IV

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>>Ponto de vista de Elise Clark<<

"Coulson," May se aproximou, interrompendo-o no exato momento que ele iria me responder. "A agente Romanoff fez contato."

"O que ela disse?", ele perguntou, levantando-se e aproximando-se da asiática. "Algum problema?"

May olhou pra mim. "Ela perguntou se você poderia liberar a Elise."

Coulson olhou pra mim, dando de ombros. "É com você."

"Ela disse o que ela quer comigo?", perguntei, fingindo não ter visto Ward chegar no recinto, por mais que ele não parasse de me fitar.

"É o hard drive. Ela o localizou... e perguntou se você estaria interessada em recuperá-lo, visto que ela está ocupada com outra missão."

Eu olhei para o meu próprio tornozelo imobilizado e dei de ombros, voltando a fitar a agente. "Pois pode avisá-la que a missão já está cumprida," anunciei confiante, sentando-me em um dos bancos do Ônibus para remover a bota ortopédica.

May assentiu, se retirando. Coulson me fitou, abrindo um sorrisinho irônico. "O que é que você estava me dizendo?"

Eu lhe lancei um olhar de falsa indignação. "Esqueça, senhor. O dever me chama."

Ele espelhou o meu riso, voltando a se sentar com Fitz. O cientista me olhava preocupado. "Jemma não vai gostar disso."

"Eu vou ficar bem," eu o garanti, dando uma piscadinha esperta. "A Simmons mal sabe que eu já me ferrei bem mais do que isso."

Ele deu de ombros. "Você que sabe. Só... se cuide, ok?"

Eu assenti, captando o olhar malicioso de Coulson. O que tava rolando?

'Deixa pra lá,' pensei comigo mesma, me retirando dali. Tentando, pelo menos, visto que Ward se colocou no meu caminho.

"Com licença, aonde a senhorita pensa que vai?", ele inquiriu, erguendo apenas uma das sobrancelhas.

E lá estava aquele tom brincalhão de quando nos conhecemos... tom que eu não mais ouvira, exceto naquele momento, o que pareceu mais do que estranho.

"A minha supervisora precisa de mim."

"EU sou o seu supervisor," ele me corrigiu, pousando as mãos na cintura, cenho franzido - o que formava um delicado risquinho vertical entre suas sobrancelhas.

Por que eu me deixava notar essas coisas? Era pra eu estar nutrindo um ódio mortal por ele depois de tudo... mas, lá estava eu, percebendo os mínimos detalhes do seu rosto.

Merda. Eu estava mais do que com raiva de mim mesma.

"Você não tem condições de ir, muito menos sozinha," ele anunciou por fim, me trazendo de volta à realidade.

"O quê?"

"Você o ouviu," intrometeu-se Coulson, sem tirar os olhos de sua jogada.

Eu voltei a fitar o Ward. "Eles precisam de um especialista de Operações aqui. Você não pode deixá-los sozinhos."

"Eles não estarão," anunciou May, voltando ao local. "Eu vou cuidar deles," ela adicionou, cruzando os braços. "Meus dias como apenas pilota dessa equipe acabaram. Apesar de eu ter odiado ouvir o que eu ouvi... você tem razão."

Coulson até deixou cair a peça de xadrez, um cavalo branco, que ele estava prestes a mover. A situação seria muito além de apenas cômica, se eu não estivesse com tantas preocupações em mente para rir daquilo.

Ward arqueou as sobrancelhas, inclinando de leve a cabeça para baixo, em minha direção. Uma silenciosa constatação do tipo 'Acabou? Podemos ir agora?' em seu olhar.

Assenti, mesmo contrariada. "Certo."

****

>>Ponto de vista de Grant Ward<<

Quando May anunciou aquilo, eu vi a urgente necessidade de me corrigir com a Elise e convencê-la a me deixar ir com ela. Seria um risco para mim, e para toda a Hydra, se ela conseguisse entrar na base e recuperar o hard drive.

E então, quando May anunciou que voltaria a fazer trabalho de campo, caso fosse preciso, na minha ausência, todas as desculpas que ela podia arranjar pra me tirar de cena foram por água abaixo.

May tinha pousado o Ônibus para que a gente pudesse desembarcar: Hill tinha encontrado uma pista sobre o paradeiro do 0-8-4, e eles iriam tentar recuperá-lo. Bem, eu não podia impedir tudo... e, com certeza, o hard drive era muito mais importante que um objeto desconhecido.

Elise se aproximou de um carro, olhando para os dois lados antes de quebrar o vidro do motorista e destravar a porta. Com sua mão enluvada, ela afastou os cacos de vidro e ocupou o banco, fazendo ligação direta naquele velho Chevy Malibu.

"Gosto interessante pra carros," comentei, ganhando apenas um olhar inexpressivo da parte dela, que destravou pra mim a porta do carona.

Embarquei.

"Por que quis vir comigo, de verdade, Ward?", ela inquiriu, conseguindo dar partida no motor. Uma antiga música do AC/DC tocava no rádio, ocupando o silêncio que eu deixara no ar. "Você estava surtando comigo, minutos atrás."

"Porque é o meu trabalho. Como supervisor, eu tenho que tomar conta de você," tratei de responder.

Com o foco total na estrada, ela me disse com um furioso (e ferido?) tom de voz: "Se você me tocar de novo daquela maneira... eu juro, eu vou te dar outro soco na cara."

Eu ri baixinho, tentando desviar a mente dela de toda a raiva e desconfiança que ela criara por mim. "Entendido," respondi, erguendo as mãos como em um sinal de rendição. E, então, com um tom mais sério, adicionei: "Eu sinto muito, Elise. Não era minha intenção... eu só... reagi."

"Supostamente os especialistas não deviam manter suas emoções sob controle?", ela indagou com certo deboche.

Era uma oportunidade e tanta pra se deixar passar. Eu apelaria para o lado emocional dela, respondendo com um bom flerte: "Sim. Nem eu poderia imaginar que perderia o controle quando visse você lá... prestes a..."

"Morrer?", ela completou por mim. Eu assenti, estudando, em silêncio, as expressões em seu rosto.

Pronto. Lá estava a resposta física que eu queria. 


****

Notas da tia: carro roubado por Elise: Chevrolet Malibu SS 1965

Notas da tia: carro roubado por Elise: Chevrolet Malibu SS 1965

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A Letter to Elise [Grant Ward]Where stories live. Discover now