o conteúdo iria lhe tirar do sério. Mas ela quis ver.

Eu também iria querer, principalmente se tivesse pago quase mil reais por elas.

Ela começou a chorar aos soluços e eu tive vontade de abraçá-la, mas eu não fiz nada. Só fiquei reparando nas gotas de lágrima molharam de forma sublime o decote dela.

Ela reparou no cheiro de café, pediu uma dose dizendo que era pra se acalmar.

Quem toma café pra se acalmar? É como tentar apagar um incêndio com gasolina. Mas atendi ao pedido da bela moça com cabelos descoloridos.

Quando trouxe o café até ela coloquei a mão em seu ombro, uma investida e ao mesmo tempo um gesto de conforto. Não sei bem se uma mulher se sente confortável quando um homem estranho lhe toca, mas é o que tínhamos para aquele momento.

Elogiou o café. Agradeci.

Seus ombros caíram, o pescoço a mostra. Eu conheço essa técnica. Ela vai pedir desconto.

Ela mal sabia que eu poderia fazer o serviço de graça se ela pedisse com jeitinho. Bem, não de graça, em troca de "favores", se é que você me entende.

O ar estava quente e pesado. Ela começou a me encarar. Ela perguntou se não devia se vingar, sabe? Pagar com a mesma moeda. Expliquei pra ela que não faço "esse tipo de serviço", mas que podia indicar quem o fizesse.

Eu perdi minha deixa:

Ela colocou o dinheiro em cima da mesa. A outra metade.

Contei. Ela deu as costas e eu pensei em dizer alguma coisa. Oferecer apoio, perguntar se ela estava bem e se queria que eu a levasse em casa. Talvez oferecer alguma coisa para comer.

Mas eu não disse nada. E nada aconteceu.

Café & Cigarros (amostra)Where stories live. Discover now