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     ANABEL🌙

— Você não me parece o tipo de garota que gosta desse tipo de obra — Jonathan brincou, com um sorriso no canto dos lábios, implicando por notar meu constrangimento.

Enquanto saiamos da estande de livros eróticos, local onde minha vergonha triplicou quando a senhorinha que estava no local perguntou se queriamos algum guia de posições para apimentar a relação. E ele para piorar a situação, resolveu brincar, se virou pra mim e perguntou "Você quer levar, meu amor?" me fazendo soltar um "não" alto, tendo tempo apenas de sorrir para a senhora antes de sair dali.

E ele ainda estava rindo do meu nervosismo.

Eu sou uma idiota, isso não era motivo pra ficar constrangida, mas eu tinha que passar por uma dessas, se não eu não seria eu.

Mas o bom (ou não) é que ele parecia estar se divertindo com a minha vergonha. E eu me senti incomodada pensando em ele ter pensado que sou muito inexperiente e ingênua.

Inexperiente sim, mas também não quer dizer que eu seja ingênua perante a esses assuntos, as informações estavam ai e eu as tinha, só não tinha prática porque eu mal conseguia ter um encontro sem fazer dele um desastre.

Meus problemas psicológicos tomaram muito da minha adolescência, a parte de sair, conhecer pessoas etc. Não foi agitada e nem nada disso. Eu ficava em casa, ia pra escola, ficava no salão e era isso.
Eu não tinha meus pais, nem muitos amigos, muito timida, anti-social e com uma alto estima muito baixa, acabei só tendo uma amiga na escola, Dana, que se mudou pra New York antes do ensino médio. E desde então, eu me fechei mais ainda. E quando se trata de garotos, normalmente, até mesmo pela cidade ser pequena e ter muitas garotas bonitas, eles não se interessavam por mim que sempre estive ali, a margem, mas quando ocorria algum interesse, ele logo se perdia porque eu sou um verdadeiro desastre nessa area. E é por isso que eu só tinha beijado dois caras em toda minha vida, e isso tinha muito tempo.
E antes eu tinha vergonha disso as vezes, por estar ficando adulta e ter uma vida amorosa nada vasta, mas depois de um tempo desencanei e coloquei na minha cabeça que eu ficaria sozinha mesmo e que seria bem sucedida assim.

Mesmo eu me iludindo com séries e filmes, pensando em como seria incrível encontrar um alguém legal e tudo mais.

Mas agora o cara legal tinha aparecido, mas eu, com esse meu jeito esquisito estava fazendo questão de acabar com tudo.

E esse era um dos momentos em que eu queria poder ser diferente.

— Não precisa ficar com vergonha. — Disse ao meu lado.

— Não estou com vergonha disso. — Menti, porque estava sim e prossegui. — Mas do quão atrapalhada eu sou. — Completei, sendo sincera.

— Ei, pelo menos eu não me apego a essas coisas, não que eu goste de ver as pessoas constrangidas, mas você é engraçada.

— Que bom que eu divirto você. — Falei ranzinza, pesarosa e ele comprimiu os lábios para não rir, enquanto íamos rumo a parte coberta, até a pequena praça de alimentação.

— Vem, vamos tomar um sorvete? — Perguntou me olhando brevemente, e eu assenti.

Estava um dia nublado, mas eu sou do tipo que só tem vontade de sorvete em dias não propícios a sorvete.

Compramos nossos sorvetes, saímos dali e nos sentamos num banquinho debaixo de uma das árvores.

A frente tinha um casal, a mulher estava lendo de forma entonada uma história para suas duas filhas que a olhavam maravilhadas, já seu marido estava estirado com sua barriga proeminente pra baixo na toalha de pique-nique tirando um cochilo. Eu sorri levemente da cena, e tomei do meu sorvete, que estava muito bom.

InérciaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora