O Segredo de Helsing

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  Mais uma vez Rachel se encontrava no vaso sanitário amadeirado botando exatamente todo o sangue que bebeu para fora, sujando o banheiro inteiro.

  Estava começando a sentir fome... aquela fome desesperadora que sente sempre que passa tempo demais sem beber sangue humano. Ela simplesmente não conseguia beber do sangue animal. Não aguentava, o gosto era amargo e puro demais.

  De acordo com Van, era questão de adaptação. Como ele mesmo disse, é como se o sangue animal fosse o jiló que Rachel tanto detestava, e sangue humano um vinho, ou um bolo delicioso. Algo irresistível a um ser humano.

  Respirou fundo e se sentou no chão ao lado do vaso antes de se levantar e ir de encontro ao tio.

  Para sua surpresa ele não estava em lugar nenhum. Deixou uma carta dizendo que voltava durante a tarde. E pelo que ela notou a espada em forma de cruz também havia saído com ele. 

  O que dava a entender que ele havia ido "caçar".

  Na carta também dizia para que Rachel não tocasse em nada da mansão e aquilo perturbou um pouco seus pensamentos.

  "O porão secreto" — Pensou. 

  E sinceramente, o que ela tinha a perder?

  Precisava preencher sua cabeça com algo antes que a ânsia de matar outro inocente a consumisse, e foi exatamente o que ela fez. Parou de frente a porta fechada do quarto de Van e como desconfiava, estava trancada.

  Homem esperto. Deveria ter desconfiado que Rachel entraria ali por curiosidade.

  Ela refletiu sobre. O que será que tinha naquele quarto de tão importante?

— A janela... — Sussurrou lembrando da janela na parede do quarto. Bom... Rachel não sabia voar, mas sabia correr rápido o suficiente para escalar a parede externa da mansão e alcançar a janela do quarto.

  Foi o que ela fez. Sua curiosidade falou mais alto e ao limpar os lábios ensanguentados de sua falha no almoço, Rachel escalou em uma velocidade absurda a parede externa da mansão antes que algum morador local a visse, e pimba! Conseguira entrar.

  O quarto era bastante arrumado para um homem brutamontes. Uma coleção de espadas, arcos e objetos afiados enfeitavam as paredes ao lado de cabeças empaladas de animais.

  Haviam também bastante cruzes de madeira espalhados pelo quarto como se tentasse expurgar o mal ali dentro.

  A garota ignorou os traços que a deixavam um tanto desconfortável e foi em direção a ponta do tapete, movendo-o do caminho para que ela pudesse ver o que de fato importava. A portinha quadriculada que dava acesso a entrada secreta de Van Alucard.

  Ela o abriu  pegando de cima da mesa uma vela ainda acesa e descendo as escadas no meio da escuridão.

  Cada degrau era um ar silencioso.

  Rachel nunca se sentiu tão desconfortável na vida quanto naquele lugar, um frio percorria sua espinha e ela se sentia presa em um lugar amaldiçoado.

  O problema é que ele não estava amaldiçoado. Estava abençoado. 

  Ela notou isso ao erguer a mão com a vela acesa iluminando o caminho e reparando nas paredes daquele corredor empoeirado. As paredes...

  Aquelas paredes...

— Meu... Deus... — Disse ela ao arregalar os olhos e notar as infinitas escrituras gravadas com sangue na parede. Escritas bíblicas. Eram passagens da bíblia por todo lado. Diversas palavras em latim, hebraico, inglês, romeno, em todo tipo de língua imaginável. Havia muitas delas, as paredes estavam lotadas, e quanto mais Rachel se aproximava, mais desconfortável se sentia, aquele frio passando pelo corpo de que o perigo estava perto. E então a porta... A porta final cuja a frase de impacto fez todo o corpo da jovem condessa arrepiar-se. 

Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Where stories live. Discover now