Humanos cruéis!

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Corri até o banheiro me deparando com Yuki. Ele ainda estava de baixo do chuveiro e me encarava surpreso. O tempo pareceu parar por uma fração de segundos quando vi seu corpo nu molhado, que havia várias marcas vermelhas e roxas deixada por mim.

O mesmo garoto que tinha me tirado da realidade, me trouxe de volta para ela, perguntando:

- James, o que foi?

Fiz sinal de silêncio com as mãos e ele ficou quieto.

- Querido, acho que nossos filhos não estão em casa.

Desliguei o chuveiro antes que eles pudessem perceber o som da água caindo.

- Se meu pai souber que você está aqui, estamos ferrados!

Joguei a toalha para ele que começou a se secar rapidamente.

- E minhas roupas?

- Estavam sujas, coloquei para lavar.

- E o que diabos eu irei usar?

- Eu já volto, não saia daí!

Sai do banheiro e fiz questão de trancar a porta por segurança. Corri até meu quarto e peguei a primeira roupa que vi no guarda-roupa. Já estava a sair do quarto quando me deparei com meus pais que me fixavam com os olhos.

- O-Oi!

Minha mãe sorriu e meu pai continuou sério. Ele ainda me ignorava, e sei que seria assim até que não desse um fim no meu relacionamento com Yuki.

- Pensamos que não havia ninguém em casa. Onde está sua irmã?

- Saiu.

Meu pai deu meia volta.

- Eu vou usar o banheiro.

- Não!

Eles olharam torto para mim.

- A Manu! Ela está tomando banho.

Ele se entreolharam e minha mãe disse com voz confusa:

- Mas querido, você disse que ela tinha saído.

- E-Eu não disse isso! Disse que ela estava se preparando para sair.

Eles não se importaram muito e minha mãe pediu ajuda para meu pai na cozinha e eles desceram para lá. Suspirei aliviado e corri para o banheiro.

- Toma!

Ele pegou as roupas e vestiu. Uma blusa larga branca e uma calça moletom igual a que eu usava, apenas a cor era diferente. Ficaram largas, é claro. Admito, ele estava muito fofo usando minhas roupas. Minha vontade era de voltar para cama com ele e fazer amor de novo.

- E agora? - perguntou enquanto me encarava com seus olhos azuis.

- Eu vou te levar voando para casa.

- Mas nunca passaremos pela janela do banheiro. É pequena de mais.

Ele tinha razão, nem mesmo se eu me transformasse em um morcego passaria por ali.
Destranquei a porta e o corredor se encontrava livre. Peguei firme na mão de Yuki e saímos correndo. Não tivemos sorte, porque quando estávamos perto do quarto, fomos impedidos de entrar pelo meu pai que apareceu do nada como se fosse um fantasma em um filme de terror.

- Pai- engoli em seco - eu pensei que estava ajudando a mamãe com o jantar.

Ele não se deu ao trabalho de responder, já que seu foco agora era exatamente Yuki.

- Esse é seu namorado, não é?

Yuki ficou bastante assustado, por isso correu para trás de mim pedindo total segurança minha.

- Sim - sussurrei - é o meu namorado.

Meu pai sempre foi calmo, mas nunca o vi tão irritado como vira hoje.

- O que faz aqui?

- Pai, nem comece!

Ele me ignorou e apenas começou a gritar, gritar e surtar.

- Veio nós matar?!

Yuki não respondeu, estava imóvel.

- Como pode se aproveitar do amor do meu filho para matar todos nós?!

Senti Yuki tremer atrás de mim, e me lembrei que ele era como um gatinho ou coelhinho assustado e inofensivo.

- VOCÊS HUMANOS, SÃO CRUÉIS!

Meu pai se aproximou, e quando percebi que tentava fazer algo com Yuki o empurrei.

- FICA LONGE DELE!

Enquanto meu pai se levantava com fogos ardendo nos olhos, peguei Yuki no colo e sai voando até conseguir chegar a janela do meu quarto, onde saímos voando em total segurança.

Ficamos em silêncio pelo percurso todo, até chegamos na casa de Yuki e eu o deixar na varanda de sua casa.

Eu o observei com os olhos por alguns segundos e depois pensei em ir embora, mas ele segurou em minha mão enquanto o resto do meu corpo flutuava pelo céu. Como se eu fosse um balão e ele segurasse minhas cordas para não deixar que eu saísse voando por aí sozinho no céu.

- Fica comigo - disse manhoso.

Voltei para a varanda.

- Meu corpo dói.

- Pensei que não iria reclamar.

Ele sorriu radiante.

- Fica comigo, vai!

Cocei o cabelo.

- Eu acho que se eu não voltar agora, estarei ferrado!

Ele colocou uma expressão em seu rosto como se fosse um cachorrinho abandonado na rua em uma noite fria e chuvosa. Um cachorrinho que queria atenção, carinho e amor.

- Não faz essa carinha - murmurei.

- Faço! - retrucou - fica, por favor.

Ele me abraçou como se fosse me perde pra sempre. Mais um golpe baixo.

- Droga - resmunguei - como dizer não?

Ele sorri. Um sorriso radiante. Sorriso que combinava com uma bela manhã ensolarada. Como o sol, e o céu limpo e azul como os seus olhos.

Eu sei o quão ferrado estarei ao chegar em casa. Mas isso não era o que me importava agora.

Os pais de Yuki sempre voltavam tarde de mais do trabalho, e sua chata irmã havia saído com os amigos, certamente voltaria entre 00:00 às 01:00. Mesmo sabendo que tem aula cedo no dia seguinte.

Entrei para dentro com ele. Descemos as escadas até a sala e decidimos colocar um bom filme. Vampiros entre humanos. Será sempre nosso filme favorito.

Vampiros entre humanos (yaoi) Where stories live. Discover now