Capítulo 11

395 51 6
                                    

Já era noite e Ryan ainda não conseguia dormir, pois ficara pensativo sobre como iria conquistar a sua amada em um mês. Desejava intensamente casar-se com ela, mas ainda não fazia ideia de como mudar seu pensamento.

Ele se recordava de todos os fatos que lhe ocorrera enquanto esteve desacordado numa cama de hospital e tudo permanecia sendo veraz para ele e nada do que acontecesse mudaria isso, portanto lhe surgiu um pensamento: E se ele a levasse para a empresa e a convidasse para sair? Talvez ela mudasse a primeira impressão que tinha dele.

Ryan, perturbado, por não conseguir descansar tranquilamente, afastou o lençol de si e se assentou na beirada do colchão. Observou a cômoda do lado da cama e abriu a primeira gaveta, vendo então a bíblia de capa preta com palavras em dourado nela, semi nova, coberta por um plástico guardando-a da poeira. Há quase dois anos e meio, ela permanecera ali dentro. Ele pegou o livro e o retirou de dentro do saco plástico transparente, abrindo-a em seguida. Na contra capa, releu uma dedicatória feita pelo seu pai.

Meu filho, é com muito carinho que te presenteio com este livro que irá guiá-lo em sua jornada nesta terra. Não presente melhor do que ter Deus no coração.

Com amor, Estevan Kent.

Ele leu aquilo e sorriu. Por mais que tivesse nascido no evangelho nunca havia confessado a Cristo como seu Senhor e Salvador até três anos antes de seus pais morrerem no trágico acidente. Depois que eles se foram, perdeu a esperança e a fé em Deus, descrendo de todas aquelas palavras, claro que, como eu já havia dito antes, apenas tal ocorrido fora o ápice de sua derrocada espiritual, mas guardara a Bíblia como uma recordação de seu querido e amado pai. Contudo, após ter tido a experiência com Deus, ele passou a sentir algo novo em seu coração, no qual somente precisava ser confessado com a boca para a salvação, novamente, porque em seu coração já o havia feito. Ryan folheou a Bíblia e sorriu ao se lembrar dos textos que presenciara em seu sonho.

— Berseba. Nunca me esquecerei disto — falou consigo e suspirou, observando a cortina balançar com a brisa que pairava ali. Morava em um ponto alto da cidade, sendo assim conseguia presenciar uma magnífica paisagem modificada, assim como as luzes acesas de postes nas rodovias, e os prédios circunvizinhos.

Ele pôs sua visão de volta à bíblia e se deparou com Eclesiastes 2.1-3:

Eu disse a mim mesmo: 'Pois bem, eu te farei experimentar o prazer em toda a sua intensidade e conhecer as grandes alegrias da vida!' Contudo, isso também se demonstrou algo inútil, mais uma vaidade. ²Só me fez concluir que do riso o que sobra é a tolice; e da alegria, o que resulta é o vazio. ³Então decidi entregar-me aos vinhos e à extravagância, procurando, entretanto, manter mente e coração sob a liderança da sabedoria. Eu desejava descobrir o que, de fato, vale a pena debaixo dos céus, durante esses poucos anos que um ser humano vive sobre a terra.

A mensagem o tocou de sobremaneira que o fez refletir novamente nas coisas, nos prazeres que ele tinha se debruçado. Não passavam de vaidades que o distanciaram ainda mais de Deus. Não bastou descrer e deixar a sabedoria, ao contrário de Salomão que ainda buscou estar sob ela; teve que desfrutar da concupiscência da carne, dos olhos e da soberba da vida¹, até Deus colocar uma serva dele em seu caminho, o fazendo olhar para a cruz mais uma vez para desfazer-se do pecado e deixar de carregar o vitupério de outrora.

Segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora