Capítulo 18

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Mesmo tendo a sensação de que estava deitada há mais tempo que o recomendado, Avril se sentia cansada quando despertou, sabe-se lá quanto tempo depois de suas últimas memórias, que não passavam de flashes confusos: lembrava de estar com Steve em Berwick, de terem saído para almoçar e de ela estar avoada, sem motivos aparentes. Sua cabeça doía e tudo a sua volta parecia um pouco distorcido, sem contar que nada lhe era familiar.

Se um cheiro conhecido não estivesse impregnado em todo o local, talvez ela tivesse entrado em desespero.

Avril podia não saber onde estava, mas sabia que Steve estava por perto. Não só pelo seu cheiro, mas também podia ouvir sua voz ao longe, parecendo conversar com J.A.R.V.I.S., o que a fez sorrir. Era no mínimo agradável ver o soldado se adaptando ao mundo atual e um tanto engraçado ver J.A.R.V.I.S. adequar sua fala para que o loiro o entendesse.

– Srtª Avril já recobrou a consciência, Cap. Rogers – avisou o sistema, e logo Steve já estava na porta do quarto, apoiado no batente enquanto assistia a garota se sentar na cama, passear as mãos pelo rosto e cabelos, até cravar seus olhos castanhos em seus azuis.

– Não estamos mais em Berwick – constatou ela, com a voz falha – Estamos... New York? Eu não consigo... Não consigo organizar as informações...

– Meu apartamento no Brooklin, para ser mais preciso – suspirou ele, caminhando com passos lentos até a beirada da cama e se sentando – Você me deu um baita susto.

– O que aconteceu? – a pergunta demorou a ser feita, e no fundo Avril não queria saber a resposta. Pessoas viviam toda sua vida com incógnitas que nunca eram respondidas, então por que ela não podia ter esse privilégio também?

Seu desconforto era tão evidente que ela podia ver como isso estava afetando a postura de Steve, e sequer estava ousando a ligar suas habilidades.

– Por que você não come alguma coisa antes de começarmos essa conversa? – sugeriu o loiro, depois de respirar fundo, se levantando para incentivar a mulher a fazer o mesmo, coisa que não aconteceu.

– Rogers... Fala logo – suspirou ela cansada, deixando seus braços caírem aos seus lados – Ficar enrolando não vai nos levar a lugar nenhum.

– Você confia em mim? – perguntou ele subitamente, a surpreendendo em um nível que sequer pôde disfarçar – Já discutimos muito sobre minha confiança em você, mas e o contrário?

– Eu realmente não consigo ver por que precisamos falar disso agora – desconversou ela, depois de longos segundos, dirigindo toda sua atenção para encontrar seu celular. Se Rogers não queria contar, J.A.R.V.I.S. faria com todo o prazer.

– Porque você vai ter que confiar em mim e esquecer o que aconteceu, pelo menos por hora.

"Ele realmente está tentando me manipular?", foi o pensamento que tomou conta de sua mente e, antes que ela pudesse raciocinar sobre seus atos, a loira já estava de pé, a poucos passos de distância do soldado, que buscava manter a expressão indiferente. No fundo não era o questionamento de Steve que estava a incomodando, mas a necessidade dele.

Steve nunca entraria naquele assunto caso as coisas não tivessem saindo do controle.

– Mas o que foi que aconteceu, inferno?! Como eu posso esquecer algo que eu não sei?

– Você desmaiou. Uns cinco dias atrás.

Aquilo foi o suficiente para que ela se calasse, absorvendo a informação da melhor maneira que podia.

Não era algo completamente absurdo, certo? Na primeira vez que "esbarrara" com o loiro ela também havia apagado por um tempo considerável, embora não pudesse ser classificado como normal. Porém naquele momento ela tinha mais sonífero nas veias do que sangue, então por que aquilo estava se repetindo?

The Real SideWhere stories live. Discover now