Capítulo 18

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Por todo o percurso até o trabalho de Melanie, Carlton buscou manter um diálogo. Ela se sentia em um interrogatório duma perícia criminal, mas não se sentia incomodada, antes ria quase o tempo todo das reações dele ao que ela proferia. Claro que ela omitiu acerca de Ryan em boa parte de suas respostas, mas dentro de si admitiu que ele conseguiu interferir em muita coisa de sua simples vida em tão pouco tempo.

Carlton, por um instante, permaneceu sério ao perceber que Melanie escondia alguma coisa dele. Ela não quisera mencionar sobre sua condição financeira naquele instante, porquanto não desejava um olhar penoso de seu primo e nem que chegasse aos ouvidos de outros parentes. Limitava-se a dizer que estavam bem, que Matt estava indo bem na escola mesmo com suas dificuldades na matéria de cálculos, que o trabalho que ela fazia era promissor. Discordo eu de parte de suas palavras, mas não era tão pior do que passar fome. Ruim seria se não tivesse nenhuma quantia em mãos.

— Chegamos. — Olhou para o seu local de trabalho e deu um leve sorriso. — então é aqui... — E deixara as palavras no ar.

Melanie saiu do carro e Carlton havia feito menção de se retirar dali, mas por algum motivo ele desceu do carro e seguiu para a lanchonete, adentrando as portas e analisando o local. Melanie tinha adentrado o banheiro naquele instante a fim de por seu uniforme então ele aproveitou para chamar sua colega e lhe questionar sobre como ela se comportava no trabalho. A moça não deixara escapar nada quando soube que ele era seu primo. Ela era muito tagarela apesar de amistosa.

— Desculpe-me perguntar, mas qual é o salário que vocês recebem? Sei que isso é um tanto inconveniente...

— Certamente, senhor. Nesta parte prefiro não comentar a não ser que dar para sobreviver com ele — dissera.

— Obrigada mesmo assim. — Fez menção de sair quando viu Melanie se achegando, mas regressou e falou ao ouvido da moça para que ela não comentasse nada a respeito do que ele questionara. Ela assentiu.

— O que está fazendo aqui, Carlton? —  questionou, incrédula e bastante desconfiada.

— Fiquei curioso e vim observar como era o local, prima.

— Sei...

Ele se retirou, e logo ela questionou a sua colega sobre o que ele queria. Mas ela realmente omitiu tudo o que haviam conversado.

— O que ele disse: Observar o local. — Sorriu e se retirou para a bancada.

Quando deu seu horário de almoço, passado o turno matutino, ela ficou sem saber o que fazer diante de tanta clientela. De repente, inúmeras pessoas decidiram fazer sua refeição ali e, sendo assim, não tinha como ir para casa no horário de sempre. Coitado de Matt. Ele não sabia preparar nada. Se houvesse, quem sabe, ainda algumas torradas já seria o suficiente para aliviar a fome, porém ele havia comido todas e ficara na espera de que sua irmã fizesse ou trouxesse um novo prato para eles se saciarem. A maioria dos alimentos que haviam na casa devido a compra que Ryan tinha feito, após a outrora ida no hospital, não eram comestíveis de imediato. Exigiam um preparo. O garoto, mesmo com seu estômago reclamando, só podia esperar por ela.

Duas horas se passaram, desde então, e o dono a liberou. Ela pegou a marmita com a comida recém feita e saiu em disparada, como de praxe, para casa. Em sua mente, orava a Deus para que Matt estivesse bem, e ele se encontrava bem, muito bem, afinal fora até a vizinha que chegara de viagem e pedira que ela lhe preparasse a comida. A amável dona Anastácia que, com muito carinho, preparou tudo e ainda lhe presenteou com novas roupas e sapatos. De certo, que eram vestimentos já usadas, mas bem conservadas. Anastácia não teria tantas condições de dar-lhe tantas peças assim se fossem tiradas diretamente da loja. Matt se encontrava radiante e não via a hora para que a irmã chegasse e lhe mostrasse o que ganhara.

Segunda chanceWhere stories live. Discover now