Capítulo trinta e três

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Assim que o tio de Henri sai, eu me levanto e corro de volta para o banheiro. Chego na pia mais próxima e aperto a torneira para abrir a água. Junto as duas mãos, pego um pouco de água fria e jogo no rosto. Repito o processo mais duas vezes. Ainda não consigo acreditar que uma pessoa possa acabar com a vida de outra em apenas cinco minutos de conversa. Tento controlar minha respiração e me manter calmo.

– Ele só está brincando comigo. – Digo olhando para o meu próprio reflexo.

– Meu Deus do céu! – Coloco as duas mãos no rosto, tentando não chorar. – Por que tudo tem que ser tão difícil?

– Eu não vou pensar em nada disso agora. – Repito para mim mesmo. – Hoje é aniversário de Henri. Amanhã eu faço alguma coisa.

Ajeito meu cabelo, simulo o sorriso no meu rosto, abro e fecho a boca algumas vezes, giro o pescoço e dou alguns pulinhos soltando os braços. Não vou cair na pilha daquele homem. Não vou pensar nisso hoje. Fico assim por alguns segundos até que alguém entra e vai para algum mictório. Disfarço o máximo que posso e saio, tentando sorrir.

Volto para o salão principal, já com menos pessoas jantando. Encontro Henri sentado na mesa, olhando para fora.

– Onde você foi? – Ele pergunta.

– Estava no banheiro.

– Você está bem? Está pálido.

– Estou. É só uma dor de barriga. Deve ter sido alguma coisa que eu comi.

– Quer que eu fale com o gerente? – Ele pergunta, preocupado.

– Não, Henri. Deve ser alguma coisa que eu comi no almoço. – Tento sorrir. – Vamos pedir a conta?

Olho para o lado e chamo a moça, fazendo um sinal de que queria a conta.

– Como foi com seu tio? – Pergunto.

– Foi legal. – Ele sorri. – Gostei que ele tenha vindo aqui me dar os parabéns. Sabe, eu não ligo muito para aniversário, mas gosto de saber que as pessoas se lembraram de mim.

– Eu também. E falaram sobre o quê?

– Nada em especial. Ele só estava me contando sobre como era o meu aniversário quando era pequeno e tal, que só passávamos eu e ele. Acho que ele está sentindo minha falta.

– É... aposto que está mesmo.

Me assusto com meu celular tocando no meu bolso e atendo logo que vejo que é a Carla.

– Oi, Carlitcha.

– Oi, amigo, tá com Henri ainda? – Ela pergunta com tom de ansiedade.

– Estou. Está tudo bem?

– Ai amigo! Acabei de chegar de um encontro com o Caio.

– O quê? – Henri me olha intrigado. – Sua maluca, por que foi se encontrar com ele?

– Não me pergunte. Só sei que ele me chamou e eu aceitei. Aí saímos para jantar e cheguei agora.

– Mas e aí, como está se sentindo?

– Muito confusa. Ele parece ter mudado muito. Ai, amigo, estou muito confusa, não sei o que faço. – Ela faz uma pausa. – Mas amanhã eu te conto direitinho. Só queria te ligar agora porque não estava me aguentando.

– Tá bom, amanhã você me conta.

– Beijo, boa noite. Ah, dá parabéns pro Henri.

– Tá bom, beijo. – Desligo o telefone.

– Carla te mandou parabéns. – Digo para ele, que sorri.

– Ela é uma graça. – Ele diz.

A conta chega e eu pago antes que Henri proteste. Ele fica todo bobo sorrindo. Por um momento fico preocupado no que Carla está fazendo e focado na felicidade de Henri, mas no fundo da minha cabeça martela a maldita conversa que tive com o tio dele. Minha abordagem de ignorar o velho para sempre não funcionou e agora ele me botou contra a parede de verdade. Eu tenho duas semanas para tomar a pior decisão da minha vida!

Última Chamada (Amor sem limites #3)Where stories live. Discover now