Ávida por vida

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Eram dois porquinhos
De andar desajeitado
Que caminhavam
Num passo a passo
Cada um lado a lado,
Num ritmo de caminhada.
Em um repente, cruzaram-lhe a frente
Uma galinácea branca,
Com as penas despetaladas,
Toda exaltada e muito ousada.
Um ser de tamanho minúsculo,
Com menos de palmo de altura e,
Menos ainda, juízo saudável,
Sua aparência era de bicho grilo.
Corria toda espevitada,
Intrépida como uma alucinada.
Os porquinhos, com seus rabicós
Sustentados nos respectivos traseiros,
Resolveram cortar o barato
Da galinha empolgada.
Na sua fuga inovadora,
Deixará o cercado, onde o mandante
Exigia vestuário nobre
Coberto apenas de penas.
Na sua avidez irresponsável,
Deixara para trás três amigas,
Todas da mesma espécie,
Branquinhas e meio despenadas,
E avançara para onde não devia.
Os porquinhos com seus focinhos
A forçaram a voltar para a área,
Toda preparada e planejada,
Para os de penacho.
Isso feito, continuaram eles,
Passo a passo,
A caminhada bem ritmada.
Na próxima volta,
Ao retornarem ao ponto da fuga,
Descobriram que o serzinho,
Com sua teimosia nativa,
Fugira novamente.
Enquanto isso, de dentro do cercado, suas amigas faziam alvoroço,
Como se dissessem:
"Volta, sua louca, desvairada"!
Mas a ela pouco se lhe dava
As súplicas das chamadas.
Enfim, os porquinhos
Botaram ordem no galinheiro
E a colocaram no poleiro,
Mas duvidavam se lá ela ficaria.
Disseram que a bicudinha
Era marrenta, de espécie rara e cara,
Com comportamento destemido.
E alegaram que, até então, ela
Desconhecia que seu exagero
Poderia encerrar suas aventuras
Nos descobrimentos,
Atrelados aos seus valores
De galinácea rebelde,
Ávida por conhecimento.

HummmmmWhere stories live. Discover now