t h i r t y t h r e e

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ANABEL 🌙

- ACORDA ANABEL! ANA! - Ouvi minha tia me chamar aos berros e puxar minhas cobertas com certa violência. Só podia ser incêndio. - Levanta que vamos sair! - Completou e eu me encolhi por estar destampada, estava frio.

- Vou ficar em casa. - Murmurei, de olhos fechados.

- Não, não vai. Falei que ia almoçar na casa da Amely e você vai comigo. Anabel, tem uma semana que você vai da faculdade, pra essa cama, você mal come.

- Eu como sim, quando estou com fome. - Só que eu não estava com muito apetite nos últimos dias. Na verdade, eu sou do tipo de pessoa triste que fica insuportável.

- Querida, eu sei que é difícil, mas você tem que lidar com o término, sendo que foi você mesma que acabou com tudo. E não é deitada ai sem querer fazer nada da vida, que vai superar, você tem que respirar um pouco. - Disse. Era estranho não querer superar o término porque não terminei querendo terminar?

Estava impotente, parte de mim quis mil vezes ir atrás do Jonathan, contar tudo e esperar que ele me perdoasse, mas a covarde preferiu ficar deitada e chorando em posição fetal.

- Não estou com vontade, parece que um dementador passou por aqui. - Falei me sentando a contra gosto na cama, e passei as mãos no cabelo que com certeza estava uma coisa horrorosa.

- Então, sugiro que use um feitiço pra se livrar dele, e se arrume para irmos.

- Mas tia...

- Não tem mas. Levanta!

Merda.

Me arrumei e fiz tudo me arrastando, eu queria apenas deitar e assistir minhas séries, mas consigo? Claro que não.

Quando entramos no jurássico (esse que tive que inventar a mentira do século para mandar pro concerto sem suspeitas, e tive que usar minhas economias para comprar a peça nova, se bem que ele vive no concerto mesmo, mas digamos que o mecânico tinha deixado claro que o corte no freio, era muito estranho, e põe estranho nisso).

Enquanto íamos rumo a Bothell, com ela na direção, até porque se dependesse de mim eu nem sairia da garagem do prédio, por quê não estava disposta a sair, e almoçar na casa da Amely também não era a opção mais favorável, por conta de Zach, e Trudy ainda estar estranha comigo.

Tia Alice ligou o rádio, enquanto eu mantinha meus olhos fechados deixando o vento, devido a janela aberta bater em meu rosto, e eu ouvia o início de Forest Fire da banda Brighton preencher o ambiente, me deixando incomodada por ser uma música bonita e triste, foquei pela primeira vez na letra da mesma como nunca antes.

(...) Eu deveria saber, eu não sou forte, eu deveria ter salvado você e
Oh, eu espero que você saiba, que você é minha casa, mas agora estou perdido, tão perdido...

Desliguei o rádio em prontidão, era a última coisa que eu precisava ouvir.

- Anabel! - Ela protestou ao meu lado.

- Estou com dor de cabeça. - Falei uma meia verdade, eu estava com a mente pesada, carregada, não queria ouvir música.

- Sua dor de cabeça tem nome. - Disse para me alfinetar.

- Sim, ansiedade. Ela faz isso comigo. - Respondi mais seca do que queria soar.

- Acho que ele mudou de nome então.

- Para de falar dele. - Pedi, ela está a semana inteira me mandando indiretas. E eu nem precisava delas, não conseguia parar de pensar nele.

- Não vou parar, até você me garantir que está bem com tudo isso.

InérciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora