Capítulo 14

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POV Inês

Em casa, todos gostaram do Eduardo. Até meu pai o aprovou. Tiago o adora e só quer o seu colo e ele não reclama, mesmo com sua mão ainda não restabelecida.

Ele está jantando aqui hoje e o clima é muito agradável. Convidamos também seu pai e D. Mercedes. É visível como ele é apaixonado por ela, mas sei que ainda não se declarou. Talvez tenha medo de estragar sua relação patrão-secretária e sei que ele é muito dependente dela na empresa.

Vovó percebe o clima entre os dois, ela não perde nada. E também não consegue não interferir.

- Sr. Amauri, Mercedes está bonita, não é? – ele fica vermelho, mas consegue responder.

- Linda, como sempre.

- Não há cabra que não repare numa moça dessa. Tem namorado, minha filha?

- Não, senhora Severina.

- Que bando de homem avuado e froxo desta cidade. Na minha terra, não tava mais sozinha não.

Sr. Amauri engasga tão forte que não consegue respirar.

- Avia, Toninho, trás água pro pobre.

Depois disso, vovó deixou ele em paz, mas acho que funcionou, já que ele se ofereceu para levar Mercedes para casa, quando ela disse que pegaria um táxi.

Quanto àquela carta ameaçadora, entrego para o Sr. Amauri, no final do jantar, sem que Eduardo perceba. Nunca conseguia encontrá-lo a sós e acho que demorei muito para fazê-lo.

- Deve ser uma brincadeira de mau gosto, porém ficarei atento. Obrigada por não entregar diretamente a ele, e não comente nada. Ele está bem, não quero que nada o perturbe.

- Não falarei nada se ele não perguntar, mas estou preocupada.

- Vou aumentar a segurança da casa, instalarei um alarme e reforçarei as fechaduras.

Porém, hoje no parque, Eduardo tem outra carta nas mãos.

- Olha o que recebi. Achei tão estranho.

- Não te falei nada a pedido de seu pai e para não te preocupar, mas esta não é a primeira. Sabe de alguém que queira mal a você?

- Não me lembro de ter prejudicado ninguém. Fiquei muito intrigado.

- Seria bom procurar a polícia?

- Não acho que eles possam fazer algo, mas falarei com um amigo policial.

Recebo uma mensagem do Luís pedindo para conversar. Marco em minha casa dali uma hora.

- Preciso ir, amor. Meu amigo precisa de mim.

- Que amigo? Não estou gostando disso – faz o beicinho que tanto amo.

- Não seja manhoso. É só o Luís. Às vezes quer desabafar. Já te contei de seu amor não correspondido pela Kátia.

- Nos vemos amanhã então, mas vou morrer de saudade – me beija para provar o quão verdade está falando e é difícil me despedir.

Encontro Luís já à minha espera. Está nervoso, sei pela forma como mexe nos óculos e nos cabelos.

- O que aconteceu? Qual o problema?

- A Kátia. Quem mais?

- O que ela fez agora? – não suporto mais ver o sofrimento de meu amigo. Até quando insistirá em seu amor por ela?

- Acredita que, depois de tudo o que aconteceu com o Douglas, a vi no carro dele hoje?

- Mas como? Ela disse que não iria mais sair com ele.

- Eu não sei, mas desisto. Não quero mais correr atrás dela como um cachorrinho.

- Acho que deve ter uma explicação. Mas concordo que deve viver a sua vida.

- Sou apaixonado por ela há anos, mas nunca tive uma chance, sei disso. Cansei de ser um tolo apaixonado.

- Ela não é a única garota no mundo. É minha amiga e a amo, mas talvez seja bom você procurar outra pessoa.

- Sim, estou decidido. Vou me afastar, nem como amigo é bom estar por perto. Se tenho que romper seu feitiço sobre mim, a distância é a melhor solução.

- Concordo. Você é um cara incrível, tenho certeza que encontrará alguém logo. O problema é que nunca antes sequer olhou para outra pessoa.

- Eu só gostei dela, a vida toda. Mas estou cansado de amar sem ser correspondido.

- Se dê a oportunidade de ser feliz. Olhe em volta, há tantas garotas legais.

- Há uma menina na minha turma da faculdade, sei que gosta de mim. Pensei em chamá-la pra sair.

- Isso mesmo. Dê uma chance para ela.

- É o que vou fazer. Obrigado por me ouvir e cuida da Kátia por mim – seus olhos imploram que eu coloque juízo em nossa amiga, e sei que custará deixar de amá-la.

- Ela não me escuta, mas vou tentar.

Ligo para ela assim que ele sai, mas não atende. Deixo uma mensagem pedindo para entrar em contato.

Minha avó está na cozinha fazendo sua sopa especial para o filhinho da vizinha.

- Pobrezinho, vi ele hoje e estava abatido. Mas vai ficá bom logo com minha sopinha.

- O Sr. Magalhães é prova da eficácia de suas receitas. Como ele está?

- Rabugento e teimoso, como sempre.

- Mas, vovó, ele faz todas as suas vontades.

- Por que não dô moleza. Mas é um cabra bom. Vamos amanhã ao terço na casa da Candinha e na sexta, no arrasta-pé da terceira idade.

- Ele mudou tanto, não é? Lembra-se da primeira vez que ouvimos falar dele? De como era preconceituoso e solitário.

- Precisava de alguém que se importasse com ele. A solidão é uma tristeza. Mas, me diga, era o Luís que estava aí?

- Sim, decidiu desistir da Kátia.

- Menina abestada, está jogando fora um rapaz de ouro.

- Ela diz que só o vê como amigo, mas faz cada escolha para namorar que era preferível ficar sozinha.

- É meio abiscoitada essa tua amiga, isso sim.

Ligo para meu namorado e ficamos conversando ao telefone por muito tempo.

- Preciso dormir, sapinho. Amanhã acordo cedo.

- Não sabia que anjos dormiam... – imagino-o fazendo seu beicinho manhoso e adoraria estar perto para beijá-lo.

- Amanhã irei com você na fisioterapia.

- Mal posso esperar.

- Para me ver ou à fisioterapeuta bonita que te atende?

- Anjo ciumento?

- Foi eu que beijei o sapo, mereço ficar com o príncipe.

- Sou todo teu, amor.

- Boa noite, sonhe comigo.

- Sempre, amor, sempre. Durma bem.

Abraço e beijo meu sapinho de pelúcia já que o de verdade não está aqui. Sorrio pensando nele. Estou cada vez mais apaixonada.


Anjo e Sapinho... Gostaram?

Ensinando a sonhar - Livro 3 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora