Capítulo vinte e cinco

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Acabo perdendo a hora e chegando no meu prédio já à noite. Ralph pediu que Miguel – o segurança – deixasse Carla em casa e eu logo em seguida. Me despeço de Miguel e bato a porta do carro. Em seguida olho para a entrada do prédio de Henri e me pego pensando neste movimentado dia de trabalho. Depois das fotos com os "gostosões", fomos almoçar Carla, Ralph eu e Mia, irmã de Ralph. No começo fiquei meio tímido com ela, mas depois fui me soltando. Estava esperando alguém mais, sei lá, conservadora, séria, e ela foi totalmente o oposto. Aliás, acho que Ralph tem um perfil muito mais sério do que Mia. Ela é super simpática e conversa muito bem, além de ser muito inteligente e extrovertida.

Ralph e ela não falaram quase nada sobre família, pelo contrário, o assunto era sempre voltado à trabalho. Só vez ou outra que ela trazia alguma lembrança de Ralph e seus irmãos, mas nada que deixasse meu amigo numa saia justa. Carla até que tentou arranjar alguma coisa para usar contra ele, mas Mia parecia saber exatamente o que falar, então o almoço fluiu muito bem. Bem até demais, eu diria, já que perdemos um pouco a hora e voltamos um pouco mais tarde do que o planejado para fazer as fotos.

Carla fotografou como se fosse uma modelo profissional, fazendo caras e bocas para as câmeras. Fiquei impressionado com o desempenho, sem dizer que ela é linda e que tem um corpo belíssimo. Agora, comigo as coisas foram um pouco mais complicadas. Fiquei com muita vergonha, apesar do fotógrafo ser muito profissional. Ele conversava bastante comigo, para me fazer rir ou tentar esquecer as lentes, o que era praticamente impossível, porque sempre que começava a agir naturalmente, os flashsdisparavam. Mas no final das contas tudo saiu bem. Foram poucas fotos. Mia já tinha uma ideia do que queria e um esboço do trabalho ficou pronto muito rápido. Ela inclusive nos passou algumas fotos, para vermos uma prévia de como ficaria quando saísse a versão final. Segundo ela, o trabalho não será muito exposto, apenas em locais estratégicos onde irá atingir o seu público alvo.

Entro pela recepção, cumprimento o porteiro e pego o elevador que já está parado no térreo. Olho no relógio e são sete e meia da noite. Apesar de ter perdido a noção do tempo, acabei chegando mais cedo do que de costume. Henri deve estar em casa. Henri... ele não falou muito comigo depois que cancelei o nosso almoço. Apenas desejou "uma ótima tarde". Fico pensando se ele não ficou chateado por ter que cancelar nosso compromisso. Bom, pelo menos ele não disse nada e tenho para mim que este foi um dia normal de trabalho. Henri estava de folga, mas eu não. Então vida que segue.

O elevador para e eu saio. Pego minha chave do bolso e já vou logo encaixando na porta branca do apartamento e abrindo em seguida. Está tudo escuro. Que estranho! Henri não está em casa?

– Henri, cheguei! – Digo em voz alta. Ninguém responde.

Fecho a porta e dou uma olhada na cozinha. Tudo apagado.

– Henri! – Chamo mais uma vez.

Ando pela casa e está tudo escuro. Entro no quarto e está tudo arrumado, mas não há sinal de Henri.

– Henri não está em casa... – digo para mim mesmo.

Dou de ombros. Henri deve ter saído um pouco. Afinal de contas é dia de folga dele. Só não é muito comum ele sair sem me dizer aonde vai. Ai, sem neurose, P.O, Henri também não tem que ficar te avisando a cada passo que dá– meu cérebro me dá uma puxada de orelha. Tudo bem então, vou tomar um banho e descansar um pouco, ele não deve demorar muito. Estico o corpo e estalo algumas vértebras. Tiro minhas roupas e fico só de cueca. Nossa, dia cansativo! E olha que nem dançamos. Minhas pernas é que estão me matando, não sentei nem por um minuto hoje, só mesmo quando fomos almoçar, o resto do dia passei em pé. Mas foi legal, valeu a pena.

– Hora do banho, P.O. – Digo empolgado. – Hora de relaxar.

Me sento no sofá depois de tomar um bom banho e coloco um canal qualquer. Está passando um cara ensinando a fazer alguma receita. Me encosto e puxo uma almofada, enfiando-a no meio das pernas.

Última Chamada (Amor sem limites #3)Onde histórias criam vida. Descubra agora