Reviver

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Era um alívio para Gerard finalmente ter um dia totalmente livre, sem trabalhos e compromissos da faculdade, com nenhum encontro com a família marcado. Ele tinha a liberdade para escolher o que fazer, e o que queria estava muito claro em sua mente. Way foi até o telefone da sala do apartamento e discou o número da casa de Frank.

- Alô? - Felizmente, foi garoto quem atendeu de primeira.

- Frank, sou eu. - Gerard falou.

- Oi, Gee. Eu estava pensando em te ligar hoje mais tarde. Fico feliz que você ligou.

- Promessa é dívida. - ele riu, do outro lado da linha.

- Com certeza é. Então, como foi o jantar com seus pais?

- Ah, foi... - Way não sabia como definir. Ele não esperava que Frank tivesse tocado naquele assunto. - Eu tive um bom tempo com eles. Mas serviu para eu ter mais certeza da maneira que minha família se sente sobre certas coisas.

- Acho que sei do que você está falando... - o tom da voz de Frank se tornou um pouco melancólico. - Não pense muito nisso. Quer saber de algo? Vou te levar para sair. O que você tem para fazer hoje?

- Literalmente nada.

- Perfeito. Daqui a meia hora estou no seu apartamento.

- Espere, Frank, aonde você vai me levar? - Gerard riu.

- Para experimentar umas drogas novas. Afinal, você gostou tanto daquela vez. - Frank brincou. - Na verdade, eu não posso te falar, se não estraga a surpresa. Mas a parte das drogas não é uma má ideia. Quem sabe numa próxima vez. Enfim, não quero mais perder tempo antes de ir até aí. Eu te conto os detalhes pessoalmente.

- Estou te esperando. Até daqui a pouco.

- Até. - Frank desligou a ligação.

•••

- Então, agora você vai me dizer o que planejou para hoje? - Gerard perguntou, quando desceu do apartamento, assim que Frank havia chegado.

Os dois estavam na calçada e a rua estava movimentada, os carros passavam e muitas pessoas caminhavam pela região. O mais velho havia posto apenas um cachecol e estava com os cabelos negros bagunçados, o que Frank não disse, mas achava extremamente atraente. Iero usava uma boina, do mesmo estilo que Gerard já tinha o visto usando outras vezes, mas dessa vez era da cor vermelho vivo. Os lábios de Iero estavam naturalmente próximos mesma cor naquele dia, e é claro que o mais velho notou isso.

- Não, você vai saber. Até lá, quero manter o efeito surpresa. - Frank riu.

- Isso não é justo! - Gerard reclamou. - Mas vou te dar essa vantagem, por agora.

- Certo, Gee. Eu acho que você vai adorar o que eu planejei, isso que importa. Se você não adorar... Bom, eu sinceramente não sei o que vou fazer, porque estava animado demais para essa ideia. - ele fingiu estar triste, fazendo Gerard sorrir pela péssima atuação de choro de Frank.

Ambos os garotos começaram a caminhar, sempre próximos um do lado do outro, precisando às vezes desviar dos cidadãos apressados que andavam pelas calçadas e que provavelmente passariam por cima de quem estivesse na frente se tivessem essa escolha. Não demorou muito para que estivessem em frente a um pequeno bar, e Iero se apressou para entrar.

- Duas cervejas, por favor. - pediu ao bartender, sentando-se nos bancos altos em frente ao balcão. Gerard o acompanhou e deu um gole na cerveja assim que as duas garrafas chegaram.

- Então, essa era a sua brilhante e criativa ideia de encontro? - perguntou Way, só percebendo o quão desapontado soou depois que já havia dito.

- O que? Nããão. Isso é apenas um aquecimento. É bom que você esteja um pouco bêbado antes de chegar no lugar que eu quero te levar. Mas agora eu percebi que poderia ter pego a cerveja no bar do meu tio. Sempre bom apoiar um negócio da família, não é? Por mais que eu não pague um centavo naquele lugar. - Frank fez sinal para Gerard com a garrafa e deu uma piscadinha, fazendo-o rir.

- É um enigma decifrar o que está passando na sua mente, Frank.

- Eu sei. Por isso eu sou tão divertido. Isso você não pode negar. - ele piscou novamente e fez Gerard rir ainda mais do que antes.

Quando os dois terminaram as bebidas, Iero deixou alguns trocados em cima do balcão e os ambos saíram do local.

Algum tempo depois, eles estavam em frente ao que parecia ser um espaço para shows não muito grande. Aquele lugar deveria ter espaço para no máximo trezentas pessoas, estimou o mais velho.

- É sério? - Way riu. - Por que viemos a uma casa de shows em plena luz do dia?

- Pare de se precipitar tanto, Gerard, e me deixe te mostrar! Só porque está de dia não significa que não tenha nada de interessante acontecendo aqui. - Frank o repreendeu.

"No máximo alguns músicos ensaiando", pensou ele.

- Se eu não conhecesse o lugar, não teria te trazido aqui. - continuou o mais novo deles. - Quem faz faculdade de música e tem os contatos para saber disso sou eu, e não você, senhor Way. E, o melhor, é totalmente de graça. - ele sorriu, se aproximando para pegar a mão de Gerard. - Venha, vamos entrando.

Assim que Frank abriu a porta que dava para a rua onde estavam, Way percebeu que ele tinha razão. Uma banda pouco conhecida de Paris se apresentava, cantando em inglês com um estilo de rock próprio que Gerard achou muito interessante. Haviam várias mulheres presentes, e a maioria delas estava acompanhada de um ou vários homens com estilos ousados e cortes de cabelo diferenciados. Nenhuma das pessoas parecia muito mais velha que eles e alguns casais dançavam sem largar suas bebidas das mãos. Aquele definitivamente tinha sido um local que Frank conhecia.

- Veja, esse aqui é um lugar cheio de esquisitões, e nenhum deles está sóbrio o bastante para dar a mínima para o que acontece ao redor de si mesmos. Em outras palavras, é um lugar em que eu e você podemos ser nós mesmos sem medo ou preocupação alguma. - o baixinho disse. Gerard deu mais uma olhada geral ao redor, e percebeu que era verdade. Desde que eles haviam entrado, nenhum olhar foi desviado para eles. Era como se ele e Frank estivessem invisíveis, livres em seu próprio mundo, com apenas a música da banda sendo tocada de fundo. - Agora me diga, essa foi ou não foi uma ideia incrível de encontro para nós?

Gerard riu.

- Foi uma ótima ideia, Frank.

- Paris tem alguns lugares intrigantes se você der uma procurada. Além disso, quem não anda meio liberal nos últimos tempos? - ele falou. - E também é por isso que eu posso fazer isso quando estou aqui.

Frank agarrou o rosto de Gerard e o beijou de forma surpresa. Depois de alguns segundos, ele se distanciou. Para Way, ainda era uma realidade totalmente nova poder beijar um garoto que gostava tanto, como Iero, e saber que isso estava tudo bem.

- Você não é o único a tomar a iniciativa. - disse Gerard, beijando o mais novo de volta, e aproveitando a deixa para passar a mão por todo seu cabelo. O garoto correspondeu, e, aos poucos, os dois estavam a cada segundo mais distantes dos outros na plateia, com apenas o som e a música tocada pela banda cada vez mais claros.

Eles estavam sozinhos, ainda que em uma multidão, da mesma maneira que Gee sentiu quando conheceu Frank nas manifestações.

1968; frerardМесто, где живут истории. Откройте их для себя