Amizades

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  Johanne Dubravka havia acabado de arrumar a cama do quarto da condessa Rachel Alucard e segurava um vaso de vidro caríssimo em suas mãos para colocar do outro lado do quarto quando Rachel abre a porta de uma só vez assustando a serva.

— Johanne! — Chamou e o vaso quase caiu de suas mãos fazendo a serva arregalar os olhos e quase engolir o coração pela boca com a ousadia da condessa. — Está muito ocupada agora?

— A-Ah... Não muito senhorita, terminei meu serviço agora, por que? — perguntou colocando o vaso no local certo.

— O que vai fazer esta tarde?

— É meu horário de descanso.

— Vem comigo. — Pediu saindo do quarto e deixando Johanne parada ali sem entender nada. — Agora mulher, venha! — Disse outra vez fazendo a moça desajeitada correr para seguir a condessa.

***

  Johanne e Rachel caminharam pelos jardins do castelo. Era um local tão belo. Repleto de flores de todos os tipos que eram plantadas no solo. 

— Hã... Tem certeza que podemos andar aqui senhorita?

— Se posso ou não, eu não sei, mas sei que precisava sair daquele lugar. Estava enlouquecendo, e olhe que ainda nem é meu aniversário.

— Por que?

— Minha mãe, acha que pode me destratar a vontade só por que meu pai não quer ter outro herdeiro. Acho que ela me culpa por isso.

— Vai ver é apenas impressão sua milady.

— Não, não é... — Respirou fundo, porém abriu um largo sorriso ao mudar de assunto. — Chega de falar de mim, que tal falarmos de você! — Perguntou se sentando no banco do jardim e fazendo a serva arregalar os olhos espantada com aquela curiosidade.

— D-De mim?

— É oras! Vivo por falar de mim, queria obter um pouco de informação da minha mais nova amiga. 

— A-Ah... Eu não tenho nada de interessante a relatar Milady. — Respondeu, porém logo ergueu os olhos para Rachel. um tanto em choque. — Me considera sua amiga, senhorita?

— Mas é claro! Bom... Ainda precisamos rever essa sua teimosia de não me chamar pelo nome, mas é a única pessoa que converso além dos meus pais, então pra mim, é minha amiga. 

  Johanne sorriu ao abaixar a cabeça.

— Obrigada pela atenção milady. Digo... Rachel...

— Então, conte-me de onde veio, e o que fazia antes de vir trabalhar aqui. — Perguntou chamando a moça para se sentar do seu lado.

  Johanne intercalou o olhar entre o banco e Rachel por uns segundos, pensando se deveria de fato se sentar e acabou decidindo dar uma chance à aquela amizade. 

— Bom... Eu vim de uma família bem pobre no interior da Romênia, meu pai é artesão, e minha mãe está doente, não se sabe o que ela tem, mas já sei que a pobrezinha não vai viver muito...

— Sinto muito... — Disse Rachel.

— Está tudo bem. Comecei trabalhando na casa do lorde Lazar, porém por conta da guerra a família teve problemas financeiros e tiveram de dispensar alguns funcionários, fui um desses, mas tenho uma tia que trabalha no castelo e que me indicou para a condessa Lilian Alucard. E comecei a trabalhar aqui para tentar pagar os medicamentos de minha mãe e ajudar o meu velho pai a sustentar meus irmãos...

— Nossa... Quantos irmãos você tem?

— 7 ao todo. 

— Isso deve ser muito legal! Imagine, ter diversos irmãos com quem conversar!

— Dá mais trabalho do que imagina. — Ambas sorriram até o momento em que se escuta dali de longe os gritos da condessa Alucard, mãe de Rachel a chamando para que fosse em sua direção.

  Johanne se levantou em um pulo abaixando a cabeça e se curvando para a Rachel.

— Nos vemos depois, não posso ficar aqui e ser vista com a senhorita, sua mãe não gosta. Passar bem Rachel. — Respondeu apressando os passos para dentro do castelo.

— O que houve? — Perguntou Rachel se aproximando de sua mãe.

— Não a quero sendo vista de conversinha com a serva. — Respondeu num tom rude e claro.

— Johanne é minha amiga.

— Amiga? Enlouqueceu? Rachel esta moça é a serva do castelo!

— E daí?

— E daí, que amanhã de manhã irei colocar outra em seu lugar, não quero a plebe se misturando e se aproveitando de sua fragilidade.

— Primeiro de tudo, fui eu quem insisti na amizade com Johanne, segundo nunca mais a chame de serva na minha frente, e terceiro se outra pessoa além de Johanne aparecer no meu quarto pela manhã, juro por deus minha mãe, que nunca mais terá notícias minhas. E farei questão de explicar ao meu pai o motivo. — Respondeu dando as costas à Lilian que estava vermelha ao ponto de explodir imediatamente quando apressou os passos na direção de Johanne ao segurá-la pelo braço.

  — Por que não está fazendo os trabalhos do castelo?

— É meu horário de descanso senhora...

— Não é mais. quero que arrume os porões e em seguida limpe toda a cozinha e o salão principal.

— Mas... Sozinha? Demoraria a noite inteira senhora...

— Estou ouvindo reclamações?

— N-Não senhora...

— Ótimo. — Respondeu entrando no castelo.


Alucard: O Início - Vol 1 - Uma história Renegados do Inferno - Vol 1Where stories live. Discover now