Fim da linha

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A viagem prosseguiu. Como dito, cansativa e angustiante. Algumas meninas que se conheciam conversavam entre si, outras, mais tímidas, não soltavam nenhuma palavra. Natália não é do tipo de tentar fazer todos se sentirem confortáveis e felizes, ela encorajava as garotas a continuarem andando, mas não tentava distrair ou divertir ninguém, e dessa vez menos ainda, porque ela tinha uma distração a mais. O Soldado Invernal andou a viagem inteira a pelo menos uns 50 metros de distância delas. E vez ou outra, principalmente ao fim do dia, ele olhava para o grupo de moças, e Natália tentava demonstrar que não tinha conhecimento disso. Ou seja, ao fim de cada dia eles ficavam tentando se olhar à distância. Isso estava mexendo com a imaginação de Natália. Ela sabia que ele não é por natureza própria uma pessoa de má índole, mas ela desconfiava de que ele pudesse ter alguma missão para lutar com elas ou fazer um treinamento de luta inesperado durante o percurso da viagem.

10 dias depois:

Eles finalmente chegaram na floresta de coníferas que sinalizava alguma proximidade com a Sala Vermelha, seriam aproximadamente mais 4 dias de viagem. Antes de adentrar na floresta, o Soldado Invernal virou-se e olhou para Natália que estava a uns 10 metros de distância dele. Ela ficou olhando para ele mas não sabia o que fazer ou dizer, eles não tinham intimidade nenhuma pra trocar palavras como 'enfim, estamos quase lá' ou 'o que será que nos espera dentro dessa floresta?'. Natália até que queria fazer ele soltar alguma palavra como havia feito quando o lobo estava atacando ela, e ele, não fazia ideia do que dizer, mas apenas queria olhar, nem ele sabia o porquê, talvez fosse apenas para saber se todas estavam vivas, principalmente aquela que ocupou o lugar dos seus sonhos conturbados da noite.

 Natália até que queria fazer ele soltar alguma palavra como havia feito quando o lobo estava atacando ela, e ele, não fazia ideia do que dizer, mas apenas queria olhar, nem ele sabia o porquê, talvez fosse apenas para saber se todas estavam vivas...

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Entrar naquela floresta foi uma mudança de perspectiva. Antes, eles estavam em um bioma completamente ao ar livre e claro, mas na floresta mesmo de dia a iluminação era reduzida pelas árvores altas. O que antes era um completo silêncio na Tundra, agora foi ocupado pelo som dos galhos dos pinheiros, que guardavam um pouco de neve que caia aos poucos, sinalizando a chegada do inverno. Ao continuarem a andar, uma das meninas que tinha aproximadamente 14 anos caiu. Rapidamente as outras foram ao encontro com esta. Tentaram reanimá-la. E quando verificaram os batimentos viram que a menina havia morrido. O Soldado Invernal foi para perto das moças:

N: Ela estava resfriada. Sabia que ela não ia aguentar muito tempo sem nenhum tipo de remédio ou alimentação adequada. - Natália tocou na testa dela para verificar a temperatura, a menina estava queimando em febre, provavelmente uma temperatura acima de 40°C.

Natália levantou-se e já ia começar a andar, com a cabeça abaixada tentando esconder uma gota de lágrima que havia caído. O Soldado Invernal reparou na expressão dela:

S: Isso não é certo! - disse o Soldado fazendo Natália virar-se para ele surpresa com alguma demonstração de sentimento dele.

N: O quê não é certo? - pergunta Natália.

S: Tudo isso! - respondeu abrindo os braços e girando levemente ao redor de si mesmo.

Naquele momento, não era o Soldado Invernal, era o Bucky que falava. Repentinamente, ele franziu a testa e fechou os olhos fortemente virando a cabeça para o lado, mudou a expressão e continuou a andar. Natália ficou sem entender aquilo. Mas este não era o momento para tentar avaliar os sentimentos do novato. Natália pegou um lençol de uma das mochilas que lhes foram dadas e colocou por cima do corpo da menina que havia morrido. Olhou para as outras meninas que guardavam lágrimas de tristeza por aquela morte, e voltaram a andar, não havia nada que elas pudessem fazer.

A sensação da viagem era a pior possível, e depois daquele morte só havia piorado. As horas foram passando. Já estava escurecendo, mas como a floresta era densa parecia que a noite já beirava o seu ápice de penumbra. Na floresta o Soldado Invernal passou a ficar mais próximo do grupo de meninas. Provavelmente porque as árvores não iria permitir que ele mantesse contato visual durante a noite. Isso perturbava Natália. Ela se preocupava em porque ele queria ter contato visual.

Inesperadamente eles escutaram passos. Dessa vez não era de um lobo, muito menos de qualquer outro animal. Eram passos acompanhados de vozes. Eram vários homens, que carregavam alguns corpos dentro de sacos, que seria impossível alguém não adivinhar o que tinha ali dentro. Os homens se espantaram ao ver aquele grupo de meninas no meio da floresta. Eles se olharam, e um deles falou:

- viram nossos rostos vamos ter que mata... - antes mesmo que o homem pudesse completar sua frase, o Soldado Invernal estava mais próximo deles e começou a lutar com eles e derrubá-los.

Eram em torno de 20 homens. Eles derrubaram os corpos que carregavam no chão para dar conta do Soldado. Alguns deles começaram a atirar nas garotas que correram para trás das árvores. O Soldado Invernal voltou sua atenção para os atiradores e os fez parar os tiros, dando a oportunidade para Natália entrar na briga. Em menos de 10 minutos, 10 dos homens já haviam caído com os golpes de Natália e do Soldado Invernal. E as meninas que estavam recuadas atrás das árvores também entraram na briga e lutaram.

Enfim, a equipe da Sala Vermelha venceu. Mas, Natália continuou esmurrando um dos homens que já estava caído. Parecia que ela queria descontar todo o estresse de toda a sua vida naquela alma perdida. Eram socos sequenciais que fizeram o homem ficar inconsciente, o sangue já havia tomado conta da mão de Natália e a neve que circulava o chão ao redor dela já havia ficado completamente vermelha com o sangue que ela derramava do seu oponente. Enfim, ela parou. Se recompôs, olhou para os demais e continuou a andar. Mas dessa vez, ela que foi na frente, deixando o Soldado Invernal para trás que não parava de olhar para ela. Ele começou a andar e tentar ultrapassa-la, mas ficaram andando juntos um ao lado do outro. Não era isso que ele queria, ele queria ir bem mais na frente que todas elas como estava a fazer todos esses dias, mas Natália estava exausta daquilo tudo e apenas queria chegar o mais rápido possível.

S: porque você tá fazendo isso? - perguntou o Soldado, demonstrando um pouco de sentimento novamente.

N: fazendo o que?

S: deveria estar com as outras.

Natália já havia cansado em tentar entender o Soldado.

N: o que você quer? Quem você é? Porque se importa se estou com elas ou não?

Natália havia se revoltado e não era por menos, ela sempre tentava esconder suas emoções, esse era o lance dela, mas ele fazia isso parecer mais natural. Ele era constantemente, 24 horas por dia sem emoção aparente na face ou na tonalidade da voz.

S: eles mandaram eu atacar vocês no fim da viagem. - revelou.

Natália olhou assustada para ele.

S: você podia ficar com elas pra aumentar a chance de vocês contra mim?!

Rapidamente Natália desviou o olhar para um dos bolsos da jaqueta do Soldado em que um colar ficou levemente caindo para fora. Era um colar com formato de olho. Ele notou o colar caindo e pôs de volta dentro do bolso. Então, ele fez um sinal com a cabeça como que quisesse mandar Natália ir para perto das outras. Natália revidou com um olhar mais ranzinza que conseguia fazer.

N: Ainda faltam uns 3 dias pra chegar lá. Eu só quero andar um pouco sozinha na frente como você estava fazendo. Quero respirar.

O Soldado não disse nada, apenas continuou a andar. Os dois ficaram um pouco distantes, mas não tão distantes como na tundra.

3 dias depois...

Finalmente eles já estavam a algumas horas da Sala Vermelha. Natália já estava andando junto com as outras garotas, ela já esperava o ataque do Soldado Invernal e já havia alertado as outras sobre isso. De longe, os superiores do Departamento X e da Sala Vermelha estavam a espreita esperando a ação começar. O Soldado Invernal tirou uma faca de dentro de suas vestes e começou a correr em direção às garotas.

Continua..

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