Capítulo 15

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Não importava se outro ataque alienígena acontecesse ou se meio mundo fosse atacar Steve aquela madrugada: Avril teria que tomar um sedativo ou qualquer outra coisa do gênero, mas dormiria aquela noite inteira e sem interrupções, como a natureza mandava. Se ter ingerido quase uma farmácia tinha piorado a situação ou se era ela mesmo que estava drenando toda sua energia para se concentrar em sua missão deixara de importar no dia anterior, quando ela basicamente passou a noite inteira esperando que seu notebook apitasse, já que com alguma anormalidade ela teria um pouco de ação e conseguiria se distrair daquele tédio infernal que muitos chamavam de "hora de dormir".

Então, por questões de Segurança Nacional, Steve teria que ficar sozinho por algumas horas.

Com essa decisão tomada, Avril fechou seu notebook depois de terminar a varredura na região e poder tirar um grande peso da consciência: naquele lugar Steve só encontraria problemas se procurasse por eles, e com muita dedicação. Deixando o dinheiro da conta na mesa, Avril deixou a lanchonete sem chamar atenção, se deparando com ruas pouco movimentadas na noite de Cleveland, começando sua busca por um hotel – tarefa que poderia ter sido evitada se ela tivesse se dado ao trabalho de ter ao menos visto em que hotel Rogers estava.

Não importava se as chances deles se encontrarem eram maiores se os dois estivessem no mesmo prédio. Ela passaria o tempo inteiro dentro do quarto, certo? Não existia nenhum risco.

Só que o estado de Avril era tão deplorável que não sentira que alguém a seguia.

Ela só percebeu algo estranho quando uma mão desconhecida puxou seu braço com agressividade.

– Passe a mochila, querida – sussurrou uma voz áspera perto do ouvido da garota, que sentia cada pelo de seu corpo arrepiar. Com movimentos que deveriam ser rápidos, Avril tentou se soltar do homem, mas, além dele ser muito mais forte, ela não tinha forças para isso e seus movimentos eram lentos e desajeitados. Nunca, em sua vida inteira, ela havia passado por isso, e parecia que alguém fizera questão de avisar o assaltante mais próximo de que aquela era a oportunidade: Avril Stark seria roubada durante horário de expediente.

– Ei, cidadão! – gritou uma voz conhecida, assustando o assaltante, que saiu correndo ao ver o dono da voz.

Uma mochilinha barata como aquela não valia a surra que ele levaria daquele armário loiro que se aproximava rápido e ameaçador.

Assim que percebeu que a moça já não corria perigo, o homem desacelerou um pouco, mas, assim que ela tentou arrumar a alça da mochila no ombro e pareceu se desequilibrar, Steve se adiantou para impedir que ela caísse, dando apoio até que ela estivesse perto do chão o suficiente para se sentar em segurança.

– Está tudo bem com você, senhorita? – perguntou ele, com uma mão no ombro desprotegido da garota, enquanto ela passava uma mão pelos cabelos claros, respirando devagar. O estranho foi quando ele a viu franzir o cenho, ainda olhando para o chão, e subindo lentamente.

Os olhos de Avril se arregalaram ao mesmo tempo em que os de Steve.

– Stark?

O fato estranho não era encontrar Avril em um lugar qualquer. O estranho era a garota estar sendo atacada por um marginal qualquer.

– Desde quando você é loira? – E a cor diferente de cabelo também não podia ser ignorada.

Avril quis rir, mas o máximo que conseguiu foi fazer com que sua respiração entrasse em um ritmo alterado, fazendo com que ela soasse nervosa. Não que ela não estivesse. Ela devia ser uma pessoa incrivelmente sortuda: de todas as pessoas daquela cidade que poderiam aparecer para ajudá-la, aparecera logo uma das poucas que não podia vê-la.

The Real SideTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon