capítulo 10.

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   Estou na floresta, correndo desesperadamente até um lago, fixo meu olhar no mesmo, um olhar frio, cançado e solitário.
   Me jogo no lago e deixo que a água preencha os meus pulmões, me debato tentando respirar o ar, ó Deus como isso dói! Meu coração lentamente vai perdendo a força e para de bater, a guerra está acabada! O lutador parou de bater, simplesmente parou, simplesmente cansou de guerrear por alguém que já está morta e simplesmente percebeu que continuar batendo era sinônimo de idiotisse.
   Não exibo mais um sorriso falso, não preciso mentir no leito da minha morte, apenas posso relachar em paz enquanto meus olhos perdem seu brilho,enquanto meus cabelos perdem a cor,enquanto minha pele recém-morta ainda tem um pouco de cor e enquanto meus olhos não se fecham para sempre.... mas espere... ainda não morri! Sinto a água ainda me invadindo,sinto que meu coração não parou de bater,ele está fraco,mas ainda guerreia,e como isso dói! Como a morte pode ser tão dolorida e sufocante!
   De repente uma rosa negra entra como se estivesse viva dentro da água e pousa suavemente sob meu peito.
   Escuto de dentro da água como um sussurro ou canto de sereia dizendo: "venha minha doce e burra criança..."
   Minha mente sabia apenas dizer:"eu quero viver!" Mas já era tarde de mais...pois não tenho mais salvação...

                       .................

   Acordo suada,me sentindo sufocada, atordoada e vejo que tudo não passou de um sonho,levanto-me de minha cama e vejo as horas no meu celular, ainda está de tarde,o sol brilha vívido no céu,representando a imensidade de sua luz,uma luz que nunca se acaba.
   Caminho até minha escrivaninha e percebo que sob a mesma está outra rosa negra e outra carta. Mas desta vez a algo de estranho,diferente nelas, a rosa está molhada e o cartão parece mais uma despedida:
   "Como gostaria de ter passado mais tempo contigo,como muitas vezes sonhei em estar ao seu lado,como queria que você me conhecesse,como gostaria de voltar no tempo e poder me apresentar para você. Deixo esta rosa negra e molhada lhe representando,você tem a beleza de uma rosa,mas a alma obscura, banhada em um mar de tristezas,de lágrimas.
          Até nunca mais....
            Criança......

   Isso já está me tirando do sério! Quem está brincando com minha mente?
   Apenas de duas coisas agora sei,a primeira é que não é a tal da Nicole,e em segundo,é quem quer que seja esta pessoa,ela ou ele me quer morta.
   Saio de meu quarto e vou até a sala, na mesma está minha mãe,Lucas e meu pai,que o mesmo vira o rosto quando percebe minha presença. Sento-me na poltrona da sala,me sinto desconfortável,então decido ir preparar algo para comer:
   _Irei preparar algo para comer, alguém vai querer alguma coisa.
   Minha mãe já iria responder alguma coisa,mas meu pai a interrompe me dizendo:
   _Não queremos nada Melissa,não se preocupe.
   Era muito perceptível o tamanho do esforço que ele estava fazendo para não ser rude,meu pai tinha um grande problema de controlar a raiva quando estava em minha presença, mas não o culpo,afinal,ele teve que levar meu irmão embora por minha causa,por uma garotinha chata e ingênua não conseguir ficar de boca fechada quando deveria.
   Caminho até a cozinha e preparo um sanduiche para mim e um copo de suco,como calmamente enquanto meu pai entra na cozinha, aparentemente querendo conversar comigo.
   Ele para em minha frente e começa a falar me encarando:
   _Quando eu tive que ir embora foi a coisa mais difícil que eu havia feito em toda a minha vida, deixar para trás minha mulher e meus filhos,para trabalhar já que estava desempregado e era o que tinha que ser feito para manter minha família. Eu estava até que bem lá,trabalhando bem e ganhando um bom salário,até que fui praticamente obrigado a levar  embora comigo meu filho Lucas, ele me deu tanto trabalho que tive que coloca-lo em um internato, e eu tinha que pagar esse internato,e era caro, muito caro,comecei a me estressar muito fácil com tudo em minha volta, eu tive tipo uma doença,e eu precisava colocar a culpa do meu estresse em alguém,e esse alguém foi você Melissa.
   _E onde pretende chegar com isso pai?_o pergunto já sem entender o motivo da conversa repentina.
   _É que em todo esse tempo eu lhe culpei cegamente,sem perceber que você não tinha culpa de nada minha filha... demorei tanto tempo para perceber isso e mesmo não merecendo eu venho lhe pedir perdão.
   Meu coração se enche de algo desconhecido,talvez alegria? E mesmo se ele duvidasse, agora tinha resposta:
   _Mas é claro que te perdoo papai!
   Nos abraçamos e choramos juntos, talvez lá no fundo a vela da esperança ainda não se apagou talvez ela ainda exista e talvez eu possa,em algum dia, voltar a ser aquela garotinha de antigamente.
   Depois de algumas horas a noite cai, e me permite deleitar-me nela e suavemente sentir o sono me invadir.
   .....
   Acordo no outro dia 6:00 da manhã para ir a escola,assim que chego percebo que Gabi já fez amizades novas,ela parecia estar se divertindo muito conversando com Ryan,Luiza, Nicole e um garoto que se não me engano se chama Jean.
   Vou até minha amiga e a comprimento:
   _Oi Gabi!
   A mesma parece se incomodar, enquanto Nicole diz:
   _Então... temos que ir,te vejo no intervalo Ga! E a propósito, adorei sua jaqueta nova!_ela sai de lá e tromba em mim propositalmente,fingindo não me ver.
   _Ta tudo bem Gabi?_pergunto.
   _Sim...na verdade não...temos que conversar.
   _Fala.
   _Eu sempre quis ser popular e amiga da Luiza...não me leve a mal mas é que...
   _Fala logo,não precisa ter medo,eu não mato ninguém.
   _Eu vou deixar de ser sua amiga... a gente não tem nada a ver mesmo então... é isso... adeus.
   Fico abismada,de todas as pessoas que fossem me abandonar nunca imaginei que Gabriela iria ser uma delas,mas tudo bem,pena que para levar esse tiro eu estava sem meu colete a prova de balas,mas apenas disse:
   _Ta tudo bem,se é assim então vá,se é isso que você quer então na verdade só eu que fui a amiga,e a propósito, quando você se tocar que elas só querem você para te usar e depois descartar como se fosse lixo,saiba que eu não estarei mais aqui para você._ digo seca,sem demonstrar nenhum sentimento ou recentimento.
   Me viro,mas quando ja ia sair ela me diz:
   _Espero que algum dia você possa me desculpar,você sabe que eu sempre quis estar no topo dessa pirâmide da escola,não queria continuar sendo uma rejeitada! Por...
   _Gabriela não precisa dizer mais nada! Você faz o que você quiser da sua vida! Se você preferiu andar com as cobras não venha depois até mim para curar a picada que elas te darão!
   Caminho até a entrada e vou para a biblioteca onde sei que não terá ninguém para me fazer de trouxa, pego um livro qualquer e começo a ler sem nenhum interesse até que o sinal venha tocar para ir a aula.
   Nada mais importa,os seres humanos não importam,sentimentos não importam,deveria ouvir sempre a voz da minha consciência me dizendo para não confiar em ninguém,mas tudo bem,porque agora,esse colete a prova de balas eu não irei mais tirar.

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