VI

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>>Ponto de vista de Grant Ward<<

"Eso es mismo necesário?", perguntei, erguendo as mãos lentamente em um gesto de rendição.

Diego tocou o próprio queixo, fitando o teto do bar por alguns segundos, antes de voltar a me encarar. "Sí."

Os agentes se aproximaram, fechando o cerco ao nosso redor.

Essa parte, sobre a Hydra surgir, era mais do que inesperado, mas as coisas começaram a fazer sentido quando eu vi Garrett perto da saída dos fundos - por sorte, sem o seu uniforme da Shield.

Será que Elise conhecia o meu 'supervisor'? Será que ela notara a sua presença? Torcia para que não, sobre ambas as perguntas, ou o meu disfarce estaria em risco.

Eu tinha contado a Garrett, por mensagem, nos poucos minutos de privacidade que eu tivera no avião, que precisaria ir até a base da Hydra de Portugal para 'buscar' o hard drive em nome da Shield. Pedi a ele para que movesse ou destruísse as informações e dobrasse a segurança na base...

Só não contava que ele iria aparecer, cercado de agentes. Com um aceno discreto, ele deixou o bar. E eu pude respirar aliviado. Elise estava focada demais em Diego para perceber: seu olhar sanguinário, como o de um pit bull treinado pra matar.

"Nu, v takom sluchaye, ya sdayus'," disse Elise, olhando pra mim. Ela sabia que eu entendia russo, e sabia que eu desconfiaria ao ouvi-la dizer tais palavras, porque ela nunca se rendia. Nem quando treinava comigo.

O que só significava uma coisa...

Mesmo com a perna machucada, ela lançou um chute na mão de um dos agentes, tomando a metralhadora dele para si e rapidamente escalando os seus ombros, no estilo Viúva Negra. Ela era tão ágil, que os agentes só reagiram quando ela já se encontrava montada nos ombros daquele cara, e já tinha abatido seis deles.

Não tendo a chance de ficar parado, ou as suspeitas seriam grandes, eu fechei os meus punhos e saí acertando o rosto de cada um dos agentes que cruzavam o meu caminho, nocauteando-os ao invés de matá-los.

Diego havia soltado um grito agudo e se escondido atrás do balcão do bar quando o tiroteio começou. Metade dos motoqueiros saiu correndo e montaram em suas Harleys, fugindo dali. A outra metade foi proteger o traficante, decidindo lutar contra a gente também.

****

>>Ponto de vista de Elise Clark<<

Cansado de tentar me derrubar de cima dele, o agente da Hydra se jogou ao chão junto comigo. Como eu tinha uma sorte magnífica, meu tornozelo ficou preso sob as costas dele, e a dor me fez perder as forças: não conseguia sair dali...

Até que ele rolou para o lado e pressionou uma faca contra o meu pescoço.

"Larga a arma," ele disse, sua voz repleta de autoritarismo.

"Essa aqui?", debochei. Ele pressionou a faca ainda mais, até que eu senti uma gota de sangue escorrer pelo meu pescoço: ele não estava pra gracinha.

Soltei a arma.

Ele a pegou com sua mão livre e se pôs de pé: Ward não estava em lugar algum. O agente e eu procurávamos pelo moreno por razões bem diferentes, mas chegamos a mesma conclusão.

Ergui minhas mãos em um gesto de rendição, mais do que contra a minha vontade. Os pontos da minha coxa tinham arrebentado e o meu tornozelo doía demais para que eu me colocasse de pé.

E quando eu achei que o cara ia puxar o gatilho, Ward surgiu do nada e meteu o pé contra as costelas dele, lançando-o para longe: o agente bateu a cabeça no balcão e caiu desacordado. Mesmo usando uma máscara negra, era possível ver uma mancha se tornando cada vez mais escura na nuca dele: sangue.

Desviei o olhar para o meu supervisor: o rosto dele estava todo marcado e sujo de sangue, assim como os seus punhos. Olhei ao redor: todos os poucos motoqueiros que tinham permanecido no bar estavam mortos.

Diego se levantou de trás do balcão, erguendo as mãos em rendição. Ward e eu nos distraímos com ele e não percebemos a chegada de outro inimigo, até que foi tarde demais: com o cabo de uma escopeta, o homem (que aparentava ter uns 45-50 anos) acertou a nuca de Ward, colocando-o para desmaiar.

Então ele olhou pra mim, abrindo um sorriso sinistro. Sem olhar em direção a Diego, ele puxou a escopeta e estourou a cabeça do espanhol.

Fechei os olhos. A cena era horrível, até mesmo para mim.

"Se quiser salvar o seu príncipe encantado aqui...", o homem disse, com um olhar mais do que sombrio. "Você virá comigo sem contestar. Estamos entendidos?"

Assenti, temendo pela vida do meu supervisor.

"Ótimo. Levante-se."

Eu sabia que não tinha condições de me levantar, mas tentei: caí sentada novamente.

O homem suspirou, irritado. "Quer que eu arrebente sua outra perna?"

Ah, se eu tivesse condições de lutar! Eu faria aquele desgraçado engolir o próprio pé.

Descoordenada, me apoiei em uma das mesas do bar e me ergui, deixando o peso do meu corpo todo apenas sobre a minha perna esquerda.

"Vamos," o homem disse, entregando a escopeta para outro agente da Hydra, que entrara no bar para levar um desacordado Grant Ward sobre o seu ombro.

Com uma pistola em punho, ele me apoiou com o seu braço livre, me mantendo sob sua mira enquanto me conduzia pra fora do bar.

"Se tentar qualquer gracinha, eu te mato. E depois mato ele. Entendeu?"

Eu assenti, resistindo à imensa vontade de chutá-lo nas bolas. Quando estivesse em forma, eu cumpriria a minha ameaça: faria com que engolisse o próprio pé. Mas... tudo no seu tempo.

****

Notas da tia: 

1) a frase em russo significa "Bem, nesse caso, eu me rendo."

2) É dito por Coulson na série, no episódio S01E02 - "0-8-4", que Ward sabe seis idiomas. 

A tia ficou atenta aos detalhes e, tirando o inglês que é a parte óbvia da história, conseguiu perceber que o francês (EP S01E01 - "Pilot"), o russo (EP S01E07 - "The Hub"), o italiano (EP S01E13 - "T.R.A.C.K.S.") e o espanhol (EP S01E18 - "Providence") são outros quatro desses seis.

Ainda tentando descobrir o último (risos). A missão continua!  

A Letter to Elise [Grant Ward]Where stories live. Discover now