1. Past

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Eu gostava de viver em Kingston, uma cidade situada a noventa e um quilômetros de distância de Nova York. Não é uma cidade pequena, mas sem dúvida também não é grande. Eu tinha a minha pequena casa perto da floresta e como eu sempre adorei animais eu divertia-me bastante lá, mesmo que os meus pais estivessem contra eu ir, sempre dizendo que era muito perigoso. Na altura eu não compreendia porque é que ir para a floresta era perigoso, os meus pais sempre pensaram que eu era demasiado nova para saber.

Eu não queria saber se eles eram contra eu ir, eu arranjava sempre uma maneira. Primeiro, os meus pais disseram que eu só podia ir até um certo ponto, mas quando eles viram que não havia nada de ameaçador lá, eles começaram a ficar mais relaxados com as minhas idas e eu então, podia explorar mais.

Um dia, eu explorei demais e caí inúmeras vezes nessa caminhada porque eu não sabia os caminhos. Eu estava a começar a chorar e não sabia o que fazer.

"Eu estou a começar a ficar assustada, a mamã e o papá vão ficar preocupados porque eu estou magoada, bem, são só uns arranhões aqui e ali, mas eu sei que eles v-, de repente eu estou a cair e a rebolar e não consigo parar, eu sinto uma dor terrível na minha mão e no meu tornozelo e perna.

Finalmente, eu consigo parar e eu rapidamente pego na minha mão, porque está a magoar bastante. Mas, eu não percebo como é que eu parei, eu estou no meio desta... Eu nem sei o que isto é ou como chamar-lhe! Eu não sabia que a floresta continha isto; eu devia ter ouvido a Mamã e o Papá.

Eu começo a chorar e a soluçar ruidosamente, eu estou cheia de dores. Eu quero a Mamã e o Papá, eu olho para a frente imaginando que os meus pais vão aparecer, só porque eu desejo que sim, mas o que eu vejo não é de certeza a Mamã e o Papá, mas sim um grande, grande, grande lobinho. Parece uma torre! Ele é mais alto que eu e a Mamã diz que eu sou muito grande para os meus sete anos! Mas eu não me posso distrair. Eu tenho um lobinho enorme à minha frente! Talvez ele queira brincar, mas como é que ele vai perceber que eu não posso brincar porque tenho dores? Agora que eu penso nisso, está a começar a doer mais.

"O-Olá?" Eu digo baixinho com lágrimas a escorrerem me dos olhos, eu não sei porquê mas a presença do lobinho está a fazer me sentir mais relaxada e... Segura.

Eu tento levantar-me, mas eu não consigo. Dói demasiado. Eu não sei o que é que eu vou fazer. Eu sinto um peso na minha barriga e vejo que é a pata do Lobinho, é enorme, cobre quase toda a minha barriga! É como se o lobinho estivesse a dizer para eu não me levantar. Eu olho para ele com lágrimas nos olhos.

Eu meto a minha mão com o dói-dói em cima da pata do lobinho e eu sinto um arrepio percorrer a minha espinha. Eu olho com olhos arregalados para a minha mão e a pata do lobinho que se afastou um pouco, e vejo que tenho uma marca, tipo um 'H', devo ter caído numa rocha e agora tenho isto! Está a pingar sangue. Eu começo a chorar mais e o lobinho não parece feliz acerca disso, mas como? Ele baixa a sua grande cabeça até à minha mão com o dói-dói e ele lambe a marca que parece um 'H', eu devo ter caído numa rocha muito estranha! Ele é meu amigo agora! Se ele beija a minha mão é porque gosta de mim. Eu gosto quando as pessoas ou os lobinhos gostam de mim. O pensamento de outras pessoas faz a cara da Mamã e o Papá aparecer na minha mente.

"Mamã?" Eu tento chamar por ela, mas não há resposta. "Papá?" Eu tento outra vez, mas nada.

Eu lembro-me da presença do lobinho e olho para ele e ele está a olhar atentamente para mim.

"L-lobinho?" Ele rosna em resposta. Porque é que ele está a rosnar? Eu pensava que éramos amigos.

"Estás zangado comigo? Desculpa, lobinho." Ele rosna outra vez, mas não é tão ruidoso, pelo contrário até.

EmpireWhere stories live. Discover now