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         ANABEL 🌙

Assim que confirmei com Jonathan de ir ao baile. Me arrependi no mesmo instante. Que merda fui fazer?

Agora também seria feio falar que não vou.

Algo dentro de mim realmente queria ir, mas é como se tivesse uma corda que me aprisionava no lugar. É como Dr. Anthony, meu terapeuta, diz: Que mal poderia acontecer?

E era nisso que eu deveria me focar. Eu sei que eu não tenho haver com o lugar que estou indo, mas também posso me surpreender. Então, eu tenho que tentar.

Eu reli as mensagens como uma boba e depois me lembrei que eu ainda estava de toalha, fui até minha mesinha passei creme na pele e desodorante, vesti minhas roupas intimas e um pijama de frio verde água com vários ursinhos estampados, calcei uma meia e arrumei meu cabelo que estava um pouco volumoso em um coque, ou melhor, eu o prendi no alto da cabeça até que parecesse um ninho de pássaros.

Pronta para um sábado a noite.

Peguei meus cadernos e materiais por ter alguns exercícios da faculdade pra fazer. Muitos acham que a faculdade de gastronomia é só cozinhar. Mas também tem teoria, e é um saco.

Fiz todos os exercícios que não eram muitos, sentindo o cheiro gostoso de tempero vindo da cozinha, minha tia deveria estar fazendo a janta, eu estou tão absorta que nem pensei em eu mesma fazer ou ajuda-la.

Guardei minhas coisas em minha mochila e me guiei até nossa cozinha, que era uma cozinha americana simples. Avistei minha tia de costas enquanto cortava o filé de frango.

— Tia, quer ajuda com a janta? — Perguntei, de pé, batucando os dedos na bancada, dedos, porque as unhas foram embora quando eu as roi.

— Não querida, não precisa. — Disse com a voz doce e alegre como sempre.
Tia Alice sempre foi assim, mesmo a perda do marido com apenas um ano de casado, e sua irmã, minha mãe, não conseguiu apagar essa aura boa e contagiante que ela tinha.

Eu torcia muito para que ela encontrasse alguém. Não que relacionamento seja sinônimo de felicidade, mas ela está sozinha a tanto tempo, e mesmo tendo a mim e muitas amizades, não é a mesma coisa.

— Vai fazer purê? — Perguntei vendo as batatas lavadas e separadas em um prato sobre a pia.

— Vou sim.

— Vou descascar as batatas então... — Falei dando a volta no balcão, pegando uma faca e o prato com as batatas. Eu, diferente de outras pessoas, gostava de descascar legumes. O que é estranho, mas tanto faz.

— Se você quer, não vou te impedir — Disse de forma displicente.

Me sentei numa banqueta, e coloquei o prato sobre o balcão, peguei uma batata e comecei a descasca-la.

— Tia? — Chamei, enquanto fazia meu trabalho com as batatas.

— Hm?

— A senhora faz um penteado no meu cabelo amanhã? — Pedi um tanto sem graça.

— Penteado? Você vai sair? — Perguntou surpresa, se virando pra mim. Com um sorrinho no canto dos lábios.

— Er... Sim.

— Aonde vai, querida? Alguma festa da faculdade?

— No baile do UinterClass.

— Mas como Ana? Não temos dinheiro ne....Espera! Algum rapaz te chamou para acompanhante? — Perguntou bastante animada. Minha tia queria que eu desencalhasse, eu acho, mas respeitava meu bloqueio.

InérciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora