Capítulo 27 - FINAL

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As horas se passaram naquele domingo, e Melanie fizera questão de ter seu esposo em casa o dia inteiro. E, para que não houvesse alguma intercorrência, preferiu permanecer na habitação ao invés de ter que ir à igreja. Se ao menos ainda tivessem o carro, mas não tinham mais. Ela ansiava para que Ryan comprasse outro, mesmo que fosse bem mais simples do que o antigo, apenas para não se fazer necessário andar tanto e ter situações indesejadas como a de outrora.

Ryan ria das expressões de Melanie, porém ela estava preocupada por mais que a conversa tida tenha sido promissora. Encarava o marido e não conseguia se ver longe dele por nenhum instante sequer. Depois de haver ficado por tanto tempo distante dele, o que serviu para que ela descobrisse o sentimento que tinha a seu respeito, certamente não desejava deixá-lo ir nunca mais. A melhor coisa que poderia fazer naquele instante era orar, entregar nas mãos de Deus e ele sim iria entrar com providência para lidar com toda problemática que provinha do passado de seu amado.

Fez que ia ao banheiro e se trancou ali por alguns minutos. Então, num choramingar silencioso e desesperador, orou pedindo sabedoria e graça a Deus, pois nunca havia passado por algo como aquilo. Logo, necessitava de aconselhamento divino para não cometer bobagens. Não queria ser insensata; e as lágrimas que percorriam pela face aliviavam a pressão interior. Preferiu ser forte. Enxugou cada respingo e se encarou no espelho. Seu rosto se encontrava avermelhado pelo choro, mas ainda sim respirou fundo e se retirou para a cozinha de cabeça baixa a fim de preparar a janta.

Ryan estava na sala observando o pequeno Christian no carrinho e se divertindo junto a Matt num jogo de tabuleiro. Contudo seus pensamentos foram atraídos ao dia em que ele foi convidado por Thomaz a ministrar uma palavra aos jovens – havia sido convocado ao cargo de Orientador da mocidade local pouco tempo depois que Ryan o conhecera – onde Deus falara a seu coração sobre ser diferente, sobre Daniel e seus companheiros. Rejeitar iguarias não é tão fácil quando parece, mas se você tem um foco por que entristecer a Deus fazendo algo que é notório que irá contra um preceito divino? E Ryan sorriu com isso. Em seu psiquê, meditava o quanto Layla em outros tempos ainda teria algum poder sobre suas emoções, mas agora não. Quem se encontrava no controle era o Espírito Santo e ele sempre o fazia memorar de que havia alguém muito especial ao seu lado, muito melhor que qualquer manjar dado pelo inimigo.

— Ganhei! — Matt bradou devido a distração de Ryan que jogava as peças sem nem meditar o que fazia. Ficou boquiaberto ao ver o sorriso de seu cunhado por ter ganho o jogo.

— Okay. Bom, Matt você pode olhar Christian para mim? Preciso falar com sua irmã.

— Tudo bem. Ao menos posso ligar a TV?

— Desde que não assista qualquer coisa, pode sim. — O garoto sorriu e Ryan se retirou.

Matt já estava com 7 anos nessa época, próximo de fazer 8 anos e crescia com a sabedoria do alto e cada vez mais inteligente para a sua idade. Quanto aos estudos, podia não ser tão bom nos cálculos, mas noutras disciplinas ele mandava muito bem, mas nem um B o fazia estar cabisbaixo. Se encontrava feliz e agradecido com o que Deus havia proporcionado a eles.

Ryan, ao encontrar Melanie finalizando a Janta, pediu para que ela parasse o que fazia. Ela sem entender nada deixou de cortar as verduras e o encarou. E, antes que ela questionasse algo, ele a puxou para um beijo com bastante afago e proferiu que a amava.

— Eu também te amo, Ryan. Mas  conteceu alguma coisa? — questionou em meio aos risos.

— Apenas estava a meditar o quanto nunca fui merecedor de sua pessoa, porém sou grato a Deus por tê-la ao meu lado. — E a ameigou em seus braços. — Esse ensopado de verduras vai ficar maravilhoso — proferiu ao ver o que ela preparava.

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