f o r t y f i v e

6.3K 569 152
                                    


ANABEL 🌙

Fechei meus olhos longamente, tentando controlar o sono que me abatia na recepção daquela delegacia. Ben estava ao meu lado, por já termos dado depoimento, sentado em silêncio, de braços cruzados, e eu estava esperando por Jonathan que ainda estava lá dentro, e ali estava eu, balançando o pé de maneira ansiosa e impaciente, desejando a sorte dos outros que já o fizeram e foram embora, sendo que aqui, ainda estavam tentando conseguir uma confissão de Ryan, como descobri chamar o bandido sequestrado.

Ben, ao meu lado, entediado e sério como sempre, se levantou, pediu licença, e o vi se afastar, indo rumo a um pequeno corredor com placas indicando os banheiros.

Mas então, passado poucos instantes, para minha surpresa, e desgraça, vi, adentrar pela porta, o lider de todo um holocausto.

Rodolph, digo, Hitler.

Ele, prontamente, veio em minha direção com dois seguranças em seu encalço, e instantaneamente fiquei nervosa. Olhei para as escadas, e minha imaginação desesperada vislumbrou Jonathan as descendo.
Merda! Cadê ele? Eu não quero ficar sozinha perto desse homem.

Rodolph parou de frente a mim.

- Minha nora. - Sibilou arrastado, prolongando sempre cada sílaba. Se uma cobra falasse, seria como ele.

O olhei de baixo, por estar sentada, estando ele dentro de um terno escuro, me olhando lascivo.

- Oi. - Falei seca.

- Olá. - Respondeu. - E meu filho? - Questionou, altivo.

Que filho? O único que tinha, não deu valor algum.

- Dando depoimento. - Fui direta. Não queria sequer estar na presença dele.

- Me diga, Anabel, se aproveitando de minha condescendência? - Perguntou displicente.

- Sua o que? - Soltei sem acreditar no que ouvi.

- Se sua tia permanesce longe de qualquer perigo é porque eu quis assim. Mesmo com toda sua desobediência. Acha mesmo que me esqueci? Por que Jonathan interviu? Não. Tudo apenas mudou de ponto de vista. - Finalizou, taciturno.

Meu corpo inteiro estava tenso, e minha pressão baixa, não ajudava.

- O que vai fazer? - Perguntei em um fio de voz, me levantando.

- O que faria a minha nora? Sabe Ana, você tem uma divida comigo. E quando precisar, como bom credor, vou cobrar. - Disse e sorriu vitorioso, e acenou a cabeça em cumprimento a um agente da polícia que passou por nós. O quão baixo um ser humano pode ser?

Ele me cobraria algo, como divida, por não ter feito mal a minha tia?

- Divida? Eu n...- Comecei mas fui cortada por Ben que apareceu e se colocou ao meu lado.

"Algum problema?" Perguntou.
- Não. - Menti. Mas na verdade tinha um problemão.

- Benjamim, quanto tempo. - Rodolph o cumprimentou, polido.

- Olá Rodolph, é, faz alguns anos. - Ben o cumprimentou de volta, e ambos apertaram as mãos, enquanto Jonathan descia as escadas devagar, olhando pra nós um tanto curioso. Eu o entedia.

- E seu escritório, como anda? - Rodolph perguntou olhando de relance para Jonathan que vinha até nós, parecia um assunto ensaiado.

- Crescendo aos poucos. - Ben respondeu solicito trocando um olhar com Jonathan, que parou a nossa frente.

- Fico feliz. - Rodolph disse dando um sorriso curto e falso, mas Jonathan rompeu o assunto.

- Então, o que o senhor faz aqui? -Inqueriu.

InérciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora