• Capítulo 11 •

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Julieta Chávez

Apertei minha bolsa sobre o meu corpo e adiantei meus passos.

Como fazer o Hugo perdoar o pai ?? Como explica-ló que na verdade, nada aconteceu como ele imagina ??

Essas perguntas estão acabando comigo, eu tento falar com o meu filho mas sempre quando menciono o nome do pai dele, ele muda e acaba sendo grosso comigo. Conheço muito bem o Hugo, aliás o mesmo é meu filho, sei que não há nada que o faça mudar de ideia, nada vai fazer ele acreditar nas palavras que tenho a dizer.

Ele não vê o pai nem pintado de ouro.

Aquela mulher, Diana se não me engano, ela tem um jeito diferente e tenho quase certeza que ela vai me ajudar, intuição de mãe não falha. Nesse exato momento estou indo em direção a casa dela, preciso da ajuda dela para convencer meu filho.

Toquei a campainha e esperei alguns minutos. Não demorou muito e a mesma abriu a porta, ela está com uma calça jeans, um casaco azul de frio e um cachecol nude enrolado no pescoço. O tempo hoje realmente fechou, está muito frio e segundo a previsão do tempo, pode nevar a qualquer momento.

- Por favor, entre - me deu espaço.

- Obrigada - agradeci e entrei.

Ela trancou o portão e me direcionou até lá dentro, a sala é bem aconchegante, não é muito grande mais se for só pra ela, o tamanho está excelente.

- Quer um café ?? - ofereceu - Acabei de passar agora e acabei de fazer um bolo de fubá quentinho também, aceita ?? - sorriu.

- Se não for encomodo, vou querer um pouquinho - ajeitei minha bolsa.

Amo um bolo de fubá quentinho, é uma receita deliciosa. Aqui não é muito comum esse bolo, poucas pessoas conhecem, ele é mais famoso lá no Brasil. Quem não gosta de um café quentinho e um bolo de fubá quentinho também, nesse frio ??

- Aqui - me entregou.

Ela se sentou ao meu lado e enquanto comia, fomos dialogando sobre outros assuntos.

- O bolo estava uma delícia, você tem mãos de ouro - segurei as mesmas e demos uma risada.

- Oh, quanta gentileza da senhora, apenas tento fazer o melhor a cada dia - deu um sorriso tímido.

- Bom Diana, eu preciso muito da sua ajuda - suspirei.

- Diga-me, em que posso ajudar ??

Acho tão belo, quando uma pessoa mesmo sem saber os problemas se dispõem a ajudar o outro. Acho essa atitude bela, sincera e verdadeira, porque se fosse outras pessoas iriam dizer a famosa frase " depende do que se trata."  Quando a pessoa realmente quer ajudar, ela não liga tanta pra outras coisas e sempre está disposta a ajudar, independente da situação.

- Bom, o Hugo só é.. - comecei a explicar.

Contei tudo detalhadamente, cada detalhe é importante para que ela entenda o que realmente aconteceu, naquela tarde de 21 de setembro. Já tem 14 anos que isso aconteceu e o Hugo ainda não conseguiu superar, porque ele não quer ouvir a verdade.

- Meu Deus, que horror !! - levou a mão na boca, horrorisada pelo o que ouviu.

- Eu não sei mais o que fazer, isso está matando o meu filho por dentro - uma lágrima escorreu pelo meu rosto - Ele é essa pesssoa fechada, por causa desse passado horrível dele, eu já não sei mais o que fazer.. - suspirei.

- Fica calma, eu vou lhe ajudar, vou fazer de tudo para que ele me escute - disse convicta.

- Você veio dos céus, sabia que podia conta com você - disse - Quando te vi, sabia que tinha um brilho, uma luz especial que te guiava, você é toda feliz, toda alegre e só Jeuss pode nós dar, posso lhe dar um abraço ?? - meus olhos se encheram de água.

- Claro - sorriu e me abraçou.

Um abraço verdadeiro, onde ela pode me passar confiança.

Em quantos hoje em dia podemos confiar ?? Em quantos hoje em dia podemos desabafar, contar nossos segredos ?? Muitos só estão esperando darmos confiança, para nos apunhalar pelas costas. Temos que saber em quem confiamos, prestar atenção, porque não é qualquer um que podemos confiar.

- Eu preciso ir - disse assim que nos soltamos - Meu marido está a minha espera - peguei minha bolsa e me levantei.

Ela me acompanhou até a porta do lado de fora, nos despedimos mais uma vez com um abraço mas diferente do outro, esse não demorou muito.

Sai dali em direção a minha casa, moramos na mesma rua. Eu moro um pouco acima da rua, no começo dela.

Depois de alguns minutos andando, entrei na minha casa.

O Víctor, meu marido e pai dos meus filhos, está sentando no sofá enquanto trocava de canal, com o controle remoto nas mãos. Caminhei até ele, dei um selinho e me sentei ao seu lado, ele desligou a televisão e me olhou esperançoso.

- Ela vai me ajudar - sorri - Finalmente vamos ter nosso filho de volta, o Hugo vai voltar a ser aquele menino alegre, feliz - disse não contendo a felicidade.

- Não vejo a hora disso acontecer e pensar que tudo aconteceu, por um pequeno deslize meu.. me arrependo tanto daquele maldito dia - abaixou a cabeça.

- Calma, não foi culpa sua - levantei seu rosto - Agora vai ficar tudo bem, finalmente o Hugo vai lhe perdoar e vamos voltar a ser aquela família como antes - beijei seu lábios.

Depois daquela tarde, o Hugo ficou quieto na dele, não falava com ninguém. Cresceu frio, não se importando com ninguém, apenas a opinião dele valia, até a doce Helena nascer. Pensei que ele ia mudar por completo mas ele mudou apenas com a filha, com as outras pessoas ele continuava o mesmo.

Durante esses anos, eu fiz de tudo para melhorar a situação, pra reverter esse quadro mas nada adiantou.

" Passados, pequena palavra pra uma lembrança muito forte, se não puder esquece-los, mate e assim acabará com a dor que tanto te atormente"

- Hugo Chávez

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