Angel In Me | H.S

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"Bem, você sabia que é um anjo
Que se esqueceu como voar?"
- Fall, Justin Bieber

✰

- Fico muito grata pela sua ajuda, Alex! - disse a Sra. De Angelis novamente. - Harry teve problemas familiares, entende? O pobrezinho não para um minuto graças a esses... Bom, melhor eu não falar nada.

Sorrio gentilmente para a idosa. Uns dias atrás, quando eu viera devolver meus livros, a bibliotecária me implorará para ajudá-la enquanto Harry estivesse fora. Aceitei de bom grado, já que não seria qualquer esforço trabalhar na biblioteca, mas, tenho que admitir, também esperava que pudesse arrancar informações sobre o misterioso garoto dela.

- Ele é próximo da família? - pergunto, casualmente, sem olhá-la. Estou colocando os livros de ficção em ordem alfabética. É chocante a quantidade de livros sobre bruxas que há por ali.

- Não muito. - dá de ombros, sentando-se em sua cadeira alta. Franzo os lábios para conter a vontade de perguntar mais sobre ele.

Sra. De Angelis se foca em seu trabalho e tento focar no meu, me perdendo na pilha interminável de livros.

Por incrível que pareça, isso, de fato, não parece um trabalho. Me sinto tranquila ao ajudar pessoas a encontrarem uma obra que se identifiquem, ou em recolher um exemplar que trouxeram apenas para lhes dar um outro. As horas voam e me deixo levar pelo tempo. É apenas quando a Sra. De Angelis tranca as portas que percebo a escuridão que adentra a janela.

- Meu Deus, que horas são? - pergunto, surpresa. A bibliotecária ri, passando seus dedos por seus longos cabelos grisalhos para prendê-los novamente em um coque firme.

- Tarde. Gostaria de tomar uma xícara de chá comigo, querida? - convida a bondosa idosa e sorrio.

- Eu adoraria, se não for um incômodo. - passo a mão em meu cabelo. Ela sorri de volta e toma meu braço no seu, me guiando até os fundos da biblioteca.

- Onde está aquele seu belo anel? - me pergunta quando adentramos o que me parecia ser uma sala de estar. Hesito, não sabendo se deveria contar a ela o que Harry fizera.

- Eu o perdi. - minto em um suspiro. Sento em uma das cadeiras de madeira escura e surpreendo-me em quão confortável ela é.

- É uma pena, ele era lindo. - seus olhos azuis brilham e sinto-me exposta. Por trás dos mil segredos que deveriam esconder, era claro que entender mentiras e histórias ocultas não era um grande desafio.

- Eu vou achá-lo. - prometo com um meio-sorriso. A idosa põe as xícaras e o belo bule de porcelana a minha frente, servindo o chá para nós duas.

- Espero que sim. - seu tom se divide entre brincadeira e autoritário. - Qual é sua história?

Olho para ela, a xícara a meio caminho de meus lábios.

- Minha história? - fico confusa com a pergunta. A Sra. De Angelis mexe a colher com uma lentidão exagerada, os olhos fixos aos meus.

- Sim. Todos que vêm a essa cidade têm uma história. - explica calmamente, como se falasse com uma criança. Beberico minha bebida enquanto formulo uma resposta. - Pessoas de todos os mundos se encontram aqui.

Engasgo-me com a bebida quente. Pessoas de todos os mundos? Engulo fortemente a saliva, minha garganta ardendo após o engasgo.

- Respire. - sua mão enrugada pega a minha por cima da mesa. Seus olhos azuis passam tranquilidade e consigo me acalmar.