III

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>>Ponto de vista de Elise Clark<<

8 de abril de 2014...

A equipe do Coulson recebeu um alerta de Fury sobre o aparecimento de um 0-8-4 (objeto de origem desconhecida) em Barcelona. Nossa missão era simples: encontrar o objeto, tomar posse dele e levá-lo para a Geladeira, a base de contenção mais segura da Shield.

Exceto que deu tudo errado...

Ao chegarmos em Barcelona, descobrimos que uma equipe da Hydra estava atrás do mesmo objeto. Mesmo contra as ordens do meu supervisor - que insistiu que eu ficasse no Ônibus junto de Fitz-Simmons e May - eu resolvi seguir ele, Coulson e Skye. E ao localizar a equipe da Hydra, eu tentei lutar contra eles, sozinha (não aceitando perder mais um objeto de valor para eles, como o acontecido na minha última operação com a Romanoff).

Eu me coloquei em perigo, na minha primeira missão em campo com a nova equipe, e acabei atrapalhando o andamento da mesma. Em vez de se preocupar em recolher o objeto e lutar com os outros membros da Hydra, Ward teve de livrar a minha barra.

Skye e Coulson, sozinhos, não conseguiram deter os agentes e acabaram perdendo o 0-8-4 para eles.

A culpa da missão ter falido era completamente minha, eu sabia. O olhar de irritação do Ward e a impaciência dele em lidar comigo era mais do que justificável.

"O que eu disse para você?", ele indagou, me puxando rudemente pelo braço.

Tropecei nas minhas próprias pernas, por conta dos ferimentos de luta. E só então ele pareceu notar o corte em minha coxa e o modo como eu mancava.

"Droga," ele suspirou, cerrando os olhos, aliviando a pressão de suas mãos. "Vem aqui," pediu com uma voz mais doce, passando o meu braço por trás de seu pescoço.

Incerta, eu deixei que ele me ajudasse. Não queria deixá-lo ainda mais irritado.

****

Duas horas depois de termos decolado de Barcelona, Simmons me liberara do atendimento médico: o resultado de minha imprudência me resultou em um corte profundo na coxa direita e um tornozelo torcido na mesma perna.

"Você vai ficar bem, só precisa repousar," ela disse com um sorriso simpático. Até que desviou o olhar para porta, subitamente, o que chamou minha atenção.

Ward estava parado sob o limiar, de braços cruzados, me encarando com a mais fria das expressões. Nada me fazia esquecer o modo grosseiro com que ele me tratara, por mais errada que eu estivesse. Ele não tinha o direito de me arrastar por aí como uma boneca de pano.

"Posso ter uma palavra com ela em particular?", ele questionou com um baixo e rouco tom de voz, franzindo o cenho de leve.

"Claro," respondeu educadamente a cientista, deixando-nos a sós.

Ward esperou ela sair, então entrou na enfermaria, parando à minha frente. "Como está se sentindo?"

"Bem," respondi, mirando sem foco a parede atrás dele. Estava magoada e ofendida com as atitudes dele e ele, de certa maneira, percebeu, pois logo tratou de se desculpar:

"Elise," ele suspirou. "Eu sinto muito por como agi lá... eu...", o moreno hesitou, encarando a bota ortopédica que imobilizava o meu tornozelo. "Eu fiquei realmente frustrado com a sua falta de obediência."

"Você veio se desculpar ou me insultar ainda mais?", eu rebati, cruzando os braços. Ward pareceu surpreso com minha atitude, mas ele logo encobriu.

Ele sempre fazia isso.

"Olhe...", suspirei, reduzindo a acidez do meu tom de voz. "Eu sei que o que eu fiz foi errado. Droga, eu tenho consciência! Não foi nenhuma atitude impensada... eu fui treinada pela Viúva Negra! E eu sinto que estou desperdiçando as minhas habilidades presa dentro desse avião. A Skye e o Coulson não são nem um pouco bons em combate, e eu pensei que..."

"Eles não estavam sozinhos," Ward relembrou. "Eu estava cobrindo eles... até você tirar o meu foco!"

"Já que estamos sendo tão honestos," eu disse com um tom permeado de ironia. "Nada disso teria acontecido se a May estivesse em campo! Mas, não...", eu abri os braços, teatral. "Agora ela virou pilota de avião!"

Ele desviou o olhar para a janela, e então eu senti o sangue gelar em minhas veias: May tinha acabado de escutar tudo o que eu dissera.

Merda! Esqueci que aquele avião tinha a merda de um piloto automático!

O que me surpreendeu, no entanto, foi que ela apenas deu as costas e se afastou, sem retrucar...

"Transferir a culpa não é legal," Ward me disse com um tom de reprovação, meneando a cabeça em um gesto negativo. "Você precisa crescer, Elise," adicionou por fim, me deixando sozinha na enfermaria.

Se tinha algo que eu odiava era ser julgada... tratada como uma criança. Eu sabia que eu tinha agido errado! Eu não precisava de sermões, pois eu mesma já me dava o suficiente...

Coloquei-me de pé, mesmo com as fortes recomendações de repouso por parte da Simmons, e deixei a enfermaria. Procurei por Coulson, encontrando ele a jogar xadrez com o Fitz.

"Senhor."

Ele olhou pra mim, corrigindo a postura. "Clark," me saudou, abrindo um sorriso simpático apesar de todo o ocorrido. "Você não deveria estar..."

"Senhor," eu o interrompi. "Eu gostaria de me resignar."

"Whoa!", ele ergueu a mão, como se pedisse pra eu ir mais devagar. "O quê?"

"Eu estou pedindo demissão."

A Letter to Elise [Grant Ward]Where stories live. Discover now