Valáquia: A Idade Média Romena

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   Caos.

   Essa seria a definição do inferno naquele momento. E não era no modo figurativo.

  Os gritos das almas eram abafadas como os gritos de travesseiros de uma pessoa em agonia, mas eles estavam longe das celas. A horda de demônios, aqueles que sugam para si todo o pecado do ser humano sendo uma criatura das trevas refletida pela criação. Os demônios sugavam o peso de toda a criação divina e por isso eram tão perversos. Entretanto havia uma hierarquia. Assim como na terra, o inferno também havia seus lordes e príncipes, e dentre eles um príncipe organizava uma rebelião. 

— Tem certeza de que Miguel abrirá os portões? — Perguntou Macer, uma criatura desfigurada, com a pele acinzentada e orelhas pontudas ao líder que se aproximava lentamente para lhe responder. Os passos lembravam corrente por conta de suas botas enfeitadas.

— Absoluta. — Disse com aquela voz grave que assustava seus súditos demoníacos, a voz de um monstro temido e este usava trajes espalhafatosos de sua armadura grande e negra, com detalhes dourados e uma capa lustrosa, onde em sua cabeça uma coroa negra mostrava seu poder pelas terras infernais. carregava com ele sempre uma espada em suas mãos. O grande  e famoso conhecido pelos seus atos de sangue e amaldiçoado como senhor das moscas. Um dos mais poderosos príncipes do inferno, o grande demônio  Belzebu, príncipe da gula. E ele alimentava sua fome, esbanjando o sangue dos seus inimigos.

— Você não quer fazer isso irmão. — Disse Asmodeus, o demônio da luxúria, do outro lado bloqueando a passagem de todos. Asmodeus um ex-serafim dos céus e um dos anjos que caiu com Lúcifer, era irmão de Belzebu e tinha uma aparência exorbitante, com longos cabelos loiros e olhos castanhos claros. Mesmo com a aparência bonita e elegante o demônio da luxuria exalava trevas, seu casaco feito de névoa negras revelava o espírito da escuridão que emanava dele. — Lúcifer desejará sua morte como ninguém...

— Saia da frente, Asmodeus. — Pediu encarando friamente o demônio que prosseguiu no mesmo lugar.

— Você era seu braço direito... Tudo isso por causa de uma arcanja Belzebu? Ariel nem sequer lembra mais quem você é.

— Saia da frente... Asmodeus. — Suas palavras saíram rasgando em sua garganta, claramente com rancor nos olhos. Sua íris estava ficando arroxeada e brilhante... Alguém estava bastante zangado...

— Um dia... Se arrependerá Bel. E quando esse dia chegar... Que o diabo tenha misericórdia. 

  Foi seu veredito final. Asmodeus prosseguiu parado de frente para todos aqueles demônios enfurecidos, quando de repente os portões gigantescos de metais e ossos do inferno, se abriram como se um tornado de vento houvesse batido neles. Abriu com tanta força e velocidade, que nem foi necessário o comando de Belzebu para a retirada dos demônios. 

  Os mesmos correram em disparada e enfurecidos em direção aos portões, fazendo com que Asmodeus apenas sumisse na multidão, provavelmente retornando para seu líder.

  Os gritos dos demônios eram empolgantes. 

  Porém, Belzebu manteve a elegância prosseguindo calmamente em direção aos portões. Suas botas de espinhos e couro preto coninuavam o barulho enquanto caminhava. Sua armadura enaltecia seu corpo musculoso. E sua expressão séria e fatal causava medo em qualquer ser que cruzasse seu caminho.

  Ele tinha cabelos negros e os olhos azuis, agora cobertos pelo poder demoníaco que se apoderava de seus olhos.

   E em um trocar de passos.... Belzebu havia passado dos portões.

  O ar fresco era tão diferente do ar denso e pesado do inferno, a floresta era tão verde e vasta... Era tudo tão belo... 

  A criação de Deus era tão bela...

  Exceto que agora estava infestada de demônios.

— Eu voltei... — Disse Belzebu sorrindo com a maldade exposta em sua face dando o início ao retorno dos anjos na terra. Exceto que... Eles não eram mais anjos...

  Eram Renegados do Inferno.

***

 20 anos depois... 

1462. Valáquia (Atualmente conhecida como Transilvânia), Romênia. Século XV.

  Idade média. Século XV. 

  Período onde a vestimenta foi-se alongando cada vez mais. As mulheres utilizavam em suas cabeças chapéus cônicos e altos aderidos e conhecidos como hennins. Alguns possuíam um formoso véu, e outros não. 

  Seus vestidos eram pesados aumentando o seus traseiros e apertando-lhe as costelas com o corset usado para diminuir a cintura e adentrar encaixando-se nos vestidos.

  Já os homens, eram mais confortáveis, alguns usavam meias compridas que se transformavam em calças mais justas com o passar dos anos. 

  Mas isso só convinha aos ricos e nobres. A plebe, camponeses e dentre outros utilizavam roupas simples, vestidos desprovidos de corset (o que era um grande alívio poder respirar fora daqueles vestidos enormes). E usavam simples vestidos de cores frágeis e algumas até utilizavam Fillet, uma tira de pano que se prende à volta da cabeça e que se ata na nuca com fitas, como se fosse uma bandolette e ao qual depois se prende o véu. Muito útil para impedir que o cabelo voasse na cara.

  Embora o povo plebeu sofresse com os impostos cobrados pelos nobres, festa era o que não faltava naquela época renascentista, festas eram programadas pelo povo durante o ano inteiro, nas feiras e nas datas religiosas e profanas da Europa Medieval. Em todo o lugar, nos castelos, nas cidades, nas ruas, em tempos de fartura, tudo era motivo para comer, beber e dançar, com fantasias, máscaras, e muita alegria e até certos excessos. Várias danças folclóricas europeias se tornaram patentes de festas e danças populares medievais.

  As cidades da época eram muito diferentes das do século XXI, a maioria das pessoas andavam a pé e somente os nobres ricos do alto governo tinham a posse de cavalos e carruagens. Também os bispos e cardeais eram obviamente e devidamente confortáveis sendo transportados em carruagens e cadeira cobertas, conduzidas por dois homens ou animais de carga, por meio de dois varais. 

   Haviam diversas igrejas imensas, e um pátio onde ricos famosos assistiam os atores de uma companhia ambulante representando uma peça teatral. Por vezes eram acrobatas, saltimbancos e engole-fogos que exibiam suas habilidades para uma platéia entusiasmada.  

  E então, bem mais a frente, no profundo ardor da Romênia, na Grande Válaquia, apossava-se do castelo negro de Bran, onde o mais temível conde morava com sua família. Um homem temido pelo próprio povo, mas ao mesmo tempo respeitado por sempre fazer o possível para que seu povo não morra com a fome e o frio.

  A Romênia vivia tempo de crise, um momento onde a guerra contra a Inglaterra se apossou de toda a Valáquia. A corte maior, rei e príncipe, haviam fugido com medo das tropas inglesas deixando o conde a par da situação, sendo renomeado para o temido e poderoso, príncipe Alucard. Era ele, Vlad Alucard III de sua geração, e também.. Pai de Rachel. Rachel Alucard... A filha do Conde, e única herdeira de seu governo...

***

Olá meus amores, tudo bom com vocês? Bem vindos a idade média! Devido alguns amigos próximos que me pediram e apoiaram, trouxe para vocês uma história mais detalhada da personagem originalmente apresentada na minha recém publicada obra "Renegados do Inferno", Aqui haverão muitas dúvidas a serem exploradas, lembrando que Romênia só passou a de fato existir no século XIX, mas eu quis deixar ela do jeito que está, espero que gostem da história da filha do conde mais famoso da atualidade. Só lembrando que nem tudo o que está aqui é exatamente o que ocorreu na época, algumas coisas foram mudadas, obviamente é uma obra baseada nos clássicos de antigamente. Espero que gostem desse Spin-Off. Um Grande abraço e... Até a próxima!

Site da onde me baseei nas informações sobre as vestimentas e cidades do século XV: http://oridesmjr.blogspot.com.br/2011/12/europa-seculo-xv-terras-ou-dinheiro.html

Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Where stories live. Discover now