[81] Errado.

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Kwon Sook's P.O.V.

Precisamos conversar sobre... Hm...

— Sobre... O quê? — Tristeza e urgência se misturam e contaminam o timbre cristalino de Jungkook.

Ele está tão frágil.

Isso me parte em milhões de pedaços.

Perco a firmeza.

O chiado dos jatos de água no chão é mais alto que nossas vozes.

E eu até tento responder, mas as palavras se perdem em minha boca. De repente, a coragem que me fez invadir o banho de Jungkook se esvai junto com a água quente que cai do chuveiro, chicoteia seu corpo nu e escorre no ralo sob seus pés. E, à luz branca que clareia o cômodo apertado, me deparo com a verdade. Não sei como dizer que o pai de Jungkook está aqui.

Temo por sua reação, porque o Jeon Jungkook que encontro no banho não poderia ser mais vulnerável. Indefeso, não por causa da nudez de seu corpo, porque essa é sua forma mais bonita, forte e dominadora. Não. É na nudez de sua alma que encontro a fragilidade. Ele não está bem. Dá para ver em seus detalhes. Na postura abatida, na ponta avermelhada do nariz, nos olhos inchados e no rosto pálido.

Jungkook sofreu o suficiente hoje, e não é justo maltratá-lo ainda mais. Não posso esconder a notícia da presença de Qing Ji Sung em Juggi, mas também não tenho o direito de enfraquecê-lo mais com isso. Não agora, no momento em que ele chora pelo que eu acho que é exaustão com tudo o que aconteceu nesse sábado maldito. Eu só quero amenizar sua dor, para que ela não seja tão difícil de carregar.

Não sei bem o que fazer, mas escolho acalmá-lo primeiro.

— Precisamos conversar s-sobre... — Gaguejo.

— Aconteceu alguma coisa? — Seu corpo se enrijece.

Em vez de acalmá-lo, o deixo mais ansioso.

— Ahm...

— O que você tem? — Sua voz é rígida, nasal e abafada pelo chiado da água do chuveiro no chão alagado.

— Nada, eu só... É... Meu ombro está dolorido.

Jungkook franze o cenho.

— Desculpa... — Lembro-me de que ele se culpa por ter me machucado com a Marca. — Se quiser, posso dar uma olhada.

— Não, não. Está tudo bem. — Sorrio, ansiosa. — Não é por causa da Marca, é da ferida que aquela bruxa velha fez.

— Foi em cima da Marca, né? — Jungkook passa as mãos pelos cabelos e deixa a água cair pelo corpo. — Mas, olha. Essa ferida não anula a Marca, tá? — Ele avisa e eu concordo com um aceno.

— É, eu imaginei que não fosse fazer diferença.

E nós nos calamos. Trocamos um olhar e Jungkook suspira.

Cansado.

Ele está visivelmente desestabilizado e, diante disso, não sei o que fazer. Paraliso. Estou imobilizada pela dúvida de como me comportar diante de uma situação dessas, porque meu namorado não costuma demonstrar fraquezas. Jungkook sempre se esconde atrás de um senso de humor ácido e de um sarcasmo meio moleque, mas eu o conheço por dentro.

Jungkook não é apenas leal, protetor e fiel. Por trás dessa casca, ele é sensível e demonstra isso em alguns momentos. Como agora, diante de mim, parado debaixo do chuveiro. Os jatos de água rolam por seus músculos contraídos e pelo rosto suscetível. Não quero que ele sofra, mas não posso esconder o que está acontecendo lá fora. Eu só quero fazê-lo parar de chorar antes.

Girl Meets EvilHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin