Capítulo 36¹

5K 230 114
                                    

Até que um dos Vingadores aparecesse para socorrê-la, Monica ainda conseguiu ter estabilidade para fazer mais algumas perguntas, até conseguindo informações úteis, que ela apenas anotaria quando assistisse as gravações da conversa mais tarde, já que suas mãos ainda tremiam. Talvez imaginando que precisava de uma pessoa que transmitisse segurança apenas por sua presença, Thor que aparecera ao seu lado minutos depois, sua voz grave e potente comunicando à Avril que aquela conversa se encerrava ali.

Ciente que a mulher não estava em suas melhores condições, o asgardiano tomou a iniciativa de reunir o material que ela usava antes e colocara embaixo do braço, e com a outra mão em suas costas ele a guiou de volta para o elevador. O olhar de Thor caíra rapidamente sobre a prisioneira, que voltara a assumir sua postura indiferente. O deus queria lhe perguntar algo, ele só não sabia o que, e aquela incerteza aos poucos estava tirando-o do sério. A própria presença de Avril de alguma forma estava incomodando-o, e não conseguir explicar aquilo em palavras chegava a ser pior do que aquela sensação ruim que o dominava.

- Vocês precisam ser cuidadosos com ela – alertou Monica, quando já estavam distantes da cela, dentro do elevador. Quando sentiu que Thor não compreendera, ela continuou – Não sei dizer o que, mas ela está planejando algo, e não é bom.

- Me surpreenderia se fosse bom... – retrucou o asgardiano, suspirando alto. O Universo provavelmente implodiria caso algo naquilo tudo se resolvesse de forma fácil.

Quando Monica voltou a se reunir com os Vingadores, algumas horas mais tarde, foi na sala de convivência, e não no laboratório do Dr. Banner, o que apenas aumentou seu nervosismo. Sempre os encontrava, fosse em sessão individuais ou mesmo em grupo, em locais que deixavam clara a distinção entre eles – eles como pacientes e ela, a médica. Já ali, como eles melancolicamente distribuídos pela sala, ela se sentia mal por eles, como se o ar do ambiente estivesse contaminado. Seus olhares ansiosos em alguns momentos caíam sobre ela, divididos entre pedir respostas ou continuar na amigável ignorância dos fatos, e Monica no fundo queria que eles continuassem nela.

Aquilo de alguma forma iria destruí-los.

- Você vai continuar admirando nossa beleza ou vai dizer seu diagnóstico? – indagou Tony de uma vez, abandonando o sofá para rumar em busca de alguma bebida.

- Preciso que vocês se sentem – foi a resposta que eles obtiveram, com a mulher sinalizando para Steve e Clint, que estudavam a silhueta da cidade pelas amplas janelas.

- Tão ruim assim? – brincou o arqueiro, mesmo que sua voz não tivesse expressado humor algum.

- Tão delicado assim... Srtª Stark é de longe a paciente mais complexa que eu já vi, e por isso tenho certo receio com o meu diagnóstico – contou a mulher, tomando desconfortavelmente o lugar vago ao lado de Romanoff. Suas mãos que já haviam se acalmado mais uma vez estavam trêmulas e geladas – Ela está apresentando mudanças bruscas de humor, mas isso não a determina como bipolar. Um paciente bipolar apresenta mudanças de humor extremas, mas não em um período de tempo tão curto, e, no pouco tempo que eu fiquei lá embaixo com ela, foram mais mudanças do que eu pude contar na hora. Só isso já a aproxima de uma paciente borderline.

Como ela esperava, um silêncio confuso se estendeu no ambiente, à espera de mais explicações.

- Os outros sintomas são difíceis de notar enquanto ela está isolada dessa forma, mas é o melhor palpite que eu tenho até agora. Afinal, é um caso infinitamente singular, então posso estar me equivocando – continuou a médica – E se for mesmo uma variação de borderline, eu não acredito que seja algo recente. Claro que se agravou agora, mas receio que seja algo que ela já tinha antes.

The Real SideWhere stories live. Discover now