chapter 18

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Cheryl foi surpreendida quando o corpo grande de Thomas a comprimiu em um abraço. As mãos pendiam no ar sem saber se deveria retribuir o ato. Toni a havia dito que eles eram bem quietos e não costumavam distribuir afeto. Seus olhos brilharam. Sua mãe tinha feito de sua vida um inferno nos últimos dias, mas ali estava ela, envolta em um abraço com um quase estranho. Um estranho que ao contrário da pessoa que a fez, criou e educou. A aceitava.

- Vamos comer, as pizzas chegaram um pouco antes de vocês. - Disse Thomas depois que soltou Cheryl lançando um olhar orgulhoso para sua filha.

Um sorriso contido ponderou nos lábios de Toni enquanto observava seu pai se dirigir à cozinha. Eles o seguiram e se acomodaram em seus lugares. Toni colocou Cheryl ao seu lado. Pouco foi falado enquanto se serviam e comiam.

- Você sempre foi assim?

O tintilar de talheres parou quando a voz de Fangs cortou o silêncio na mesa.

Toni levantou os olhos do prato para Cheryl, enquanto Thomas olhava seu filho com repreensão.

Cheryl sorriu na direção da voz.

- Assim como? Ruiva ou cega? - Perguntou ela, a voz alegre informando a todos que não era uma pergunta incomoda.

Fangs sorriu para ela.

- Cega. - Respondeu ele.

Cheryl assentiu.

- Sim, desde que nasci. - Respondeu ela, voltando a comer.

Os outros a acompanharam.

- E tudo bem? - Perguntou Fangs novamente se referindo a deficiência.

Cheryl engoliu e deu de ombros.

- Nem sempre. Às vezes eu fico com um pouco de raiva do mundo, sabe? Mas todo mundo fica, por um motivo ou por outro. - Respondeu ela.

Fangs assentiu em entendimento e voltou a comer, Toni acariciou a coxa de Cheryl por baixo da mesa, apenas em apoio.

- Eu não sei o que eu faria se fosse cego. - Comentou Fangs baixinho.

Cheryl levantou os olhos do prato e sorriu largamente para o rapaz.

- Se acostumaria. - Replicou ela.

- Seus pais já procuraram cura? - Perguntou Thomas sem jeito.

Cheryl assentiu para ele.

- Quando eu era criança eles acreditavam que durante meu desenvolvimento poderiam achar uma cura, como se não fosse algo permanente. - Começou Cheryl depois de terminar sua refeição. - Eu estava cansada de ouvir que era impossível. Quando cheguei à certa idade pedi para que eles parassem, minha mãe insistia em continuar pagando médicos para dizerem o óbvio: que eu era cega, e nunca veria.

- Eu sinto muito. - Disse Thomas.

- Não sinta. Se eu não fosse cega eu não estaria alheia ao mundo em uma manhã qualquer, então Toni não falaria comigo e eu não estaria aqui. - Disse Cheryl dando de ombros. - E ser cega não é de todo ruim.

- Como assim? - Perguntou Fangs.

Cheryl bebericou seu refrigerante.

- Você ganha muitos favores. - Respondeu sorridente.

Thomas empurrou seu prato e se recostou na cadeira.

beyond the darkness - choniOnde histórias criam vida. Descubra agora