Run

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Coreia do Sul, Busan, 03:56am.

O ronco do motor soou alto pela rodovia pouco movimentada àquela hora da manhã. Havia sido uma enorme estupidez usar um carro tão potente para escoltar uma carreta recheada de cocaína. Mas de qualquer maneira, era melhor previnir do que remediar.

Pisei no acelerador do Chevrolet Chevelle SS enquanto sentia do motor responder ao meu comando, ultrapassei o Audi R8 cobre de Namjoon sabendo o quanto aquilo o instigaria. Fora questão de segundos para o meu rádio chiar.

"Você quer brincar tão cedo, Minnie?".

Ele disse enquanto segurava o rádio com uma das sobrancelhas arqueadas, o vento frio chicoteava seus cabelos para trás.

Você sabe que pode ultrapassar de 100 por hora, não é? Estamos só você, eu e esse caminhão velho. Vamos brincar, monstrinho — Respondi prendendo o riso, Namjoon revirou os olhos e subiu o vidro fumê de seu carro.

Ele pisou no acelerador fazendo o pneu cantar enquanto entrava no meu embalo.

Engatei a terceira marcha, pisando firme no acelerador enquanto o ponteiro subia para 190km/h. Dirigir em alta velocidade era a única coisa que me fazia esquecer a droga de vida que eu vivia, mesmo que ainda só pilotasse "à trabalho". Ultrapassei a carreta balançando a cabeça negativamente para o motorista gorducho que quase dormia no volante, o boné azul surrado praticamente cobria seus olhos puxados e o pescoço desaparecia sob os ombros. Ele pulou no lugar com o som dos motores chiando. Os outros dois carros que escoltavam na frente, abriram caminho para Namjoon e eu, eles provavelmente estariam rindo da nossa brincadeira, ou nos invejando por não termos medo das consequências. Bem, Namjoon apenas era meu protegido.

"Que tal 200 por hora?".

O rádio chiou novamente e a voz de Namjoon soou divertida.

Eu acho que você não aguenta tudo isso. Quero dizer, mal consegue cortar o giro corretamente. — Provoquei-o e virei o volante quase batendo em sua lateral.

Abaixei os vidros deixando que o vento frio dançasse entre minhas mechas escuras e Namjoon fez o mesmo, os fios recém tingidos de cinza balançavam com certa brutalidade. Ri de sua expressão irritada e acelerei o carro novamente, mantendo nossa direção.

— Se você chegar até o limite da rodovia primeiro, eu faço seu dever de matemática por um mês! — Ele berrou enquanto trocava as marchas do carro, ganhando mais velocidade.

— Feito! — Gritei de volta e encarei a estrada que se estendia até o final do pico.

As placas em neon avisavam sobre uma obra acontecendo em quinhentos metros e a velocidade máxima era de oitenta por hora. Eu não iria perder aquela aposta por nada.

Meu rádio chiou mais uma vez e eu já estava pronto para caçoar de Namjoon, quando a voz de Jun soou.

"Temos companhia. Dois carros estranhos se aproximando rapidamente, sendo seguidos por uma moto".

— Droga! — Bufei irritado e olhei para Namjoon do outro lado.

Ele balançou a cabeça sabendo extremamente o que fazer.

— Protejam a cocaína. — Ordenei e posicionei meu retrovisor, para visualizar melhor.

Quem em sã consciência roubaria uma caminhão de moto?

Namjoon e eu engatamos a marcha ré no mesmo instante, assustando nossos companheiros. O pneu cantou sobre o asfalto, onde provavelmente deixaria uma marca estreita. Manobrei meu carro voltando para os fundos da carreta. Abri o zíper na minha coxa encontrando o calor familiar das lâminas pesadas presas em uma cinta-liga. O primeiro carro estava se aproximando e eu podia ver claramente o motorista, tinha cabelos brancos e usava uma máscara vermelha no rosto, os olhos eram puxados e usava roupas claras. Dois dos nossos companheiros também decidiram ficar para trás e pilotavam em contra-mão.

Tentei absorver tudo sobre nossos invasores. Carros com latarias brilhantes e prateadas, eram importados pela altura que estavam do asfalto, baixos, praticamente colados ao chão. Isso dava mais estabilidade para correr, mesmo que os motores não fossem tão potentes.

"Não são ladrões comuns."

Namjoon completou meu raciocínio pelo rádio.

Apertei o pequeno botão vermelho, o respondendo.

Não. São organizados demais, e não poderiam saber sobre nossa exportação se não trabalhassem com isso. Quem você acha que são?

Estremeci só de pensar que talvez os boatos que estavam correndo pelo continente todo fossem verdadeiros.

"Talvez sejam japoneses!".

Namjoon respondeu rapidamente.

Diminui a velocidade vendo Jun invadir minha traseira com seu carro vermelho, ele empurrou o carro prateado com o seu e o companheiro ao seu lado sentou-se na janela, puxando algumas facas consigo. As próximas cenas aconteceram rapidamente e eu achei que estivesse vendo coisas, fora questão de segundos para que o homem caísse no asfalto com um tiro atravessando seus miolos.

— Mas que porra... — Grunhi assustado, nunca havia lidado com armas de fogo antes. São proibidas na Coreia do Sul.

"Que porcaria foi essa?!".

Namjoon berrou tão assustado quanto eu.

Jun, responda! O que está acontecendo?

Falei rapidamente enquanto colocava a cabeça para fora do vidro, e tentando manter a velocidade do carro. A carreta avançava o máximo que podia com duas escoltas, enquanto o segundo carro inimigo avançava ziguezagueando entre nós.

— Que merda! — Xinguei irritado.

"De onde eles vieram?".

Jun respondeu, a voz soando apavorada.

Estava prestes a respondê-lo quando senti meu carro pular para frente. Olhei para trás percebendo que a moto estava me empurrando. Mas que porra estava acontecendo?

"Jimin?".

Pisei fundo no acelerador para matar o desgraçado que estava amassando minha lataria, mas o homem fora mais rápido e zarpou detrás do carro, acelerando com aquela besta ficando lado a lado comigo. Era uma Kawasaki Ninja prateada com riscos irregulares e vermelhos gravados no tanque da máquina, o piloto também estava todo de branco e usava um capacete da mesma cor, ele me encarava e eu apostava que estivesse sorrindo pelas rugas que se formavam nos cantos dos olhos puxados e azuis. Lentes de contato.

Puxei a kunai preta da minha cinta-liga, pronto para arremessar a faca pesada em suas costas e vê-lo agonizar até a morte, mas vi quando ele puxou algo da cintura. Algo cintilante com um cano cromado, dois estalos ecoaram quando entrei no túnel baixo da rodovia que levava até o fim da cidade. Consegui chegar antes da Namjoon.

Pensei em comemorar, mas eu estava presenciando uma missão suicida, e meu pescoço estava latejando. Virei para frente a tempo de ver a estrada incompleta se aproximando rapidamente enquanto as luzes vermelhas e laranjas piscavam em meus olhos, senti o baque das madeiras e concretos caírem sobre minha cabeça enquanto meu carro perdia o controle e atingia uma grande muralha pedregosa. Minha cabeça girou duas vezes e o cheiro de gasolina predominava no ar. Meu corpo deu um solavanco contra o cinto de segurança e meu cabelo estava fora do couro cabeludo, algo quente escorreu pela minha bochecha e a faca caiu da minha mão antes de voar pelos ares.

Do outro lado do túnel, a moto passou lentamente e o piloto encarou-me tirando o capacete branco, ele usava uma máscara vermelho-sangue como os outros e piscou, jogando a cabeça para trás enquanto os fios de cabelo arroxeados eram chicoteados pelo vento frio.

Fechei os olhos frustrado demais para querer ir atrás dele, me rendendo à escuridão.

Boy Meets Evil • JKJMWo Geschichten leben. Entdecke jetzt