Parte um ·

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KEEGAN FULLER

Atualmente, Janeiro 2018.

   — Oi, aqui é a Amy. Não posso atender no momento então deixe o seu recado que logo mais eu retornarei, beijos. — sua voz doce ecoa na linha telefônica, eu estou com tantas saudades da voz dela que mais uma vez não resisti em ligar.

Mais uma vez.

   — Oi, doce. Eu... eu só liguei para dizer que estou com saudades, eu fui alimentar os pombos para você esta manhã — sorrio ao lembrar que ela ficava feliz em saber cada detalhe do meu dia — E amanhã eu vou a livraria comprar aquele livro que você me indicou... — minha respiração começa a ficar pesada, estou prestes a chorar, mas eu não posso. Não posso deixar ela escutar que eu estou chorando.

   — Amanhã talvez eu ligue para você, eu preciso ir agora... Boa noite, eu preciso desligar, eu te amo... — digo com a voz embargada.

Não posso chorar, não posso.
Respiro profundamente diversas vezes, inspirando e expirando, eu prometi a mim mesmo que nunca mais choraria.
Resolvo ir tomar um banho para relaxar o corpo e a mente.
Entro no meu quarto indo direto em direção ao banheiro, tiro minha roupa peça por peça, entro no box ligando o chuveiro.

A água está fria, aliás, ainda estamos no período de inverno, então ligo o aquecedor. Depois de lavar todo o corpo, passo alguns minutos sentindo a água cair em minha cabeça, eu por algum motivo acredito que a água pode levar um pouco da tenção que eu acumulo diariamente.

"Meu aniversário em março é uma data da qual não gosto mais de comemorar, minha mãe faleceu quando completei vinte e um. Não teve tempo de um desejo de felicidades, às duas da manhã do dia sete ela faleceu, em casa dentro do seu quarto.

Ter visto minha mãe dar seu último suspiro foi esmagador, eu sabia que era questão de tempo ela morrer, o câncer de mama havia tomado de conta. Mas eu tinha esperança, eu tinha que ter.

Ela morreu e eu me senti desolado, e doía todo ano completar mais um ano de vida e ela de morte.

Entretanto, Amy insistia em comemorar, estou me escondendo dela em meu quarto de revelação há mais de duas horas, admiro sua intenção em fazer com que me sinta feliz em um dia triste. Porém acho que não quero, quero ficar quieto e sentir a perda."

Enrolo a toalha na cintura saindo do box, chegando no quarto pego uma calça moletom e uma camisa preta no guarda-roupa, e as visto sem cueca. Sigo para a cozinha, pego uma xícara a coloco em cima da mesa de mármore que eu tinha ganhado da minha mãe há oito anos; ela disse: comprei para você, quando for morar sozinho já terá onde jantar; pego a chaleira colocando água, e boto para esquentar. Pego um pacote — saquinho — de chá em formato de pirâmide, eu não entendo o porquê em as pessoas fazerem isso no saco, é só um chá que nem é tão natural assim.

Depois de todo o processo, caminho em direção a sala, sentando na aconchegante poltrona cinza que há próxima a janela, me dando vista privilegiada para a lua. Resolvi colocar a poltrona nessa posição para que toda noite eu pudesse olhar para o céu estrelado. Coloco a xícara em cima da mesinha de centro, deixando esfriar um pouco mais.
Descido me levantar indo em direção ao home theater, ligo e coloco na mesma música melódica de toda noite, A drop in the ocean. Volto pegando a xícara levando ao lábios, o gosto amargo, sem açúcar é como eu gosto de beber.

Eu te amo, Keegan.Onde histórias criam vida. Descubra agora