[25] Carente.

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Kwon Sook's P.O.V.

Perco o sinal da operadora e fico sem o apoio da internet móvel para conferir o aplicativo de mapas. À essa altura, porém, Jungkook sabe que destino seguir e não me faz perguntas. De tempos em tempos, me lança olhares curiosos, quase cobertos pela franja. Sinto que despertei seu interesse com a proposta de beijá-lo quando quiser. Então, me lembro da noite anterior.

Ele me propôs o mesmo.

"Se nossos pais saírem de casa e quiser repetir o que fizemos agora, de vez em quando, é só me chamar."

Ontem achei que Jungkook zombava de mim. No entanto, reparo em seus olhares enviesados e sorrisinhos. Descubro que, em sua brincadeira, havia verdade. Sinto uma fagulha de vaidade e penso sobre isso enquanto o carro avança pela rodovia aguacenta. Jungkook me deseja? Ele tem mesmo um interesse em mim? Por que me sinto tão bem com isso?

Sua voz penetra minha audição.

— E aí, Monstrinha? Desembucha.

— Você quer mesmo esse acordo.

— Não vou negar, fiquei curioso.

Algo me diz que esse arranjo me trará problemas futuros, mas quero beijá-lo.

— Bem, pra começar, isso não é um namoro. Nem podemos pensar nisso. Teoricamente, em pouco tempo seremos irmãos.

— Não somos irmãos de verdade.

— Que seja. Já que não é um namoro, há coisas que não cabem aqui. Não temos compromissos como fidelidade e não podemos sentir ciúme.

— Então a primeira regra é: Não cobrar fidelidade ou demonstrar ciúme.

— Sim. — Confirmo com um aceno e emendo: — E não tem sexo. — Estreito o olhar para Jungkook, que ri.

— Vamos ver. — A voz grave é um murmúrio quase inaudível, mas eu ouço.

— Quê?

— Nada. — Um sorriso ardiloso estampa seus lábios corados. — Não tem sexo, ciúme, fidelidade. O que mais?

— Não podemos contar pra ninguém. Isso é importante. Pra ninguém, tá? — Fito Jungkook e ele concorda prontamente. — Nem imagino a confusão que ia ser, se nossos pais descobrissem.

— Aigoo, isso é verdade. — Ele arfa. — Não tem sexo, ciúme, fidelidade, é sigiloso e o que mais?

— Não tem muitas regras sobre o que podemos fazer. Se estiver carente, pode me beijar. Tem meu consentimento. Se eu estiver me sentindo carente, posso te beijar? — Ele assente, sem nada dizer. — Acho que poderíamos colocar em papel, pra não ter discussão depois. — Ele ri. — Que foi?

— Isso é um contrato de aluguel do meu corpo, Monstrinha? — Ele fala bem-humorado, e eu empurro seu ombro. — Acho que entendi... Seu objetivo é beijar sem remorso. Não será um problema, não precisamos nos culpar, nem discutir sobre isso.

— É.

— Eu gosto. — Ele confessa e eu não consigo reprimir o sorriso. — Mas, e se de repente um de nós sentir ciúme? Pode acontecer. Você é possessiva, eu sou irresistível. Sabe como é. — Rio com seu sarcasmo. — Aigoo, preciso analisar as opções.

— Por mais absurdas que sejam? — Percebo que, apesar das piadas, ele fala sério. — É simples. Se sentir ciúme o arranjo acaba. O principal desse acordo é que não podemos envolver sentimentos.

Apaixonar-me por Jungkook seria errado. Ele é um conquistador e sei que seu aparente interesse em mim é puramente físico. Ele nunca me corresponderia em uma paixão, e nunca ficaríamos juntos. Ainda haveria outros obstáculos. A cidade pequena nos julgaria por um relacionamento incestuoso, nossos pais nos condenariam.

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