Essa

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Plantinha pendente
Escolhida, tenra,
Com carinho plantei.
Um vaso preparei.
Misturei substrato,
Alma e carinho,
Tudo bem feito.
Fiz com tato
E um tanto de abstrato,
Que de nós se esvai
Como beijo de amor.
Brota com força
E vejo na sua natureza
O desenho pendente
Que caía viçoso e belo
E que, ao toque,
Exalava perfume
Que dormitava aqui
Estivesse eu,
Fosse onde fosse.
Aquele aroma
Estava presente,
Preso em mi.
Que só aguei.

Seu nome,
Por incrível que pareça,
Não sei, não me lembro,
Mas o que sei é que
Desce forte e como desce!
Feliz e majestosa,
Como chuva que
Vem de cima.
Talvez diga de si para si:
Sou diferente, dos meus entes.

Certo dia,
Por mudança de lugar,
Mais ou menos sombra ou luz,
Sua beleza esmerada,
Planta verde, bem esverdeada,
Se ressentiu.
Não acredito em bruxas,
Mas sei que existem;

Será que alguém a olhou
E secou sua delicadeza?
E ela, num desconforto,
Relaxou seu vigor?
Continuo aguando e rezando
É tanta a fé, que sei
Verdejará seu verde.

Mas que desleixo o meu!
Nem batizada foi.
Pagã, jamais!
Vou chama-lá de Glacê.
Sim, Glacê.
E sabem o porquê?

Esse nome dobra
Nos meus ouvidos,
Como pingos de som
Vindos de um piano,
Que me trás dissonância,
Navega do denso ao sútil,
Me faz perceber beleza
Com dose de
Emoção e expressão.

Oh, como viajei!
Me desculpem,
Mas sou meio assim,
Tenho dessas coisas.
Enfim,  fazer o que?
Mas será Glacê.

Sol nem pensar,
Pode até se desfazer.
Água, se fria, sim,
Melhor ainda.
Pois só se reanimará.
Ah, essa Mon Glacê....
Que mal me deixa falar.
Mas, só sei que
Verdejará.

HummmmmWhere stories live. Discover now