capítulo 17. Carta de Melissa

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Uma semana depois...
   O enterro já havia sido feito mas nada disso parecia ser real para a família de Melissa.
   Depois de uma semana a senhora Sarah tomou coragem e entrou no quarto que era de sua filha, seu coração estava tão apertado quanto no dia em que ela vira ali sua filha morta.
   Ao respirar o ar ja dentro do quarto, ela pôde sentir um cheiro que nunca mais iria esquecer: era o cheiro do sangue de sua filha, que ainda impregnava o quarto.
   A mulher caminhou para entrar no banheiro do quarto,mas se deteve ao ver uma carta sob a escrivaninha. Sarah pegou a carta e ao se sentar na cama a abriu e começou a ler:

Olá,
Essas serão minhas últimas palavras, não sei como devo pronunciá-las, a minha única certeza é que estou cansada, está na hora de partir, talvez eu devesse dizer apenas "Adeus", mas acho que você,seja lá quem você for,e estiver lendo essa carta,precisa saber o motivo que me levou a fazer o que eu fiz.
Talvez a culpa não seja de ninguém, talvez a única culpada de tudo tenha sido apenas eu,será que eu fui uma boa filha? Será que fui uma boa irmã? Será que fui uma boa amiga?
A dúvida é a única coisa que me restou, e farei dela meu túmulo. Peço perdão aos meus pais por não ter aguentado mais,por não ser forte o suficiente para aguentar tudo até o fim,mas eu estou cansada, eu já não vivia mesmo, estava apenas sobrevivendo a esse mundo.
Antes,a culpa de tudo era minha,agora acho que você,mamãe, poderá viver feliz pois não terá mais a mim para criar todas as desgraças da sua vida, espero que algum dia você entenda o por que fiz isso.
Estou a caminho para paz... não para a paz em si, pois sei que isso eu nunca terei,mas estou apenas deixando os meus tormentos para poder descansar um pouco.
O que me levou a fazer o que eu fiz foram muitos motivos,ou melhor, pessoas. A primeira delas foi Lucas,meu irmão,não o julgo,pois antes dele acabar com minha vida eu acabei com a dele primeiro, mesmo ele me desprezando eu só queria perdão,ou ao menos ser ignorada por completo, mas o que realmente fez com que eu morresse mais um pouquinho foi quando você, meu irmão,viu os meus cortes,viu as minhas lágrimas e desejou a minha morte,mas se era isso que tanto queria,parabéns! Agora você conseguiu atingir a felicidade.
A segunda pessoa foi você mamãe, quem eu sempre amei, por quem eu morreria se necessário fosse para te ver feliz,e olha que ironia! Foi isso mesmo que eu fiz,morri,afinal eu ja estava morta para você. Outra parte minha se despedaçou quando eu era apenas uma criança e você colocou a culpa da morte de minha tia em mim, e mais outra parte em mim se dilacerava toda vez que você dizia ter apenas Lucas como filho,pois bem...agora isso se tornou realidade.
A outra pessoa foi você papai,eu te perdoei pois você viu que não era minha culpa e resolveu me amar de novo,porém as feridas que você me causou ainda estavam bem abertas, me machucava ver seu olhar de desgosto desde o dia que você voltou para casa.
Gabi,minha melhor amiga, a única que eu achava que me entendia,a ferida que você causou em mim foi a que me fez cair completamente,foi a que me fez virar apenas um corpo só,sem alma para habitá-lo, mas não a julgo por preferir outras amizades,por escolher amigos menos deprimidos,amigos falsos,não a julgo por querer se livrar de um peso morto,pois bem,era isso que eu havia me tornado.
Luiza e Nicole,vocês foram as menos piores,porém foi a gota da água para que eu fizesse o que eu fiz,eu sei que foram vocês que tiraram as fotos,eu não me matei sozinha,cada um de vocês também me mataram.
E por fim e o mais importante,a criança que iniciou toda minha desgraça, foi você, Fábio,você foi a semente que fez nascer toda essa tristeza dentro de mim,foi quem roubou minha felicidade,meus sorrisos,e no lugar deixou apenas um poço de amargura.
A cada um de vocês eu me despeço eternamente,sei que estarão melhor agora sem mim,mas será que estarão mais felizes?
    Adeus,
                      Melissa Baker.

   Chorando desesperadamente a sr.Baker repetia inumeras vezes olhando para o porta-retrato de sua filha que estava sob a escrivaninha:
   _Me desculpe...me des-descul...pe fi-lha...
   Mas o que adiantava agora? Pedir desculpas não faria com que Mel voltasse a vida.

"E por um minuto,apenas um minuto,ela queria desistir de tudo..."

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