Remember Me.

A Sala

Rússia, 1960.

Em mais um dia como todos os outros do programa, nos corredores da Sala Vermelha as garotas estavam em procissão rumo a sala de treinamento, garotas divididas em grupos por faixa etária. Umas entre 8 a 13 anos e outras entre 14 a 19 anos. Nesse segundo grupo está a nossa protagonista, Natália Romanova. Com passos moderados e postura confiante, nem aparentava a mesma menina de 6 anos atrás, que andava intercalando passos muito lentos ou muito rápidos e apavorada sobre o que lhe esperava no fim de cada corredor. Natália era o tipo de moça que mais agradava aos seus instrutores e professores, tinha uma personalidade duvidosa, era inteligente, ganhava a confiança de alguns e era temida pela maioria, os cabelos com a cor de fogo e corpo que aparentava as experiências e os treinamentos que já havia feito.
Agora, Natália já conhece sua rotina, e já tende a não temer mais nada, mas ela sabia que ainda precisava cumprir muitas tarefas desconhecidas, e temia apenas a 'Cerimônia de Formatura'. Na retaguarda de Natália, se encontrava sua fiel companheira, Marina, uma moça com cabelos negros, alta, e que apesar de todos os acontecimentos da vida solitária e triste tentava a todo custo ser esperançosa e alegre. Marina havia escutado há alguns dias rumores sobre uma possível aliança da Sala Vermelha com uma outra organização que alastrava o mal nas sombras da União Soviética e estava a tentar fazer isso para o resto do mundo:

- Escutei uns boatos dizendo que 'o programa' - referindo-se à Sala Vermelha - se aliou a um grupo de terroristas. (Susurrou Marina tentando com que os demais em torno não escutassem).
N: Como assim!? Que grupo? (Sussurrou Natália assustada franzindo a testa e olhando sobre os ombros para trás).

Defronte a elas, uma menina loira, do primeiro grupo de meninas mais jovens, escutou a conversa. E apenas para tentar criar alianças com as moças do grupo mais avançado tentou se entrosar na conversa revelando o que havia escutado em suas invasões inapropriadas em áreas de alto comando na Sala Vermelha.

- Eu ouvi dizer que é uma tal de HYDRA.
N: Achei que eles tinham acabado junto com a Segunda Guerra com o...
- Ouço sussurros. - interrompe abruptamente com um grito Madame B., a instrutora que guiava as meninas- E creio que, de acordo com as nossas regras, este não é o momento para essa atividade de distrações. - virou-se calmamente - Deveriam estar se preocupando com o que estar por vir, e deveriam se aquecer - as meninas desviaram o olhar constrangidas.

Ao chegarem na Sala de treinamentos, as moças se depararam com um local completamente diferente com o qual estavam acostumadas. Não era mais uma sala completamente aberta e livre. Foram colocados um palco elevado ao chão e ao redor cadeiras, onde se encontrava um grupo de pessoas que estavam ansiosas a esperar uma possível "apresentação especial".
As meninas com menos de 13 anos foram separadas das demais, e colocadas em um local mais distante, apenas para avistarem o que estava prestes a acontecer, sem necessitar de quaisquer interferências sobre o evento. Aquelas com mais de 13 anos, foram divididas. Apenas algumas ficaram próximas ao 'palco', essas que eram consideradas as melhores lutadoras; e outras foram colocadas juntas com o grupo de meninas com menos de 13 anos. Natália, Marina e mais 5 moças ficaram próximas ao palco.
Atrás de Natália, estava Madame B. sentada e acompanhada com um grupo de homens com trajes de soldados russos, mas, com brasões que os distinguiam completamente de qualquer organização conhecida da URSS. Madame B. tentava acalmá-los:

- Desculpe a demora, não irá se repetir.
- Essas são suas melhores pré-formandas? - questiona o Coronel - o meu homem não está completamente treinado, muito menos não está finalizado ainda.
- Garanto que essas irão lhe surpreender e conquistar sua confiança sobre o nosso projeto. - respondeu Madame B. com confiança fazendo com que o Coronel desviasse o olhar para as moças afiando os olhos e se questionando.
- Mande o 'novo punho' entrar! - ordena o Coronel.

Nesse momento, Natália percebeu que esta era uma das tarefas desconhecidas que ela sabia que precisaria cumprir. A porta do local foi aberta e entraram seis homens armados e que se posicionaram estrategicamente em torno da porta e perto de entradas de ar e ao redor da platéia. Logo após, entrou o 'novo punho', um homem de cabelo curto e preto e que possuía em torno de 1,85cm de altura, utilizando máscara, traje completamente preto e apenas com a testa e uma parte das bochechas que podiam ser vistos. Focado e livre de distrações, o homem não desviou o olhar para nenhum outro local, apenas subiu no palco e ficou a espera. Enfim, Madame B. ordenou que uma das garotas que estavam na espera, subissem também para iniciar uma sequência de lutas.
A primeira moça, conseguiu desferir apenas um golpe, e logo foi nocauteada. A segunda moça, foi Marina, que estava muito nervosa e não conseguiu nenhum resultado, apenas se desviou dos socos e chutes elaborados do oponente. O Coronel sorriu com sarcasmo para a Madame B., que retrucou o olhar com um pouco de vergonha. Mais quatro meninas entraram, e dessas, apenas uma chegou perto de desestabilizar o homem atingindo sua perna, mas não obteve resultados concretos.
O 'novo punho' talvez, já estivesse cansado, mas não aparentava, já que a luta com essas 6 moças foi muito fácil para ele. Enfim, chegou a vez de Natália, que observou todos os passos e golpes do oponente anteriormente, subiu ao palco, encarou o oponente, viu que por trás de todas aquelas vestes havia um olhar de desespero interno e um vazio preenchido por solidão e horrores.
Foi ordenado que a luta começasse. Natália ligeiramente pôs as mãos no chão e elevou os pés direcionando-os diretamente ao rosto do oponente que se defendeu, segurou os pés de Natália e pegou uma faca de seu cinto.

Natália rapidamente notou a faca e com a outra perna chutou o rosto do homem que se desconcertou e soltou a faca que caiu para perto dos espectadores. O homem tentou socar Natália, que desviou. Natália tentou atingir a cabeça dele com um chute, e ele também se desviou. O homem tentou socar novamente Natália e ela se desviou novamente e conseguiu segurar o braço dele, rapidamente Natália olhou para o homem ao perceber que este braço não tinha a consistência de um braço de um humano, e sim mais parecia feito de metal; o homem então, socou a barriga de Natália que deu alguns passos rápidos e desordenados para trás abaixando a cabeça para o chão e segurando a barriga, então o homem parou e aparentou preocupado com ela, inclinando a cabeça e esperando uma reação dela. Natália então começou a correr rapidamente em direção a ele, sustentou uma de suas pernas na perna dele e atingiu o seu rosto fazendo a máscara dele cair e nitidamente voar leves gotas de sangue.

Continua.