Capítulo 12

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POV Inês

Ele me pediu em namoro! Estou tão feliz, que tenho que me controlar para não ficar sorrindo feito boba.

- Que cara de tonta é esta, Inês – pelo jeito não consegui.

- Estou namorando o Eduardo, Toninho.

- Seu paciente? Pode? – pelo sorriso malandro sei que disse isso só para me provocar.

- Sim, engraçadinho. E também agora não trabalho mais para ele. Fomos ao médico e ele voltar a enxergar.

- Que notícia boa, minha filha. Mercedes estava tão preocupada. Mas me conta direito esta história de namoro.

- Ele se declarou ontem, como lhe contei, mas hoje, ao voltar a ver, a primeira coisa que fez foi olhar em meus olhar e pedir para ser sua namorada.

- Que emocionante. Parabéns, meu bem.

- E quando o cabra vai vir até aqui pedi minha benção?

- Calma, papai. Logo trarei ele para jantar e o senhor conversa com ele, mas sem exagero.

- Não sou um homem das cavernas, menina. Não se preocupe que serei civilizado.

- Obrigada, papai. Hoje sairemos com Sr. Amauri e D. Mercedes para comemorar. Eles vêm me buscar logo, preciso correr para estar pronta.

- Espera, minha neta, eu quero sabê os detalhes, para depois podê agradecê meu Santo Antônio.

- Vovó! – ela faz um ar indignado e cedo - Tudo bem, venha até nosso quarto que conto tudo.

A campainha toca quando estou terminando de me maquiar. Encontro Eduardo e seu pai na sala, com Toninho fazendo mil perguntas.

- Posso assinar seu gesso? Nunca tive a oportunidade.

- Menino abestado, não aperreie o moço.

- Mas, vovó, sempre quis quebrar o braço para ter um monte de assinatura. O dele está limpinho, olha lá, coitado.

- Podemos ir? – interrompo, pois meu irmãozinho é teimoso e não vai deixar meu namorado em paz até conseguir o que quer.

No caminho, percebo que o filho quase não fala com o pai, mesmo este tentando manter uma conversa. Então, quando Sr. Amauri desce do carro para buscar D. Mercedes, toco no assunto que me incomoda.

- Eduardo, já há um tempo, noto sua frieza para com seu pai. Qual o problema? – seu semblante se fecha, mas me responde.

- Nos afastamos muito depois da morte de minha mãe. Ele focou no trabalho para esquecer a dor e não se importou com meu sofrimento – vejo como ainda dói, mas tenho que ajudá-lo a superar.

- Mas ele tem se esforçado para tentar reatar o relacionamento de vocês. Por que não dá uma chance? É seu pai, afinal.

- Tenho muita mágoa, é difícil. Ele me abandonou quando precisei.

- Mas está presente agora, que também é uma fase complicada em sua vida. Será que não é hora de deixar o passado para trás e recomeçar uma nova história com seu pai?

- Anjo, você tem razão. A vida me deu uma nova oportunidade, prometi que não jogaria fora. Me ajuda?

- Claro, no que precisar.

- Continue sendo a voz da minha consciência, meu anjo da guarda – me beija apaixonado e correspondo.

Somos interrompidos pela chegada de seu pai. D Mercedes está linda, com um vestido vermelho que contrasta com seus cabelos negros. Sr. Amauri está embasbacado, é até divertido de observar.

No restaurante, o clima mudou completamente. Eduardo se esforça, como disse que faria, e pai e filho mantêm uma conversa amigável. Fico feliz de saber que ele me escuta.

Na saída, meu namorado resolve ir me levar embora de táxi, para dar espaço para seu pai e acompanhante, e também para ficarmos um pouco sozinhos.

Nos despedimos no portão, mas combinamos de nos encontrar na tarde seguinte, na praça perto de sua casa, no nosso banco de todos os dias.

Flutuo até minha cama, feliz como nunca antes. Sempre li sobre estar apaixonada, mas não havia vivido ainda.

Na manhã seguinte, um sábado, desperto com a campainha muito cedo, antes das 6h. Minha avó atente a porta, pois já está em pé. É minha amiga Kátia e ela está horrível, parece que ainda não voltou para sua casa. Sua roupa está rasgada e a maquiagem escorrida pelo rosto.

- O que aconteceu? – ela custa a parar de chorar.

- Posso ficar aqui?

- Claro, tome um banho, te empresto uma roupa limpa. Depois me conta – ela faz como eu disse e só quando está mais calma, volta a falar.

- Fui a uma festa com o Douglas ontem. Estamos saindo de vez em quando, como você sabe. Ele bebeu demais e eu também me excedi. No final da noite, ele queria que eu fosse para um motel com ele, mas me recusei.

- E... – falo para incentivá-la, quando se cala.

- Ele foi tão grosseiro, começou a me tocar de forma que eu nunca permiti, tentei afastá-lo, mas ele se zangou e não me largava. Minha sorte foi o Luís.

- Ele também estava na festa? – deve ter ido apenas para ficar de olho na Kátia, já que não gosta de lugares badalados. Coitado do meu amigo...

- Sim, ele me salvou. Arrancou o Douglas de cima de mim e lhe deu um soco. Me levou para casa, mas não consegui entrar.

- Há quanto tempo foi isso?

- Umas 3 horas. Fingi para ele que estava bem e que entrei em meu prédio, mas quando ele se afastou, não pude subir. Não queria que minha mãe me visse assim.

- Devia ter me chamado antes.

- Não queria atrapalhar. Esperei sua mãe sair para o trabalho e toquei a campainha.

- Venha cá – abraço-a apertado – está tudo bem agora.

- Você me avisou sobre o Douglas, mas não te ouvi – esconde o rosto no meu ombro e chora ainda mais.

- Calma, já passou.

- Não sei o que teria acontecido se o Luís não estivesse lá. O Douglas ficou tão agressivo depois de bêbado. Não aceitou não como resposta. Ficava dizendo que eu só provocava, mas corria na hora, que desta vez iríamos até o fim.

Arrumo-a na minha cama, após chorar até dormir. Saio do quarto de fininho para que possa descansar.

Envio uma mensagem para o Luís, pois sei que gostará de saber como ela está. Ele deve estar péssimo com o que teve que presenciar. Por medo de situações como esta, nunca fui a festas e nem saí com os rapazes da faculdade. Sei que parece exagero, mas sempre acontece coisa assim nos livros e preferi evitar.

Só posso ser grata pelo príncipe que apareceu na minha vida. Vou pedir para a vovó colocar a Kátia e o Luís na sua lista do seu Santo Antônio.


Será que o Santo Antônio da Vovó tem a solução?

Ensinando a sonhar - Livro 3 da Série SonhosWhere stories live. Discover now