chapter 4

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Archie podia ter certeza que tinha arrancado um pedaço de sua nuca na unha. Ele geralmente tinha comichão quando não concordava com algo, mas mesmo assim o fazia. A coceira o estava deixando louco. Deus, essa era uma ideia idiota, por que diabos estava concordando com isso?

Era quarta-feira e eles estavam sentados depois da aula na sala da secretaria para perguntar sobre o intercâmbio. Cheryl o havia pressionado para que fosse junto, com o intuito de que ele fosse a pessoa a fim de fazer o intercâmbio e não ela. Ela titubeava os dedos na mesa a espera da funcionaria que os atenderiam, enquanto Archie tentava ao máximo conter a coceira, pois acreditava friamente que seu nervosismo era tanto, que poderia arrancar uma veia importante a qualquer momento com o ato.

- Então... - Disse a mulher se sentando. - Como posso ajudar?

Archie olhou para Cheryl, que percebendo sua hesitação lhe deu uma leve cotovelada o incentivando.

- É... é que eu queria fazer intercâmbio. - Disse ele revendo as falas que eles ensaiaram antes de entrar. - E eu queria saber umas informações.

- Tudo bem. Mas então eu preciso que os pais de vocês venham aqui para conversar com a gente, ai a gente explica direitinho como funciona tudo. - Explicou a mulher.

Archie assentiu veemente, feliz por saber que era uma péssima ideia apoiar a vontade que Cheryl tinha de ir para longe. Sem dúvidas seus pais não apoiariam isso também.

- Então está bem. Vamos, Cheryl. - Disse ele não podendo conter o entusiasmo em sua voz e se levantando.

- Não. Mas, moça... - Disse Cheryl interrompendo. - Só para não perder a viajem, será que você não poderia dizer mais ou menos o que precisa?

- Okay. Você também quer fazer intercâmbio? - Perguntou a mulher.

O rosto de Cheryl se iluminou com a possibilidade.

- É, pode ser. - Disse ela com um sorriso

- Vou buscar uns folhetos, assim vocês vão pesquisando direitinho, e os pais de vocês também já vem bem informados. Só um minuto. - Disse a mulher se levantando e fuçando uma torre de papéis que ficava em cima de um armarinho.

Cheryl alcançou a mão de Archie e a apertou. Archie ficaria mais chateado com a situação se o sorriso de Cheryl não fosse tão belo.

A mulher voltou portando duas pequenas cadernetas coloridas e entregou para Archie.

- Então... A gente volta depois com nossos pais. - Disse Archie se levantando novamente.

- Espera. Só uma última dúvida. - Disse Cheryl o interrompendo de novo. - Você acha que teria problema eu fazer intercâmbio, por ser cega?

A moça avaliou o rosto de Cheryl. A pena flutuou nos seus olhos por uma fração de segundos.

- Olha, eu vou ser bem sincera, eu nunca tive alguém cego fazendo intercâmbio. Mas eu acho que é só uma questão de a gente achar a família preparada para te receber. - Disse a moça, ficando feliz que poucas palavras trouxeram ao rosto de Cheryl um sorriso esperançoso. - Vamos fazer o seguinte. Você me dá seu telefone que eu vou fazer uma pesquisa e entro em contato.

Enquanto a ruiva lhe passava o número e a moça encorajava Cheryl que de fato era possível achar uma família disposta a recebe-la, Archie revirava os olhos descontente com o mínimo fato de que poderia ser tão fácil que Cheryl se afastasse dele.

---x---

Cheryl estava deitada confortavelmente no sofá da sala na casa da velha Mel, havia acabado de se empanturrar com um almoço delicioso. A velha sempre caprichava nas quartas-feiras, porque queria agradar Cheryl. O paladar de Cheryl não era exigente, ela comeria qualquer coisa que tivesse em sua frente se viesse acompanhado de ketchup. Mas a velha adorava mimar todos os seus sentidos restantes. Distribuía afeto para o tato. Colocava música clássica e suave para a audição, sua casa sempre cheirava a flores e moveis rústicos antigos, o que agradava o seu olfato e cozinhava maravilhosamente bem para a apreciação de seu paladar. Cheryl a adorava por isso.

beyond the darkness - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora