Stieng finalmente conta a verdade

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O silencio se instala, Stieng procura se equilibrar mentalmente primeiro para não ser tão cruel e Cimba aparece para ver se precisavam de algo e Stieng foi o primeiro a falar.

— Quero que nos deixe a sós e só apareça quando for chamado Cimba!... — ele sorri nervoso. — Obrigado!

— Tudo bem Senhor!... — Cimba olha para todos e não gosta da cara deles, mas mesmo assim sai deixando todos sozinhos.

— Julia sempre me diz que eu sou uma bomba relógio para explodir... e que um dia iria explodir e iria levar todos juntos para o mesmo buraco!... — ele olha para a mãe. — Sim!... ela sabe de tudo e sabe desde o dia que me conheceu... Ela soube desde a primeira vez que pôs os olhos em mim e foi maravilhoso em não ter que me esconder a traz de uma mascara de bom filho e um homem feliz, por que eu nunca fui feliz até conhecê-la, que me fez aprender a lidar com meus medos, meus traumas e comigo mesmo!... E mesmo assim eu a magoo e a machuco quando tenho oportunidade.

— Por favor, meu filho!?... Não faça isso!?... — Keisha começa a chorar, Stieng serra o punho e a olha com raiva.

— Cale a boca e pare de chorar... Seu tempo de chorar já se esgotou há muito tempo!

— Não!... Não é verdade!... Uma mãe sempre chora por seus filhos!

— Mentira!... Você me abandonou!?... Você deixou acontecer o que aconteceu por quatro anos, por que era omissa o bastante para deixar... — Stieng tinha o rosto desfigurado e estava vermelho de ódio e olha para o pai. — Você foi omisso por não olhar para o rosto dos seus filhos e perceber que algo estava errado, deixando o porco do seu irmão morando nesta casa achando que ele protegia sua família enquanto você estava em um quarto de hotel se deleitando com sua secretária e ganhando dinheiro para jogar na nossa cara que fazia isso para que gastássemos o seu dinheiro!... Em quanto sua esposa dormia na sua cama com o canalha e... — Stieng tem a voz embargada e passa a mão pelo cabelo e os puxa revoltado, Joe Poe a mão em seu ombro e o encoraja, os dois se olham e ele concorda e respira fundo. — Eu era estuprado por ele!

Jonathan começa a passar mal, Stieng não se levanta, Sylvia esta com as duas mãos na boca e tenta se levantar para sair, mas ele a olha e manda que se sente, Joe acode o pai e lhe serve água e lhe dá dois comprimidos do remédio da pressão, Keisha chora baixinho sentada na poltrona, quando tudo se restabelece depois de vinte minutos, Jonathan pede para ele continuar a contar, agora queria ouvir até o final.

— Foram os quatro anos que ele viveu aqui com a gente, tentei falar para você de todas as maneiras... A antiga empregada também tentou contar, mas você nunca estava disposto a ouvir e viajava logo em seguida... As coisas pioraram quando eu descobri que mamãe e ele tinham um caso e ele ameaçou a machucar Joe... Chegou a pegá-lo no colo várias vezes e me olhar com os olhos ameaçadores e... Eu ficava apavorado, não queria que meu irmão sofresse a mesma coisa que eu, ele era pequeno e tão alegre... — Joe e ele se olham e as lágrimas descem, Jonathan está com a não no rosto completamente transtornado e envergonhado. — Quando mamãe pediu para ele parar ou o denunciaria... As coisas pioraram, ele ameaçou a mamãe e me fez de escravo... Escravo... Ah meu Deus!... — Stieng Poe as duas mãos no rosto e chora compulsivo, Joe novamente lhe da tapa nas costas tentando acalma-lo.

— Vamos!... Poe para fora, acabe logo com tudo isso!... Coragem!... — Diz Joe e Stieng balança a cabeça agradecido e pega o lenço e enxuga o rosto e o nariz.

— Seis meses depois ele apareceu afogado na piscina como todos já sabem, completamente bêbado, caiu e se afogou... — ele respira fundo. — Mas meu sofrimento não terminou por aí!... Mamãe me fez colocar uma mascara fingindo que nada aconteceu e que você meu pai nos colocaria para fora de casa se soubesse de tudo!... Por que eu era um menino muito mal e provocava aquele canalha!... Passei a sonhar com ele e a ter terrores noturnos e isso me acompanha até hoje... Na faculdade eu ataquei meu companheiro de quarto, fiquei preso por uma semana até que o psiquiatra foi chamado e me diagnosticou com parasonia e transtorno do sono com terror noturno, respondi o processo em liberdade e paguei com trabalho comunitário, não deixei que vocês soubessem e consegui na reitoria um quarto só para mim apresentando o laudo do psiquiatra, prometi a mim mesmo que jamais dormiria com uma garota na mesma cama, mas eu era jovem e levei uma garota para o quarto no ultimo ano de faculdade e novamente quase a matei enforcada... Implorei para ela não me denunciar e dei o meu BMW para ela, o que você me presenteou no natal, ela levou o carro e eu fiquei livre do processo, depois disso aprendi a controlar o sono depois do sexo... E quando o cansaço batia eu ia embora. — ele respira e olha para todos. — Quando conheci Julia... Foi como se todo o meu medo tivesse se esvaído ao ver aquelas mãos apoiadas em meus pés depois que ela caiu diante de mim... Eu precisava dela, era a única que podia me salvar... — Ele se cala relembrando. — Julia e eu dançamos por horas no penúltimo dia do evento do lançamento do meu livro, fui convidado para uma festa e eu a convidei de propósito, queria aquela mulher, queria leva-la para a cama e acreditem... Julia era um anjo imaculado, foi assim que a chamei quando me contou que nunca tinha dormido com outro homem e nem ter beijado... Eu hesitei, pensei em deixa-la imaculada... Eu era um canalha e Julia não merecia viver com uma pessoa como eu. — Stieng se levanta e vai até o bar e se serve de um pouco de uísque puro, bebe de uma vez e olha para o pai que chorava quieto, colocou uísque em outro copo e levou até ele. — Beba!... Precisa de algo forte. — E volta a se sentar. — Fiz amor com ela e foi mágico, me senti aliviado e em paz... Nunca uma mulher me fez sentir tão bem assim, acho que podia dormir naquele dia e não iria ser tomado pelo terror, mas eu quis ficar acordado só para poder olhar para ela e a ver dormir e tomei uma decisão, iria me casar com ela... Três meses depois a trouxe para minha casa e ansioso demais, eu a instalei no quarto de hospedes e contei uma historinha de que queria que tivesse a privacidade dela e não se sentisse forçada a dormir comigo, a principio ela não acreditou, mas acatou... Sylvia apareceu três dias depois e tivemos uma discussão e ela me deu um belo tapa no rosto, depois a conversa que tive com Julia foi difícil também e eu fiquei muito estressado e caímos na besteira de dormir juntos e eu a estrangulei, mas ela conseguiu sair de baixo de mim e passou o restante da noite trancada no banheiro e dormiu dentro da banheira depois de chorar muito, no dia seguinte achei que ela tinha me deixado, tivemos uma discussão e tive que contar a ela sobre o problema que tinha, não omiti o que me causava isso e meu trauma e o fantasma que me persegue... Assim nos vivemos... Uma semana antes das bodas de vocês eu quase a matei, desta vez eu a machuquei e muito!... Eu praticamente a estuprei dormindo! — Stieng olha para Sylvia — Querem mais?!... — ele olha para todos e olha para Sylvia novamente. — Eu matei meu filho!... Eu arremessei Julia da cama para a parede, ela disse que a altura foi da metade da parede e ela caiu com o quadril no chão provocando o aborto... Eu sou uma bomba relógio onde nunca se pode saber quando vou explodir... Mas para quém tinha terrores todos os dias e depois que me casei passei a ter um evento ou outro está muito bom!... Meu terapeuta está feliz comigo... Mas Julia é a única pessoa capaz de me manter calmo e ter uma vida normal!... Mesmo matando o meu filho... Ela continua insistindo e ter um... Ela quer correr o risco de me ver arremessando à criança pela janela ou tentando... Sei lá!... Estupra-lo...

— Pare Stieng!?... Você não é esse monstro que está dizendo?

— Não Sylvia!... Quer experimentar e dormir comigo uma noite!... Mas terá que assinar um termo de sua responsabilidade que aceitou correr o risco e não serei preso caso você venha a morrer, por que o ódio que eu tenho por você, me faria te matar dormindo.

— Você não faria isso!?

— Eu fiz com Julia, por que com você seria diferente!?... — Ele respira e escorrega no sofá para ficar mais confortável. — Agora me conta sobre a gravidez e cadê o exame médico comprovando?

— Não preciso de exame para comprovar...

— Você mente descaradamente Sylvia!... Você não está grávida coisa nenhuma!... —Ele senta e apoia os cotovelos nos joelhos e estreita os olhos. — Diz a verdade antes que eu te arraste para um laboratório agora! — Sua voz é ameaçadora.

— Eu... Eu... — Sylvia se apavora, sabia que estava dizendo a verdade. — Eu perdi o bebê!



SALVA-MEWhere stories live. Discover now