Capítulo 21

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Cidade de Nova York
Verão de 2007

Iria fazer quase um ano que Ryan havia conhecido a Melanie e seu irmão. Nesse tempo, muitas coisas se sucederam:

Ryan já tinha perdido a linha de sucessão na corporação de seus pais e Otávio tinha iniciado uns bons empreendimentos, dando continuidade aos feitos de Ryan sob a bênção e com a sabedoria do alto. Burburinhos por toda empresa surgiram, após terem conhecimento de sua deixa. Ele não quis fazer um anúncio oficial com a presença de todos no auditório da empresa. Preferiu sair de mansinho, pois se sentia melhor agindo assim. Contudo, no fundo, os funcionários apreciavam o desempenho de seu chefe ainda que temessem serem despejados por qualquer incoerência. Poucos tinham noção de quem Ryan realmente era e o que ele havia se tornado, por isso tal medo; o que não significa que falhas no setor trabalhista não garantissem uma demissão. Clarke era uma das pessoas que mais admirava seu patrão. Ela sentiu sua falta, mas ao ver o perfil de Otávio percebera que as coisas não iriam sair dos trilhos antes administraria bem o legado dos Kent. E ela permaneceu como sua secretária.

— Otávio esteja bem atento as papeladas só para ter certeza de que ela não errou nada. — Foi o que ele dissera em sua despedida. Clarke esboçou desgosto ao ouvir Ryan dizer tais palavras, mas ele apenas queria perturbá-la propositadamente. Não havia sido por mal.

Ryan continuou a morar em seu apartamento e buscou se empregar para que não ficasse sem nada nos anos seguintes. Converteu em dinheiro as ações recebidas, mas achou por bem guardar toda a quantia e realmente ele iria precisar algum tempo depois.

Ficou sem ver a Melanie e Matt por todo este período, mas o amor que poderia ter se esfriado, ardia dentro de seu peito como um fogo que não se apaga. Ele tinha esperanças.

Já Melanie e Matt, sentiam-se mais felizes com a nova moradia que era um pouco maior do que onde eles viviam e possuía um andar. Os quartos ficavam na parte de cima e os demais cômodos em baixo. O lugar, de fato, era aconchegante.

Ela ainda continuou a trabalhar na lanchonete Beniveline por mais dois meses antes de ser contratada para a função de servente de uma confeitaria, mas, no tempo livre, servia de ajudante de confeiteiro de forma voluntária. A moça tinha jeito com coisas que envolviam receitas e apreciou o trabalho que o pessoal fazia. Ganhava bem, pela graça de Deus.

Quanto a Matt, por mais distante que ficasse da escola, continuou a terminar suas aulas tranquilamente e a diretora achou por bem deixá-lo finalizar os estudos antes de uma transferência escolar.

Carlton não permaneceu mais do que um mês junto a eles e, após esse tempo, retornou ao Canadá. Ele até disse que iria trazer a família para visitá-los numa próxima vez. Além disso, fez questão de dar novos móveis para serem postos na nova residência. Dentre os móveis, o que mais agradou Matt foi o colchão ortopédico recebido. Não afundava, e, apesar de ser um pouco duro, era bem confortável. Logo, não demorou a se acostumar.

— Ah, como eu amo essa cama! — dizia, abrindo uns braços como um anjinho. Melanie ria, mas também sentia o mesmo que ele.

— Realmente é melhor do que a antiga. Deus nos tem abençoado muito.

— Sim, maninha. Agora sabe o que nos falta?

— Não.

— Irmos à igreja. Eu quero ir a igreja, Mel! — E ela suspirou, assentindo.

Sabia que ele tinha razão. Ela até já havia visto uma quase em um quarteirão de onde moravam. Fazer uma visita não custava muita coisa. O menino a cobrava quase sempre e, devido as dificuldades, acabavam por não ir.

Segunda chanceWhere stories live. Discover now