Capítulo 2

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POV Inês

Estou ajudando minha mãe na Mãinha, sua padaria e cafeteria, quando D. Mercedes chega para seu cafezinho habitual. Ela é uma espanhola muito simpática e bonita, que trabalha como secretária do presidente de uma grande empresa aqui perto. Passa todos os dias pela manhã, fez amizade com minha mãe e sempre conversam bastante.

- Estou tão preocupada com o hijo de meu chefe, Maria. Já te falei dele.

- Me lembro, Mercedes. O que aconteceu agora?

- Por Dios! Acredita que tentou se matar ontem?

- Nossa, mas por quê?

- A cirurgia nos olhos não deu certo, repetirão hoje à tarde. Sr. Amauri está desesperado. Teme que o chico termine o que começou assim que ele se afastar.

- E como seu patrão irá fazer, ficará o tempo todo com o filho? Há alguém da família para ajudar?

- São apenas os dois, desde que Amauri enviuvou há 13 anos. Nem empregados fixos na casa eles têm.

Meu coração aperta imaginando como difícil é para estes pai e filho. Mercedes contou em detalhes quando o moço sofreu o acidente há alguns dias e acompanho o decorrer dos acontecimentos com interesse. Não posso ver ninguém sofrendo e tenho uma ideia.

- D. Mercedes, será que o Sr. Amauri não gostaria de contratar alguém para fazer companhia para o rapaz?

- É uma boa ideia, chica.

- Faço enfermagem, posso me candidatar à vaga.

- Mas você já não trabalha aqui com tu madre?

- Isso não é problema, Mercedes, tenho vários funcionários, posso dispensar minha filha. Ela gosta mesmo é de cuidar das pessoas.

- Falarei com ele assim que chegar à empresa. Será ótimo para ele saber que tem alguém velando por su hijo.

Volto para meus afazeres, tenho um bolo de aniversário para decorar. Amo meu curso na universidade, mas gosto muito também de confeitaria. São minhas paixões, junto com meus livros, é claro.

D. Mercedes liga dali uma hora, pedindo para que eu vá até a empresa às 15h, pois seu patrão aproveitará que o filho está em cirurgia para me entrevistar.

- Boa tarde, senhorita. Sente-se.

- Boa tarde – digo enquanto me acomodo. Não posso deixar de notar o luxo do lugar e também a figura imponente do homem à minha frente. Eu o imaginava um senhor idoso, mas deve ter cerca de 50 anos e é muito bem apessoado.

- Minha secretária te indicou para cuidar de meu filho. Porém, me parece jovem demais.

- Posso garantir que, apesar da idade, sou muito responsável, senhor. Me ofereci pois sei de sua necessidade e me interesso pelo bem estar de seu filho.

- Conhece o Eduardo?

- Não, mas a D. Mercedes é nossa amiga e contou sobre o acidente – só depois que falo penso que talvez revelei demais. Ele percebe meu desconforto e sorri.

- Não se preocupe, não me zangarei com ela. É indispensável para mim, não posso me dar ao luxo de me indispor com ela – sorrio aliviada.

- Bem, se a Mercedes confia em você, eu também irei. Preciso que comece amanhã pela manhã. Quero que vá comigo ao hospital quando buscar meu filho. Pode estar aqui às 8h?

- Sim, claro.

- Você conversará com o médico e ele lhe dará as orientações de como fazer os curativos.

- Algo mais?

- Apenas fazer companhia para o rapaz e evitar que ele cometa uma loucura. É difícil admitir, mas o encontrei com uma arma de fogo nas mãos.

- Cuidarei dele, senhor. Fique descansado.

- Obrigada, menina. Converse com Mercedes sobre seu salário, folgas e demais detalhes.

- Muito obrigada pela confiança, senhor. Até amanhã.

Que eu possa ajudar esse rapaz a não desistir da vida.


Mais um capítulo curtinho para as apresentações. Os próximos serão maiores.

Ensinando a sonhar - Livro 3 da Série SonhosWhere stories live. Discover now