Capítulo XI: Quebrando algumas leis e No seu pulso tem palavras não ditas

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Kara ficou de frente para a máquina.

Lentamente, ela ligou e acendeu os interruptores corretos, observando as luzes brilharem e a máquina acordar. Em silêncio ela a ouviu começando a zumbir pela primeira vez em todos aqueles três anos.

Com uma oração silenciosa para Rao e uma promessa que ela esperava cumprir para Lena, Kara virou o ultimo botão. Propulsão ligada. Ela fechou os olhos, caindo de joelhos automaticamente mais fraca enquanto a máquina pulsava ondas de Kryptonita contra ela. A instabilidade da máquina não foi tão longa, pois o que restava de sua superaudição enfraquecida conseguia ouvir o metal se rompendo.

A última coisa que Kara pensou enquanto a máquina explodia era em Lena. Muitos sentiriam sua falta se aquilo tudo desse errado, mas valia a pena o risco se fosse para ter a única que ela sentia falta de volta. Seus olhos fecharam ao sentir o impacto, mesmo que ainda pudesse ver o brilho da luz dourada da explosão através das suas pálpebras, embora fosse o verde dos olhos dela que a acompanharam no processo de sentir como se tudo passasse e ao mesmo tempo parasse.

E então não havia mais nada.

(...)

Não houve tempo de sentir medo ou vertigem, apenas aconteceu.

Kara estava caindo através de um túnel sem fim com nula noção de velocidade, mas ao contrário do que ela pudesse esperar não era a escuridão que a engolia, era algo dourado e áspero. Como se fosse a Kryptonita simbolizando o tempo ao seu redor, algo que ela perdeu completamente a noção enquanto caia.

Eventualmente, toda a sua essência acabou cercada por uma escuridão singular e apenas um único e pequeno ponto dourado de luz brilhava a sua frente. Kara ainda não sabia se estava consciente após a morte ou se sua ideia mirabolante havia mesmo funcionado.

Ela olhou para o próprio braço e viu aquele relógio, o mesmo que agora ela lembrava ter sido lhe dado por Lena em um elevador, sendo aquele braço que a puxava em direção à mancha de luz na sua frente. Então tudo passou mais devagar, quase em câmera lenta e Kara se viu voltando ao mundo real, apenas para tudo acelerar vertiginosamente e ela se ver em frente ao prédio arruinado da Luthor Corp.

De repente a escuridão se tornou algo hibrida, misturada à claridade em todo o céu, com tudo por fim virando um branco cegante. Kara ainda estava confusa, mas o branco logo começou a se torcer em formas diferentes até formar algo coerente novamente. Algumas imagens aleatórias apareceram na sua frente até que tudo se resumisse a imagem de um bebê no colo da mãe.

A cena toda voltou a ser frenética como antes e apenas algumas delas faziam algum sentido. Havia aquela bebê de olhos verdes e cabelos escuros sendo ninada nos braços da mãe. Havia a mesma garota, mais velha agora, sendo tirada de cima da própria mãe morta por um homem estranho. Então lá estava ela de novo, uma adolescente, chorando e agarrando-se ao seu pai, que se prostrava em uma cama de hospital. Em todas as cenas ela sabia que era Lena. Em todas as cenas havia tanta dor.

Kara observou quando tudo avançou outra vez e como Lena agora estava mais sozinha, chegando a sua vida adulta, seu semblante cansado enfrentando reuniões chatas após noites e noites no laboratório, até que Lena encontrou seu número do balcão. Foi quando ela passou a sorrir mais, olhar para o celular com expectativa e morder o lábio com carinho quando lia suas notas no seu escritório ou seu apartamento. Havia Lena olhando para ela em seu espelho. Ela chorando ao pensar que Kara estava feliz com Mon-El. Depois, Lena dizendo a Jess que iria para a National City. Kara não a reconhecendo. Lena de volta a Metrópoles conversando com uma agente do FBI e depois mandando uma mensagem para Lex ir vê-la. A cena seguinte era Lena no telhado, o que fez Kara soltar um grito de alerta mesmo sem saber se tinha como ser ouvida. Ainda assim, ela continuou gritando. Com mais e mais força. Desespero tomando conta de si enquanto ela esbravejava que saísse dali, fosse embora e corresse para mais longe possível da explosão. Ela implorou.

- Qual o seu nome? ⌛ supercorpWhere stories live. Discover now