t h i r t y o n e

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ANABEL 🌙

- Eu...Eu quero terminar com você.

O vi erguer as sombrancelhas, e me olhar surpreso. É, eu o entendia. Não tinha nem motivos plausíveis.

- O que? - Saiu dos lábios dele de forma automática.

- Eu quero terminar. - Repeti, tentando me controlar, fechando as mãos em punho, eu tinha que parecer convincente.

- Essa parte eu já entendi. Agora eu quero saber o porquê. - Disse, franzindo o cenho.

- Porque... Porque eu não gosto de você. - É, eu era patética. E ele riu.

- Então, me diz quem era a garota que apareceu ontem no hotel porque estava preocupada comigo? A que chorou todas as vezes em que eu estive sem chão? A mesma garota que esteve comigo nesses últimos meses, na última noite? Porque pra mim não faz sentido. - Disse inquisitivo, vindo em minha direção e eu fui para trás de forma institiva, me encostando na parede. E isso só piorou as coisas porque ele logo estava colado a mim, e apoiou sua mão na parede na altura da minha cabeça, me encurralando, assim ficava mais difícil.

Não fazia sentido porque não tinha sentido.

Olhei em seus olhos escuros, tão intensos de um jeito que eu nunca vi, seu rosto estava a centímetros do meu, e minha respiração se acelerou em seguida, eu estava me segurando para não jogar tudo para o alto.

- Gosto de você. Mas... É, não é tudo. Estou cansada. - Falei, tentando reverter, mas com ele tão perto era difícil raciocinar rápido.

- Cansada? - Questionou e riu soprado. Ele estava ficando irritado, e eu percebia isso pelo tom de voz estar ficando lascivo e arrastado.

- É. É muita coisa para administrar. - Falei, e pois é, que porcaria de desculpa é essa pra terminar? Eu sabia que se ficasse com rodeios eu não iria conseguir. Eu precisava cortar pela raiz, se não, seria mais difícil.

- E você está falando pra mim sobre muita coisa para administrar? Eu tenho que tentar me distribuir em vários para lidar com tudo e você....

- O PROBLEMA É ESSE! - O cortei, quando a voz de Rodolph me ameaçando veio em minha mente, eu sabia o fazer, tinha que magoa-lo. - Seus problemas. - Esclareci.

Me lembrei do que Trudy me disse sobre ele. Sobre como eu aguentava lidar com tudo isso.
E claro, do quão idiota eu achei o que ela disse. Mas infelizmente a idiotice serviria.

- Meus problemas?

- É Jonathan. V-você é cheio de problemas. Eu... Eu até tento lidar. Mas isso acaba atribulando a minha vida.

- Em momento nenhum eu coloquei algum peso sobre você ou tentei te preocupar, até onde me lembro, se você não tivesse insistido, não saberia de nada. - O pior que era verdade. Merda, ele não era um bobo do qual eu, logo eu, conseguiria enrolar. Mas precisava tentar. "Acidentes acontecem" era o que minha mente ficava me lembrando.

- Jonathan, você não entende? Eu não quero mais você! - Falei me desvencilhando dele, me afastando. Espero mesmo que um dia possa entender que fiz isso por minha tia, por ele. Por medo.

Medo intenso e fulgaz de perder as pessoas, e se eu pudesse evitar os colocar em perigo, eu iria.

- Eu já estava pensando no término a tempos, estou farta de fingir que está tudo bem, e na noite passada foi minha última tentativa, mas eu não sou apaixonada por você, sabe, eu já tenho meus problemas. Antes era legal, mas agora tem tanta coisa, e tenho certeza que vai acabar mal, sua família é tóxica, a gente não combina, entende? Você vai acabar sem dinheiro nessa história, porque duvido que conseguirá vender um livro na vida, se não se pendurar pelo pescoço também! - Falei tudo em um falso rompante, tremendo, com os olhos marejados, ele não ia me perdoar. Eu tinha ido longe demais. Merda! Citar o Daniel mesmo que de forma velada foi a última gota, foi sujo, era o ponto fraco. De forma odiosa, não respeitei nem a memória de alguém que já se foi. Do irmão dele. De um cara legal. E claro, pareci uma interesseira.

InérciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora