A vida é realmente cheia de altos e baixos, tipo uma caixinha de surpresa. Nesta história, uma família passa por situações que acabam levando a muitas reflexões.
O filho tem que lidar com as paranoias dos pais e encontrar maneiras de sair das enrasc...
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A noite passou voando. A manhã seguinte foi agitada e tive que manter a casa em ordem, outra vez.
Já estou acostumada com essa rotina, e até que eu gosto.
À tarde, decidi descansar um pouco no sofá da sala, sem ninguém para interromper meu momento de silêncio. As crianças ainda estavam na escola e Ricardo no trabalho, portanto dava para dar, pelo menos, uma cochilada.
Deitei no sofá com tudo... E alguém bateu à porta.
"Que ódio", pensei.
Abri a porta e fui surpreendida por Laura, minha irmã.
— Oi, Débora — disse ela, com um sorriso de orelha a orelha.
— O que você quer? — perguntei, de cara.
— Credo! — exclamou Laura. — Não vai me convidar para entrar, não?
Revirei os olhos, me afastei da porta, para que ela entrasse, e tive que disfarçar a raiva por sua visita.
Nos sentamos no sofá da sala.
— Quer beber uma água, um café ou suco? — ofereci.
— Não, nem precisa se incomodar comigo, obrigada — negou Laura. — Na verdade, eu estava passando aqui perto e decidi fazer uma visitinha.
— As crianças estão na escola, Ricardo está trabalhando e eu ia dormir, só que você chegou — soltei.
— Eu não sabia. — Ela começou a rir. — Você não muda nada, né?
— Não!
Minha irmã é a mais querida da família. Fiquei com a personalidade forte, infelizmente. Não consigo me controlar e até a coitada tem que ficar ouvindo minhas revoltas.
Reconheço que sou meio grosseira com a forma de falar, mas é que eu não consigo manter uma postura na frente de cada pessoa, e é complicado.
— Eu vou fazer um jantar hoje à noite para comemorar o aniversário do Hugo, e quero que você vá lá — convidou Laura. — Acho melhor eu ir.
— Pode ficar — falei.
— Na verdade, só aproveitei que estava aqui perto e já dei uma passadinha para convidar vocês.
— Se não estivesse passando por perto, não ia convidar?
Minha irmã começou a rir.
— Eu ia ligar — justificou ela.
Cruzei os braços e fiquei desconfiada.
— Sei.
— Mas eu vou embora.
— Agora que você veio, fica.
— Tem certeza? — questionou Laura. — Você não ia descansar?
