capítulo 11.

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   Meus olhos estavam mais escuros do que antes,minha pele parecia ser mais pálida,no meu rosto,um sorriso maior do que de costume,perfeitamente esculpido,uma capa perfeita de falsa alegria,pois quando na verdade minha vontade era de chorar,de parar de sorrir. Porém,quando você mente muito nos sorrisos,um dia você acaba acreditando que é real,e faz tudo se parecer tão fácil.
   O dia passa mais devagar do que de costume, passei o recreio inteiro na biblioteca,li apenas um livro chamado:"A rainha vermelha". Não faz muito meu estilo,mesmo assim eu li pois minha real intenção era me distrair um pouco,o que não deu muito certo.
   Durante todo o decorrer da aula Gabi ficou no cantinho dos populares, pude perceber que ela me olhava algumas vezes, mas não retribuia seu olhar. Tayler não veio a aula hoje, talvez tenha ganhado uma advertência ou algo do tipo.
   Já estava morta de cansaço quando saí da escola,do outro lado da rua vi os populares da escola e Gabi segurando as mochilas de Luiza e Nicole, além de parecer entediada andando atrás delas. "Eu tentei avisar,não posso fazer mais nada."
Assim que chego em casa vou direto para meu quarto,meu cantinho confortável de equilíbrio. Lembro-me de quando aquele jovem que matou minha tia era o meu anjo da guarda,ele nunca deixou que eu soubesse seu nome,após ele matar minha tia eu não ficava muito tempo dentro de casa,ainda era fresca a lembrança de Lúcia na minha mente, de seu corpo sem vida jogado no chão, não conseguia ficar em casa,se tornava sufocante! E a noite tudo piorava. Optei em andar pelas ruas sob a luz do luar. Eu me sentava em um canto escuro de uma das ruas afastada de minha casa,e chorava,me sentia culpada,meu coração por dentro gritava,mas por fora não emitia nenhum som.
   Até que um dia um rapaz se ajoelhou ao meu lado,passou suas mãos frias nas mechas rosas de meu cabelo e limpou minhas lágrimas,ao ouvir sua voz me lembrei que foi ele que matou minha tia.
   _Por que choras garotinha?_ele me perguntou.
   Tinha medo dele,por isso respondi:
   _Não é nada não...
   _Por que mente? Vamos,me diga a verdade.
   _Eu tenho culpa pela morte da minha tia.
   _Não,você não tem! Sua tia fez algo muito feio e teve que pagar! Você não tem culpa pelo o que aconteceu,eu tive que fazer isso,não você. Eu sinto muito.
   Não acreditava em suas palavras, sabia que eram falsas,sabia que ele só queria se passar de bom moço.
   Apenas fingi que acreditava em suas palavras. Aos poucos ele se tornou meu anjo da guarda,eu ouvia seus conselhos,conversavamos muito,ele era meu único amigo.
   Mesmo assim eu ainda chorava, havia culpa em meu coração,e eu sabia que aos poucos eu estava morrendo. Até que ele me apresentou uma luz no fim do túnel,na verdadade,eu imaginava que era uma luz quando na verdade isso iria se tornar um vício,minha destruição.
   Ele me apresentou as lâminas,me ensinou a parar o sangramento, até que eu descobri que ele queria me destruir,me afastei dele,ele riu da minha cara,pois para me livrar das lâminas,não tinha mais como, já estava totalmente viciada, não conseguia me libertar,a dor física encobria a dor emocional,e era bom não sentir que sempre havia uma faca enterrada em meu peito.
   Paro de relembrar meu passado e penso no meu presente,"estou sozinha" não tenho mais nenhum apoio,apenas meu próprio "eu".
   Olho para minha escrivaninha,a caixinha rosa trancada,que esconde em seu interior várias lâminas.
   "Tudo começa com o primeiro corte" gritava minha mente.
   "Não vale a pena" dizia a voz da razão.
   "Eu preciso"implorou meu coração.
   Peguei a chave escondida em uma madeira solta no chão e abri a caixinha de lâminas,escolhi uma delas, tranquei a porta do quarto e fui para o banheiro do meu quarto.
Ao tirar minha calça vi que não tinha mais espaço para me cortar, cada corte é a lembrança que a dor é real, a cada corte é também a lembrança das lágrimas derramadas durante anos, incansavelmente.
   Olho para meus pulsos,sem nenhuma marca,sem nenhuma lembrança. Branca e lisa feito papel, começo a me cortar,o contato frio da lâmina contra minha pele que logo foi manchada pelo meu sangue,vermelho e vibrante.
   Estava em uma mistura de sangue e suor,o cheiro de ferrugem não me incomodava,ja havia me acostumado, um corte seguido de outro,meus braços agora retratando lembranças que nunca serão esquecidas. Meu coração batendo fraco,os cortes dessa vez eram profundos,não iriam cicatrizar tão rápido. Se cortar no pulso é diferente,é melhor e mais difícil de esconder,muito mais difícil.
   Tento parar o sangramento de meu pulso e o enfaixo.
   Limpo todo o local e me deito a fim de descançar um pouco. Sinto um enorme vazio em meu peito,o qual não consigo me livrar,o qual não é possível ser ocupado por nenhum ser, por ninguém.
   Estava quase dormindo quando minha  mãe bate na porta do quarto me chamando para almoçar. Assim que desço as escadas ela encara meu pulso enfaixado e pergunta:
   _O que aconteceu?
   _Me machuquei,não é nada de mais.
   _Tanto faz,venha almoçar.
   Terminamos o almoço e arrumei a cozinha. Recebo uma ligação de Gabi, não atendo,eu não sou um brinquedo que pode ser descartado quando ela quiser. Foi escolha dela se juntar a eles,agora ela não pode mais chorar pelo leite derramado.
   Mensagem:
   Gabi:
   Por favor me atenda! Eu sei que eu errei e estou arrependida,me perdoe.
   Eu:
   Agora é um pouco tarde você não acha?😐
Mensagem off.

   A bloqueio e vou para meu quarto, talvez um dia eu a perdoe,mas agora não. Mesmo assim,acho que não seremos mais amigas.

                                                                       
Capítulo não revisado.

  
  

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