Domingo à noite aqui em casa sempre bate aquela preguiça. As crianças ficam agoniadas, apavoradas, porque no dia seguinte, tem aula, e a vontade de ficar em casa é nítida. E eu deixo claro que eles precisam estudar, porque o estudo é fundamental.
Kauany não me dá muitos problemas com as notas, mas o Luiz Pedro Fernando Henrique, às vezes, tem que ser chamado a atenção. Como ele "mudou", espero que, nos estudos, mude também.
— Mãe, a Martinha me convidou para ir na casa dela — disse Kauany.
— E você não vai — falei.
Estávamos na sala, assistindo televisão (tentando, pelo menos).
— Eu já confirmei com ela — soltou minha filha.
— É só cancelar! — retruquei. — Manda uma mensagem para ela e diz que você não vai. Hoje é domingo, e amanhã, vocês todos têm aula cedo, inclusive essa tal de Martinha aí.
— Mas eu vou dormir lá! — persistiu Kauany.
— NÃO! — gritei, exclamei e me irritei.
— Calma, querida — disse Ricardo.
"Estou calma", pensei.
— Obrigada, pai — agradeceu ela, com um meio sorriso estampado.
— De nada. — Ele assentiu com a cabeça. — Só que é melhor você ficar em casa.
Kauany bufou, ficou irritada, esbanjou raiva através da sua respiração ofegante, e correu para o quarto.
Da sala, pudemos ouvir a porta se fechando com força.
Ela realmente ficou enfurecida.
Poxa! Eles nunca entendem.
No dia seguinte, ela tem aula, e os amigos também. Acho que eles vão passar a noite acordados, fazendo bagunça, e sem dúvidas, estarão cansados pela manhã.
O problema é que essas crianças não entendem. Mas um dia, eles vão me agradecer, pode ter certeza disso.
Um pouco mais tarde, perdi a vontade de assistir televisão, fui até o quarto de Luiz Pedro Fernando Henrique e perguntei:
— Cadê a sua irmã?
Ele estava deitado, com o celular em mãos, muito entretido, por sinal. Não sei como eles conseguem ficar tão iludidos com um aparelho eletrônico.
Com a minha aparição, ele se desligou completamente do mundo virtual e apresentou uma expressão de espanto.
— Está dormindo e pediu para ninguém entrar no quarto dela — disse Luiz Pedro Fernando Henrique.
Acabei entendendo tudo que estava acontecendo no mesmo instante.
Fui direto para o quarto de Kauany, sem retrucar.
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Confissões de uma família (quase) perfeita!
HumorA vida é realmente cheia de altos e baixos, tipo uma caixinha de surpresa. Nesta história, uma família passa por situações que acabam levando a muitas reflexões. O filho tem que lidar com as paranoias dos pais e encontrar maneiras de sair das enrasc...