V

321 32 23
                                    

>>Ponto de vista de Elise Clark<<

Pressionei minhas coxas uma contra a outra, sentindo as mais variadas reações biológicas decorridas de uma simples confissão dele: minhas bochechas pareciam em chamas, meu coração parecia o tic-tac de uma bomba recém armada, o ar trancado na garganta... a mais pura falta de concentração, pois nem mesmo a marcha do carro eu percebi que precisava trocar: o motor roncando nos 5 mil giros por minuto, implorando para que eu colocasse a quarta marcha.

"Está tudo bem?", Ward provocou, com o mais estúpido dos sorrisos.

Assenti, não ousando voltar a fazer contato visual.

Ouvi ele suspirar. "Ótimo. A base fica em Portugal. Eu tenho alguns contatos na fronteira, gente que pode nos liberar passagem... meio que ilegalmente."

"Meio?", perguntei, tentando desviar os meus pensamentos acerca do meu próprio corpo e voltar a focar na missão.

"Totalmente. Só tem um detalhe...", ele hesitou, movendo-se com desconforto sobre o banco: digamos que o Malibu não era o carro mais indicado para quem tinha quase 1 m e 90 cm de altura.

"Qual?"

"Diego, meu contato... ele não sabe se comportar. O único jeito dele lhe deixar em paz, é se eu apresentá-la como minha esposa."

****

>>Ponto de vista de Grant Ward<<

Ela não estava nada a vontade com o plano, eu podia perceber. Mas não arriscaria que nada ocorresse com ela. Diego era um tremendo filho da... eu tinha noção que teria de manter o dobro de vigilância sobre ela quando chegássemos lá. Ainda mais que ela não estava em plena forma para combate...

Não que eu me importasse com a Elise, mas eu ainda tinha um papel a cumprir. Quando fosse a hora certa, não só ela, assim como toda a Shield cairia.

"Nem pensar!", ela exclamou, franzindo o cenho, me lançando um olhar de soslaio. "Qualquer bom observador vai perceber a mentira... a começar pelos anéis invisíveis, gênio!"

"Poderíamos estar sob disfarce... anéis atrapalham na luta... há milhares de motivos pelos quais agentes não os utilizam."

"E como explicar essa tensão toda?", ela ainda estava irritada comigo, era o que ela estava implicando. Eu tinha entendido perfeitamente, mas não perderia a chance de jogar com as palavras.

"Ainda melhor," respondi com uma piscadela, me divertindo ao ver o seu rosto se tingir de vermelho mais uma vez.

"Raiva não pode ser confundida por tensão de...", ela hesitou, reduzindo a velocidade até parar no semáforo. "Nem em Marte!"

****

>>Ponto de vista de Elise Clark<<

Ele riu baixinho. Parecia estar adorando me provocar. "Com jeitinho, pode, sim," acrescentou, pousando a mão alguns centímetros acima do meu ferimento.

Eu o encarei. E ele teve a cara de pau de sorrir de novo. "Verde."

Por alguns instantes fiquei verdadeiramente confusa, até ver que ele estava falando do sinal. "Porra," resmunguei entre os dentes, descontando minha frustração na palanca de câmbio.

****

"É aqui," apontou Ward. "Naquele bar, cheio de Harleys na frente."

"Certo," respondi, estacionando ao lado de uma das motos. O bar estava localizado a 20 km de distância da fronteira e, segundo Ward, o tal Diego operava tanto em Portugal, quanto na Espanha e na França, transportando armas de maneira ilegal entre os países.

Como o meu supervisor conhecia um homem sujo daqueles, era uma excelente questão. Fiz uma nota mental: perguntaria quando tivesse a oportunidade.

"Lembre-se...", ele disse quando eu me preparei para desembarcar.

"É, é. Tanto faz," eu o interrompi, deixando bem claro a minha indignação ao bater a porta do carro.

Nós entramos no bar. Ward pousou a mão nas minhas costas, me guiando pelo lotado ambiente.

O local era um dos mais terrivelmente frequentados, mas estar ao lado de Grant Ward me dava a mais absoluta sensação de confiança. Não... não de que ele me protegesse caso fosse necessário (o que eu bem sei que ele faria), mas, sim, a confiança que eu tinha era em mim mesma: ele me inspirava. E me fazia acreditar que era invencível naquele instante, não importasse o que viesse a ocorrer.

"¡Cuánto tiempo, viejo amigo!"

Bem, se aquele era o Diego... eu entendia Ward completamente. O latino cumprimentava o meu supervisor, mas não tirava os olhos de mim. Um sorriso mais do que sugestivo entalhado naquela cara de pau.

"Cuatro años, creo," respondeu Ward, segurando minha mão discretamente.

Bem, não tão discretamente assim, pois o homem notou.

"¿Y quiem es tu, chica?"

"Elise," informei, arriscando um breve olhar em direção ao meu parceiro de missão.

"Parece muy tensa. ¿Qué se pasa?"

"Nada," respondeu Ward no meu lugar, abrindo um sorriso cínico quando o espanhol o fitou. "Estoy aqui para negocear. No para te introducir mi esposa."

"¿Oh, esposa de él, si? Es muy bonita. No combina con un hombre tán salvaje."

"A mi me gusta los salvajes, señor Diego," retruquei, com uma segurança inesperada. "Cómo mi marido dice, él está aqui para negocear. No hablar a mi respecto."

"Ella tiene cojones, compadre. Ahora percibo la energía de la pareja," o latino se riu, levando a mão ao próprio peito.

"Diego," Ward suspirou, controlando a impaciência cada vez mais crescente. "Nosotros necesitamos cruzar la frontera. Tenemos que llegar en Portugal hasta la noche. Es nuestro último plazo. Necesitamos de tu ayuda."

"Deja la mujer aqui y hacemos negocio."

O agente fechou o punho. "No. Fuera de cogitación," disse, como se rosnasse sua resposta.

"Entonces... nada hecho."

E com essas palavras, dezenas de soldados da Hydra surgiram do fundo do bar, colocando a mim e ao meu supervisor sob a mira deles.

****

Notas da tia:

1) Eu estudei espanhol por seis meses, ainda assim sou mais do que enferrujada. Se alguém ter mais entendimento do idioma e notar quaisquer erros, não hesitem em apontar. Ficarei grata!

2) Diego é um personagem original da tia. Face claim: Antonio Banderas.

(Escolhi o Banderas aqui, porque o lado tagarela de Diego foi inspirado em Galgo, o personagem de Banderas em "The Expendables" ou "Os Mercenários" - título PT-BR)

(Escolhi o Banderas aqui, porque o lado tagarela de Diego foi inspirado em Galgo, o personagem de Banderas em "The Expendables" ou "Os Mercenários" - título PT-BR)

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
A Letter to Elise [Grant Ward]Where stories live. Discover now